CHICAGO, 28 Nov (Reuters) - Homens com
excesso de gordura abdominal, a popular "barriga de cerveja",
enfrentam um risco elevado de doença cardíaca e diabete tipo 2, e agora os
pesquisadores estão acrescentando a osteoporose à lista de possíveis males.
Mais de 37 milhões de homens
norte-americanos maiores de 20 anos são obesos, segundo o Centro Nacional de
Estatísticas da Saúde. Embora a obesidade esteja associada a vários outros
problemas de saúde - hipertensão, colesterol elevado, asma, apneia do sono e
doenças das articulações -, havia a noção geralmente aceita de que homens acima
do peso enfrentavam risco menor de perda óssea.
"Não é verdade", disse
Miriam Bredella, radiologista do Hospital Geral de Massachusetts e
professora-associada de radiologia da Escola Médica de Harvard. "Todo
mundo pensa na osteoporose como uma doença de mulheres. Todos os estudos
focavam nas mulheres, e achava-se que os homens estavam bem. Quisemos olhar
especificamente para os homens jovens."
Bredella e sua equipe de pesquisadores
avaliaram 35 homens obesos com idade mediana de 34 anos, e índice de massa
corporal mediano de 36,5.
Os homens foram divididos em dois
grupos: um em que a gordura é principalmente subcutânea, ou espalhada por todo
o corpo; e outro com predomínio da gordura visceral ou intra-abdominal,
localizada mais profundamente no tecido muscular da cavidade abdominal.
A gordura visceral, por causa da qual
até os magros podem ter barriga de cerveja, é bem mais ameaçadora que a
subcutânea, por estar entranhada nos órgãos internos e estar fortemente
vinculada a doenças cardíacas. A genética, uma dieta rica em gorduras e uma
vida sedentária contribuem para a gordura visceral.
"O que mais nos surpreendeu foi
que os homens com gordura visceral tinham ossos significativamente mais fracos
do que o (outro) grupo. Eles são homens com o mesmo grau de obesidade e mais ou
menos da mesma idade", disse Bredella por telefone.
Ela submeteu os homens a tomografias
abdominais e da coxa, para medir o volume de gordura e a massa muscular. Também
foi feita uma tomografia de alta resolução do antebraço.
Uma técnica chamada análise elementar
finita, usada na engenharia para determinar a resistência de materiais usados
em pontes e aviões, foi empregada para prever o risco de fratura.
Bredella concluiu que o grupo da
gordura visceral tinha quase o dobro da fraqueza óssea do que no grupo da
gordura subcutânea ou da gordura espalhada pelo corpo.
Os resultados também mostraram que a
massa muscular estava positivamente associada à força dos ossos.
A pesquisadora disse que o tamanho do
seu estudo esteve limitado pela sofisticação e custo dos equipamentos de
diagnóstico por imagem usados na previsão dos riscos. Depois dos resultados
desse estudo, ela avaliou outros 30 homens da mesma forma, chegando aos mesmos
resultados.
Bredella disse que parece haver duas
razões semelhantes para a associação entre gordura visceral e osteoporose. Uma
delas é que todas as pessoas com gordura visceral secretam menos hormônio do
crescimento humano, que desempenha um papel importante na saúde óssea. A
segunda razão é que a gordura visceral secreta certas moléculas que causam
inflamação e, consequentemente, enfraquecem os ossos.
A secreção dessas moléculas e seu
efeito sobre o organismo serão o foco da futura pesquisa dela.
Por Debra Sherman
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