Vereador
eleito em Blumenau, Santa Catarina, nas últimas eleições, o advogado Cezar Cim
(PP) resolveu servir de exemplo ao projeto que defende, e doou seu salário
a entidades filantrópicas. Ele pretende continuar com a prática por tempo
indeterminado.
Procurador
da Justiça aposentado, Cim tem como fonte de renda um escritório de advocacia,
e as aulas de direito do consumidor e processo penal que leciona na Furb,
além da aposentadoria. O vereador defende que a atuação política deve ser
voluntária e, por isso, não remunerada.
Ninguém
é obrigado a se candidatar a um cargo político, você é candidato porque quer.
Acredito que esse trabalho tenha que ser voluntário”, defende ele, que teve o
voluntariado como uma das plataformas que o elegeu pela primeira vez vereador
em 2012, com 2.736 votos.
Em
janeiro, todo o salário – no valor líquido de R$ 6.180,00 – foi dividido entre
sete instituições filantrópicas e ao partido a que está filiado. A ideia é que
a cada mês novas entidades sejam ajudadas. “Quero ampliar a lista de
instituições, mesmo que com valores menores. Temos que buscar as mais
humildes, as do morro, para as quais qualquer R$ 200 fazem diferença”, afirma.
“Não quero elitizar as doações, dando dinheiro às entidades maiores, que já são
conhecidas. Quero ajudar aquelas de quem ninguém se lembra”.
Após
a primeira doação, o vereador discursou no plenário, anunciando a medida, e
publicou as doações em seu perfil no Facebook. Para as próximas, Cim estuda uma
forma de evitar que a divulgação da ação ganhe um tom populista. “O
anúncio das doações dá um cunho populista à ideia, e não é essa a
proposta. A relação das instituições beneficiadas pelas doações ficará
disponível a quem tiver interesse, e talvez eu poste no Facebook. Mas não
pretendo fazer anúncios das doações no plenário. Diz o ditado que o que a mão
direita dá, a mão esquerda não precisa ficar sabendo”.
A
doação do salário já era uma ideia anterior à campanha. “Já tinha isso em mente
antes de me eleger, mas só verbalizei depois de eleito, senão seria demagogia”,
afirma. “Com essas doações, eu abro duas frentes: uma é aumentar a
credibilidade do vereador. É impressionante como os vereadores são mal vistos
pela população. São verdadeiros sacos de pancada. Temos que separar o joio do
trigo. Nem todos são maus políticos”, defende.
O
segundo objetivo é dar força ao projeto. “Quero tentar mobilizar a sociedade
para que se faça um abaixo-assinado. A sociedade reclama de seus políticos, mas
não participa”. Um dos grandes entraves da ideia defendida por Cezar Cim é a
sua inconstitucionalidade, já que a remuneração a vereadores está prevista pela
Constituição Federal.
Apesar
do interesse em fazer das doações um ato frequente em sua gestão, o vereador
preferiu não se comprometer a doar todos os salários. “Prefiro dizer que o
prazo é indeterminado. Pode surgir algum problema no meio do caminho que me
faça rever”.
O
vereador afirma ter encontrado nos dois filhos e nos sócios do escritório o
apoio para a tomada de decisão. “É muito gostoso ter um filho te ensinando,
servindo de conselheiro. Eles trabalham comigo, e me apoiaram na decisão”. A
recepção, na opinião dele, foi muito positiva. “O conceito que a população tem
do político é sofrível, e com razão. Mas eles vão começar a perceber que nem
todo político é joio. Tem trigo também”, filosofa.
Para
ele, a atitude também é uma forma de retribuição à sociedade. “É uma forma de
agradecer por tudo o que tive. Sou de São João Batista, e fui o único da
região, na minha geração, que teve oportunidade de estudar. É uma maneira de
retribuir à sociedade por tudo que ela me deu”, conclui.
Terra
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