Violações de direitos humanos nos
presídios Aníbal Bruno e Urso Branco são discutidas na OEA
Brasília – Representantes da
sociedade civil querem que o Brasil vá para o banco dos réus na Corte
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA)
devido a problemas no maior presídio do país, o Aníbal Bruno, em Pernambuco.
Hoje (3), a violação de direitos
humanos nos presídios Aníbal Bruno e Urso Branco, em Rondônia, foi tema de
reuniões da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em Washington,
nos Estados Unidos. As reuniões contaram com a presença de representantes dos
governos dos dois estados, do governo federal e da sociedade civil.
O advogado da organização não
governamental Justiça Global e representante da Clínica de Direitos Humanos da
Universidade de Harvard Fernando Delgado explicou que o pedido de medida
provisória para o caso do Presídio Aníbal Bruno é uma espécie de sanção mais
grave. Isso porque o Brasil já havia se comprometido a cumprir medidas
cautelares para resolver os problemas de violação de direitos humanos e para
ampliar a segurança de funcionários do presídio e de visitantes. Para chegar
até a corte, o pedido ainda precisa ser aprovado e encaminhado pela CIDH.
De acordo com Delgado, o Presídio
Aníbal Bruno abriga quase três vezes mais detentos que sua capacidade. São
cerca de 5 mil homens para 1.448 vagas. Os representantes da Justiça Global
informaram na reunião que desde agosto de 2011 ocorreram pelo menos 14
homicídios no Presídio Aníbal Bruno. Delgado disse ainda que a última morte, no
mês passado, foi de um preso provisório de 20 anos, acusado de furto. “Era um
preso provisório há mais de um ano”, destacou. A organização não governamental
também relatou que há casos de tortura e de morte por falta de atendimento
médico.
“Nossa expectativa é que o Estado
comece a levar mais a sério essa questão. Devido ao agravamento da violência no
presídio e ao descuido, há todas as chances de ir para a corte”, disse Delgado.
Delgado também informou que no caso
do Presídio Urso Branco a reunião foi feita para avaliar as medidas de melhoria
na penitenciária e a adoção de medidas previstas no Pacto para Melhoria do
Sistema Prisional do Estado de Rondônia de 2011.
Delgado lembra que o Urso Branco foi
cenário do segundo maior massacre de presos do país, depois do Carandiru. Na
passagem do dia 1° para 2 de janeiro de 2002, foram assassinadas 27 pessoas no
presídio. Na época, a CIDH sugeriu medidas provisórias para garantir a vida e a
integridade dos detentos.
De acordo com a Justiça Global, a
superlotação na penitenciária persiste - com capacidade para 460 homens,
atualmente abriga cerca de 700. “No Presídio Urso Branco houve um homicídio em
janeiro. Há falta de assessoria jurídica e casos de tortura”, disse Delgado.
A Agência Brasil entrou em
contato com a Secretaria de Direitos Humanos e aguarda retorno.
Kelly Oliveira - Agência Brasil - Edição:
Andréa Quintiere
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