Os investimentos projetados para o Brasil no período 2013-2016 serão R$ 3,80 trilhões, com aumento de 29% em comparação aos R$ 2,95 trilhões previstos para o quadriênio anterior (2008-2011). É o que mostra a pesquisa Perspectivas do Investimento, elaborada pela Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Os números indicam uma retomada do investimento na economia, disse hoje (5) à Agência Brasil o economista-chefe do BNDES, Fernando Pimentel Puga. O aumento do investimento é puxado pela área de logística, dentro do setor de infraestrutura. “É o setor com melhores perspectivas de crescimento”, disse. Porém, sozinho, o setor de logística não puxa o investimento todo da economia. “Mas, em termos de taxa de crescimento e até da importância para a competitividade, ele se destaca”.
O bloco da logística, englobando transportes rodoviários, ferrovias, portos e aeroportos, prevê ampliar os investimentos de R$ 80 bilhões para R$ 179 bilhões entre os quadriênios 2008-2011 e 2013-2016. O crescimento atingirá 124%. “Dobrará o investimento nos próximos anos”. Segundo Puga, a expansão está “muito ligada ao esforço do governo de mudar o marco regulatório, de ampliar as concessões, o que a gente viu lá atrás nos setores de telecomunicações e de energia elétrica”. Para ele, o aumento é fruto do esforço governamental para melhorar a competitividade da economia e a eficiência.
O maior percentual de incremento de investimentos (224,1%) ocorrerá na indústria aeronáutica, que subirá de R$ 3 bilhões para R$ 10 bilhões e inclui o desenvolvimento de um helicóptero com tecnologia nacional, entre outros projetos.
Em função do pré-sal, os investimentos no setor de petróleo e gás no período 2013-2016 estão estimados em R$ 405 bilhões. O incremento em relação ao quadriênio anterior é 46,8%. O cenário considera que a Petrobras, passado o atual momento de ajuste com a nova direção, apontado por Puga como “o momento de arrumar a casa”, vai retomar os investimentos.
O economista-chefe do BNDES avaliou que a questão política envolvendo os royalties do petróleo não deverá influenciar os investimentos no setor. “O investimento em si independe [da questão política] e vai crescer”.
Puga disse que os setores mais voltados para o consumo das famílias também estão com boas perspectivas e são influenciados pela continuidade do movimento de migração das classes sociais D e E para a classe C e da criação de um mercado de consumo de massa. Um exemplo é o bloco da indústria automotiva, que deverá elevar os investimentos em 49,2%, passando de R$ 42 bilhões para R$ 63 bilhões.
Para o setor de infraestrutura como um todo, a pesquisa do BNDES mapeou aumento de investimentos de 36,2%, subindo de R$ 359 bilhões nos quatro anos compreendidos entre 2008 e 2011 para R$ 489 bilhões no quadriênio seguinte. O grande motor do setor é o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Agricultura e serviços vêm em seguida, com perspectiva de expansão de 31,9% dos investimentos, que deverão passar de R$ 1,149 trilhão para R$ 1,515 trilhão. A construção residencial projeta investimentos no total de R$ 770 bilhões até 2016, com variação positiva de 29,1%, puxados pelo Programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Para a indústria, o aumento atinge 22%, com investimentos em torno de R$ 1,03 trilhão no período 2013-2016.
A energia elétrica (3,6%) terá desempenho modesto, porque os grandes projetos de geração foram efetuados entre 2008 e 2011.
As exceções são os setores sucroenergético, siderúrgico e extrativo mineral, que sinalizam queda nos investimentos de 90,2%, 21,4% e 15,1%, respectivamente, nos próximos quatro anos. No caso da indústria extrativa mineral, o setor experimentou um forte ciclo de investimento quando os preços do minério estavam acelerando anualmente e agora se acha em desaceleração, disse Puga.
Na indústria siderúrgica, o economista disse que em razão do excesso da oferta mundial de aço, o setor se mostra com baixo nível de utilização da capacidade e, por isso, a perspectiva de investimentos sofre retração. O mapeamento feito pelo BNDES em relação ao setor sucroenergético não encontrou projetos significativos. “Algumas empresas têm nível de endividamento elevado e estão em um momento de contenção e de redução da alavancagem”, explicou.
Agência Brasil
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