Além
de petistas, PC do B e PMDB movimentam-se por espaço em caso de
vitória do petista em São Paulo; candidato e Lula tentam barrar
assédio
Confiantes
na vitória do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando
Haddad, integrantes de várias correntes do partido já se movimentam
para ocupar cargos caso ele seja eleito no domingo, 28. A articulação
provocou a contrariedade não só de Haddad, mas também do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ordenou a suspensão do
assédio e desautorizou as indicações.
Se
vencer a disputa contra o candidato do PSDB, José Serra, Haddad
pretende montar um secretariado com perfil mais técnico do que
político. Deputados e vereadores do PT perceberam a tendência e,
nos bastidores, começam a reclamar, dizendo que Haddad quer formar
um governo "da academia", referência à origem do
candidato, ex-ministro da Educação e professor licenciado da USP.
Na
lista dos nomes que os petistas dão como certos em eventual equipe
de Haddad estão Ana Odila de Paiva Souza e Vladimir Safatle. Ela foi
a principal colaboradora do programa de governo na área de
transportes. Vladimir é professor do Departamento de Filosofia da
USP e ajudou na plataforma de Cultura.
O
comentário de integrantes das correntes Construindo um Novo Brasil
(CNB), Novo Rumo, PT de Lutas e de Massas e Mensagem ao Partido é
que Haddad não cederá cadeiras estratégicas, como Saúde,
Educação, Finanças e Desenvolvimento Urbano para ocupação
política. O vereador Antonio Donato (PT), coordenador da campanha, é
citado no partido tanto para a Secretaria de Governo como para
Relações Governamentais.
Haddad
se recusa a falar do assunto, sob o argumento de que ainda não
ganhou a eleição. Lula usou o comício do candidato, no sábado,
para mandar um recado aos petistas que estão de olho em cargos.
Depois de dizer que tem lido notícias sobre disputas por espaço
antes da abertura das urnas, ele não escondeu que age para barrar
esse movimento.
"Ninguém
pode querer comer o angu antes de estar pronto. É preciso deixar
esfriar", afirmou o ex-presidente. Lula concluiu o discurso
dirigindo-se a Haddad: "Você, se Deus quiser, será o prefeito
de São Paulo, mas falta uma semana (...) Jamais vou te pedir um
cargo na Prefeitura."
O
PMDB de Gabriel Chalita, que foi derrotado no 1.º turno e agora
apoia Haddad, e o PC do B de Nádia Campeão, vice na chapa, também
se articulam para obter assentos na equipe. Nesse cenário, Nádia
tem chance de acumular a vice com a Secretaria de Esportes, hoje com
orçamento e obras de R$ 1,3 bilhão.
Dirigentes
do PC do B querem ficar responsáveis, ainda, pela organização da
Copa. Entre os seus objetos de desejo estão não só Esportes como a
manutenção da cadeira na Secretaria de Articulação da Copa,
comandada pelo PC do B na gestão de Gilberto Kassab (PSD). Eles
também reivindicam a SPTuris, empresa de capital misto responsável
por movimentar R$ 150 milhões por ano em contratos de publicidade.
"Se
nós ganharmos, faremos essa conversa (para a composição de
secretarias). Uma hora nós também temos de ocupar outras funções.
Não somos um partido ligado só ao Esporte", disse Nádia. O
Estado apurou que os comunistas gostariam de cargos na Secretaria de
Habitação.
Vera
Rosa e Diego Zanchetta, (O Estado de S.Paulo)
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