Por Robson Sales
O ex-ministro
do Supremo Tribunal Federal (STF) Sydney Sanches não tem dúvidas: o processo
mais difícil que enfrentou nos 19 anos em que esteve na Corte foi o impeachment
do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1992. Na ocasião, Sanches era o
presidente do STF e analisou o processo que terminou com a saída de Collor.
Quase 23 anos depois, o ex-magistrado foi procurado por advogados ligados ao
PSDB para elaborar um parecer que embasasse o impeachment da presidente Dilma
Rousseff (PT).
RIO - Sydney
Sanches recusou o convite e classificou como "irresponsabilidade"
defender a saída da petista do governo. "Não existe ainda nenhuma
imputação, de caso concreto, que caracterize crime de responsabilidade por
parte da presidenta", disse. "Se eu desse uma opinião poderia parecer
que estava insuflando o impeachment, se eu desse opinião contrária diriam que
estava querendo defender a presidenta", completou.
Para o
jurista, "o julgamento [do impeachment] é político, feito por políticos,
homens necessariamente ligados a partidos e que votam sem necessidade de
fundamentar seus votos, ao contrário do que acontece no Judiciário".
Sanches, no entanto, acredita que não há clima para forçar a saída da
presidente Dilma. Na avaliação dele, o confisco da poupança jogou a opinião
pública contra Collor e serviu como o estopim para iniciar o processo.
"Estão
acontecendo manifestações, mas impeachment é muito mais", comparou quando
os caras pintadas foram às ruas de preto pedindo a saída de Collor.
"Aponte fatos concretos, de que ela tenha participado ou seja responsável
ainda que por negligência. Não vi nada de concreto, pode ser até que haja, mas
delas ainda não tomei conhecimento", afirmou Sydney Sanches.
Apesar da
movimentação de políticos tucanos que tentam achar alguma brecha para pedir o
impeachment de Dilma, o ex-presidente do STF não acredita que o processo irá
gerar instabilidade política no país: "Eu não acredito que tão cedo a
nossa democracia vai ser sacrificada. Mas tudo pode acontecer, como aconteceu
em 1964. Agora eu acho que o clima é parecido [ao de 1992], mas não é o
mesmo".
O ex-ministro
do STF, nomeado em 1984 durante o mandato do militar João Figueiredo, foi
homenageado hoje pela faculdade de direito da Fundação Getulio Vargas (FGV), no
Rio. A escola lançou um projeto de memórias, que vai contar através de
depoimentos de magistrados que integram ou já passaram pelo Supremo, a história
da mais alta corte brasileira desde a Constituição de 1988. Além das histórias
contadas por Sydney Sanches, foram lançados outros quatro livros de entrevistas
com os ex-ministros Rafael Mayer, Aldir Passarinho, Sepúlveda Pertence e Cezar
Peluso, que também participou do evento de lançamento. Pelo menos outros 15
livros serão lançados, entre eles com depoimentos de Joaquim Barbosa.
Peluso,
inclusive, também descarta qualquer abertura jurídica para o impeachment de
Dilma. Para o ex-ministro do STF, que deixou a Corte em 2012, "a situação
era diferente [da saída de Collor], as circunstâncias histórica e política eram
diferentes. Não vejo nenhuma afinidade de situação". "Aliás, esse
movimento de impeachment já perdeu força. Não tem fundamento e por isso foi se
diluindo naturalmente", completou Peluso.
Creditos da imagem - www.conjunturaonline.com.br
Via Valor Economico
o Aecio deve ter escutado o ex ministro
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