Relator
chama Lewandowski de 'advogado'; revisor rebate e pergunta se Barbosa
é da 'promotoria'
BRASÍLIA
- Após o primeiro embate sobre as penas aos réus do mensalão ser
vencido pelo revisor, Ricardo Lewandowski, um novo bate-boca entre
ele e o relator, o ministro Joaquim Barbosa, tomou conta do Supremo
Tribunal Federal (STF). Os dois divergiram sobre a pena a Marcos
Valério no crime de corrupção ativa pelo oferecimento de propina
ao diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato. Venceu Lewandowski,
fixando a punição em 3 anos, 1 mês e 10 dias.
Barbosa
criticou o plenário pelo resultado e disse que continuaria a votar,
mas antes gostaria de revelar seu "desgosto". O relator
citou um artigo da imprensa americana para dizer que o sistema
jurídico brasileiro parecia "risível". "Estamos a
discutir sobre a pena a ser aplicada a um homem que fez o que fez.
Ele vai ser condenado a 3 anos. Na prática, não cumprirá 3 meses,
ou 4 meses, no máximo".
Lewandowski
interrompeu. "Ele não vai cumprir as penas isoladamente. No meu
cálculo, já passa de duas décadas", disse o revisor,
ressaltando a somatória dos cinco tipos de crimes praticados por
Valério. "Três anos para quem desviou mais de R$ 70 milhões",
disse Barbosa. "Vossa Excelência acha pouco?", questionou
Lewandowski. "Tenho certeza que não cumprirá mais de seis
meses", retrucou o relator. "Vossa Excelência está
sofismando", rebateu o revisor.
O
relator, então questionou as intervenções de Lewandowski. "Advoga
para ele?", perguntou Barbosa. "Vossa excelência faz parte
da promotoria?", rebateu o revisor. "Está sempre
defendendo", disse o relator para o revisor.
Os
ministros Marco Aurélio Mello e o presidente, Carlos Ayres Britto,
intervieram. Barbosa, então, afirmou que a crítica que fazia era ao
sistema penal brasileiro. "Infelizmente vivemos no Brasil. Temos
que mudar de lado e ir para o Congresso Nacional. Somos aplicadores
da lei", respondeu Lewandowski. "Moro no país e lutarei
para que ele mude", disse Barbosa.
O
revisor reafirmou ser necessário levar em conta a pena final. "Eu
me insurgi de início contra o fatiamento porque traz uma visão
parcial e precisamos de uma visão integral. Temos que saber quando
aplicamos de pena isolada e a quanto vai chegar para fixarmos
parâmetros de proporcionalidade e razoabilidade. Estamos tratando da
liberdade de um cidadão brasileiro". O ministro Luiz Fux entrou
no debate. "Quem tem muitas penas responde a muitos crimes e
temos uma pena para cada crime". Lewandowski concluiu a
intervenção dizendo não haver "leniência" do tribunal
na fixação de penas.
Eduardo
Bresciani, da Agência Estado
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