Por
Mário Augusto Jakobskind
O
Secretário de Estado norte-americano John Kerry acredita que o continente
latino-americano ainda vive em tempo passado quando sucessivos governos
estadunidenses decretavam a derrubada de presidentes constitucionais e apoiavam
ditaduras, como aconteceu no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia e assim
sucessivamente.
Defasado
no tempo e no espaço, Kerry disse, em depoimento no Comitê de Assuntos
Exteriores da Câmara de Representantes, que a Améria Latina é “nosso pátio
traseiro e temos de que nos aproximar de forma vigorosa”. Ele exortou o governo
de Barack Obama a fazer um esforço especial com os países latino-americanos.
Kerry
simplesmente ignora que hoje os tempos são outros e no continente
latino-aemericano existem governos independentes que zelam por sua soberania,
não aceitando injunções como as defendidas pelo Secretário de Estado
norte-americano.
Kerry
fez o jogo do oposicionista venezuelano Henrique Capriles ao afirmar que o
governo Obama não reconheceria o triunfo de Nicolás Maduro. Na prática apoiou
um golpe contra a ordem constitucional sob o pretexto de denúncias sobre
suposta fraude no pleito presidencial do último dia 14 de abril .
Observadores
internacionais, inclusive do Centro Jimmy Carter, negaram as denúncias. A
UNASUR (União das Nações Sul Americanas), reunida extraordinariamente para
analisar os acontecimentos na Venezuela, e a Celac (Comunidade de Estados
Latino-americanos e do Caribe) exortaram a oposição a respeitar a legalidade e
assim sucessivamente.
Mesmo
com o apoio de Kerry, o candidato derrotado Henrique Capriles acabou baixando a
crista golpista diante das manifestações da Unasur e Celac. Capriles foi o
responsável pela violência que resultou em oito mortes e centenas de feridos.
Como
prova de que o Estado venezuelano quer acabar de uma vez por todas com as
acusações sem provas apresentadas por Capriles, ficou decidido que o Conselho
Nacional Eleitoral vai auditar, em um prazo de 30 dias, todos os votos (já
tinham sido 46%).
De
qualquer forma, tanto a Unasur como a Celac e os governos latino-americanos de
um modo geral não podem baixar a guarda, porque os golpistas de todas as
matizes são capazes de continuar em suas investidas. O alvo principal
continuará sendo a Revolução Bolivariana.
Os
colunistas de sempre apresentam a Venezuela em total descalabro econômico, como
se o país estivesse beirando o caos. Esta gente entende que o “bom” em economia
é a execução do projeto neoliberal com o enfraquecimento do Estado. E no caso
da Venezuela, a “normalidade” acontece quando a burguesia venezuelana nos fins
de semana se diverte e faz compras de toda espécie em Miami. E quando o
dinheiro do petróleo, antes da acensão de Chávez, ia para as mãos de poucos
milionários e corruptos.
Maduro
é o presidente que governará a Venezuela até 2019. Ao tomar posse se disse
disposto a conversar com todo mundo, até mesmo com o “novo Carmona”, em alusão
ao empresário golpista de 2002 e ao atual Henrique Capriles.
Maduro
terá dificuldades a enfrentar, sem dúvida, como Hugo Chávez, porque a Revolução
Bolivariana contraria interesses de segmentos que aproveitavam as benesses do
Estado em detrimento da maioria da população. Como isso acabou e a maioria da
população não quer a volta desses tempos, os golpistas da Venezuela tentam de
tudo, mas quando se apresentam na disputa eleitoral não têm coragem de dizer o
que fariam se eleitos. Usam até uma linguagem reformista, como fez Capriles,
para iludir eventuais incautos. Se falasse mesmo a verdade, seria repudiado avassaladoramente.
Panorama
francês – A badalada diretora do FMI (Fundo Montetário Internacional),
Christine Lagarde, terá de comparecer a um tribunal de justiça francês, no
próximo dia 23 de maio, para responder a denúncia de corrupção quando ocupava o
cargo de Ministra da Economia e Finanças.
A
Justiça francesa quer esclarecer a dúvida segundo a qual Lagarde teria
favorecido com o pagamento ilegal de uma indenização milionaria a Bernard
Tapie, o empresario multimilionário aliado do ex-presidente Nicolás Sarkozy.
Tapie foi então indenizado pelo Estado francês com a quantia de 403 milhões de
euros. A Justiça quer saber se houve alguma odem de Sarkozy, cumprida por
Lagarde, determinando o pagamento.
Por
falar em Sarkozy, a Procuradoria de Paris abriu uma investigação judicial para
determinar se o ex-presidente, de 2007 a 2012, Nicolás Sarkozy, recebeu
dinheiro do ex-governante líbio Muamar Khadafi na campanha que acabou elegendo
o dirigente conservador francês.
Sarkozy
nega a acusação. Há também a denúncia segundo a qual Khadafi teria sido
assassinado pelo serviço secreto francês por ordem de Sarkozy. O então
dirigente líbio estava preso e seria conduzido para um local onde ficaria sob
custódia e poderia depor. Antes disso, Khadafi acabou linchado e teria recebido
um tiro de misericórdia de um agente francês, para evitar que eventualmente
confirmasse o apoio financeiro na campanha de Sarkozy. Este, claro, sempre
negou o fato.
Via
Direto da Redação
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi