quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pedreiro do ES aprende a tocar piano sozinho e conquista sonho

Operário começou a trabalhar em uma casa onde havia aulas de piano. Talento rendeu aulas profissionais gratuitas.

Quando começou a trabalhar em uma obra no Centro de Vitória, o ajudante de pedreiro Rony Chagas não imaginava que o serviço o ajudaria a conquistar o sonho de ser pianista. No segundo andar da casa em reformas, a melodia do piano tomava o canteiro de obras e despertava a curiosidade do trabalhador. Sem nunca ter feito aulas, o jovem confessou que aprendeu a tocar "de ouvido", em um teclado antigo de seu irmão, mas a vontade e a curiosidade sobre o instrumento acabaram rendendo ajuda profissional.

"Eu ficava com vontade de tocar, mas tinha vergonha de pedir para fazer isso. Conhecia um pouco sobre piano, sabia tocar um pouquinho", disse. Não demorou muito para a dona da residência descobrir o desejo do trabalhador. "Um dos pedreiros me abordou e falou que o Rony também sabia tocar piano. Então convidei ele a tocar", contou a dona da residência, Alba Aguiar. Aos 19 anos, era a primeira vez na vida que o rapaz chegava tão perto de um piano.

"Vi que ele é de corda, que tem umas marretinhas dentro que batem quando a gente toca, eu não sabia de nada disso", explicou o pedreiro. A cada música tocada, o encantamento e a surpresa se tornavam maiores para o rapaz, que nunca teve aulas de piano.

Apesar de não saber a maioria dos nomes dos compositores e das músicas que toca, Rony disse que aprendeu a tocar observando outros músicos. "Eu olhava muito a posição da mão esquerda dos pianistas, que ficavam sempre em uma seqüência", disse.

Ajuda profissional
Uma das músicas tocadas pelo pedreiro foi filmada e enviada para a Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames). Uma professora gostou e o rapaz foi convidado a fazer aulas gratuitas de piano. "Com poucas explicações, ele já está lendo as frases dos ritmos, isso com muita rapidez e corretamente. Significa que ele tem um potencial imenso e realmente raro", explicou a professora de piano Raquel Moraes.

Na casa em obras, o horário do almoço dos trabalhadores se tornou o momento de apresentações do jovem pianista, que deixa um pouco a enxada de lado e exercita os dedos e a mente tocando o instrumento. Na platéia, os colegas de trabalho e os moradores da residência se reúnem para ouvi-lo.

"Para mim foi impressionante ver esse trabalhador, uma pessoa simples, com toda uma história de vida, tocando dessa maneira. É muito bom ouvir a música dele", revelou a secretária da casa, Romilda Caldeira.

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Dag Vulpi

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