São
Paulo – Mortos e desaparecidos durante o período da ditadura
militar na capital paulista foram homenageados hoje (2), Dia de
Finados. Um ato ecumênico foi celebrado no Cemitério de Vila
Formosa, na zona leste, onde as vítimas da repressão teriam sido
deixadas de forma clandestina em valas comuns.
Parentes
e amigos deram depoimentos e depositaram flores sobre um dos locais
onde os corpos podem ter sido enterrados. “Estou muito emocionada
porque aqui embaixo dos nossos pés estão muitos companheiros, entre
eles o meu irmão”, disse Denise Crispim, irmã de Joelson Crispim,
um dos mortos da ditadura.
Outro
parente que deu seu depoimento foi Gregório Gomes da Silva, filho de
Virgílio Gomes da Silva. “Hoje, Dia de Finados, estamos os vivos
aqui rendendo homenagens aos nossos mortos, desaparecidos. Muitos
provavelmente estão nesse mesmo solo que estamos pisando, um pouco
esquecidos”, disse.
O
ato recebeu apoio da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, que
investiga os crimes cometidos por agentes de estado durante a
ditadura militar. Além do Cemitério de Vila Formosa, outros dois
cemitérios da capital paulista, em Perus (zona oeste) e em
Parelheiros (zona sul), podem ter recebido corpos de vítimas da
ditadura.
“Esperamos
que a Comissão da Verdade realmente investigue esses casos, busque
esclarecimentos de quem sequestrou, de quem torturou, de quem matou e
[para] onde foram os restos mortais, quem os ocultou. E
responsabilizar todos os agentes do estado que fizeram essa
brutalidade”, destacou Amelinha Teles, que atua na Comissão
Estadual da Verdade.
Dimas
Dias de Oliveira, irmão de Isis Dias de Oliveira, outra vítima da
ditadura que pode ter sido deixada no Cemitério de Vila Formosa,
espera que a Comissão traga esclarecimentos. “Tenho grande
esperança de que finalmente a verdade sobre a minha irmã, não a
verdade oficial, mas o paradeiro, seja finalmente conhecido. O que
nós queremos é que a verdade seja oficializada”, disse.
Durante
a cerimônia, também receberam homenagens os mortos pela ditadura
Antonio Raymundo Lucena, José Maria Ferreira Araújo, Antônio dos
Três Reis de Oliveira e Alceri Maria Gomes da Silva.
Fernanda
Cruz - Agência
Brasil - Edição: Andréa Quintiere
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