Cem
por cento limpeza
Empresário
cearense desenvolve o primeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por
energia eólica e solar
Não
tem mais volta.
As
tecnologias limpas – aquelas que não queimam combustível fóssil – serão o
futuro do planeta quando o assunto for geração de energia elétrica. E, nessa
onda, a produção eólica e solar sai na frente, representando importantes fatias
na matriz energética de vários países europeus, como Espanha, Alemanha e
Portugal, além dos Estados Unidos. Também está na dianteira quem conseguiu
vislumbrar essa realidade, quando havia apenas teorias, e preparou-se para
produzir energia sem agredir o meio ambiente. No Ceará, um dos locais no mundo
com maior potencial energético (limpo), um ‘cabeça chata’ pretende mostrar que
o estado, além de abençoado pela natureza, é capaz de desenvolver tecnologia de
ponta.
O
professor Pardal cearense é o engenheiro mecânico Fernandes Ximenes,
proprietário da Gram-Eollic, empresa que lançou no mercado o primeiro poste de
iluminação pública 100% alimentado por energias eólica e solar. Com modelos de
12 e 18 metros de altura (feitos em aço), o que mais chama a atenção no
invento, tecnicamente denominado de Produtor Independente de Energia (PIE), é a
presença de um avião no topo do poste.
Feito
em fibra de carbono e alumínio especial – mesmo material usado em aeronaves
comerciais –, a peça tem três metros de comprimento e, na realidade, é a
peça-chave do poste híbrido. Ximenes diz que o formato de avião não foi
escolhido por acaso. A escolha se deve à sua aerodinâmica, que facilita a
captura de raios solares e de vento. "Além disso, em forma de avião, o
poste fica mais seguro. São duas fontes de energia alimentando-se ao mesmo
tempo, podendo ser instalado em qualquer região e localidade do Brasil e do mundo",
esclarece.
Tecnicamente,
as asas do avião abrigam células solares que captam raios ultravioletas e
infravermelhos por meio do silício (elemento químico que é o principal
componente do vidro, cimento, cerâmica, da maioria dos componentes
semicondutores e dos silicones), transformando-os em energia elétrica (até 400
watts), que é armazenada em uma bateria afixada alguns metros abaixo. Cumprindo
a mesma tarefa de gerar energia, estão as hélices do avião. Assim como as
naceles (pás) dos grandes cata-ventos espalhados pelo litoral cearense, a
energia (até 1.000 watts) é gerada a partir do giro dessas pás.
Cada
poste é capaz de abastecer outros três ao mesmo o tempo. Ou seja, um poste com
um "avião" – na verdade um gerador – é capaz de produzir energia para
outros dois sem gerador e com seis lâmpadas LEDs (mais eficientes e mais
ecológicas, uma vez que não utilizam mercúrio, como as fluorescentes compactas)
de 50.000 horas de vida útil dia e noite (cerca de 50 vezes mais que as
lâmpadas em operação atualmente; quanto à luminosidade, as LEDs são oito vezes
mais potentes que as convencionais). A captação (da luz e do vento) pelo avião
é feita em um eixo com giro de 360 graus, de acordo com a direção do vento.
À
prova de apagão
Por meio dessas duas fontes, funcionando paralelamente, o poste tem autonomia de até sete dias, ou seja, é à prova de apagão. Ximenes brinca dizendo que sua tecnologia é mais resistente que o homem: "As baterias do poste híbrido têm autonomia para 70 horas, ou seja, se faltarem vento e sol 70 horas, ou sete noites seguidas, as lâmpadas continuarão ligadas, enquanto a humanidade seria extinta porque não se consegue viver sete dias sem a luz solar".
O
inventor explica que a idéia nasceu em 2001, durante o apagão. Naquela época,
suas pesquisas mostraram que era possível oferecer alternativas ao caos
energético. Ele conta que a caminhada foi difícil, em função da falta de
incentivo – o trabalho foi desenvolvido com recursos próprios. Além disso, teve
que superar o pessimismo de quem não acreditava que fosse possível desenvolver
o invento. "Algumas pessoas acham que só copiamos e adaptamos descobertas
de outros. Nossa tecnologia, no entanto, prova que esse pensamento está errado.
Somos, sim, capazes de planejar, executar e levar ao mercado um produto feito
100% no Ceará. Precisamos, na verdade, é de pessoas que acreditem em nosso
potencial", diz.
Mas
esse não parece ser um problema para o inventor. Ele até arranjou um padrinho
forte, que apostou na idéia: o governo do estado. O projeto, gestado durante
sete anos, pode ser visto no Palácio Iracema, onde passa por testes. De acordo
com Ximenes, nos próximos meses deve haver um entendimento entre as partes. Sua
intenção é colocar a descoberta em praças, avenidas e rodovias.
O
empresário garante que só há benefícios econômicos para o (possível) investidor.
Mesmo não divulgando o valor necessário à instalação do equipamento, Ximenes
afirma que a economia é de cerca de R$ 21.000 por quilômetro/mês,
considerando-se a fatura cheia da energia elétrica. Além disso, o custo de
instalação de cada poste é cerca de 10% menor que o convencional, isso porque
economiza transmissão, subestação e cabeamento. A alternativa teria, também, um
forte impacto no consumo da iluminação pública, que atualmente representa 7% da
energia no estado. "Com os novos postes, esse consumo passaria para
próximo de 3%", garante, ressaltando que, além das vantagens econômicas,
existe ainda o apelo ambiental. "Uma vez que não haverá contaminação do
solo, nem refugo de materiais radioativos, não há impacto ambiental", finaliza
Fernandes Ximenes
Vento
e sol
Com a inauguração, em agosto do ano passado, do parque eólico Praias de
Parajuru, em Beberibe, o Ceará passou a ser o estado brasileiro com maior
capacidade instalada em geração de energia elétrica por meio dos ventos, com
mais de 150 megawatts (MW). Instalada em uma área de 325 hectares, localizada a
pouco mais de cem quilômetros de Fortaleza, a nova usina passou a funcionar com
19 aerogeradores, capazes de gerar 28,8 MW. O empreendimento é resultado de uma
parceria entre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a empresa
Impsa, fabricante de aerogeradores. Além dessa, a parceria prevê a construção
de dois outros parques eólicos – Praia do Morgado, com uma capacidade também de
28,8 MW, e Volta do Rio, com 28 aerogeradores produzindo, em conjunto, 42 MW de
eletricidade. Os dois parques serão instalados no município de Acaraú, a 240
quilômetros de Fortaleza.Se no litoral cearense não falta vento, no interior o
que tem muito são raios solares. O calor, que racha a terra e enche de
apreensão o agricultor em tempos de estiagem, traz como consolo a possibilidade
de criação de emprego e renda a partir da geração de energia elétrica. Na
região dos Inhamuns, por exemplo, onde há a maior radiação solar de todo o
país, o potencial é que sejam produzidos, durante o dia, até 16 megajoules (MJ
– unidade de medida da energia obtida pelo calor) por metro quadrado.
Essa
característica levou investidores a escolher a região, especificamente o
município de Tauá, para abrigar a primeira usina solar brasileira. O projeto
está pronto e a previsão é que as obras comecem no final deste mês (abr10). O
empreendimento contará com aporte do Fundo de Investimento em Energia Solar
(FIES), iniciativa que dá benefícios fiscais para viabilizar a produção e
comercialização desse tipo de energia, cujo custo ainda é elevado em relação a
outras fontes, como hidrelétricas, térmicas e eólicas.
A
usina de Tauá será construída pela MPX – empresa do grupo EBX, de Eike Batista
– e inicialmente foi anunciada com uma capacidade de produção de 50 MW, o que
demandaria investimentos superiores a US$ 400 milhões. Dessa forma, seria a
segunda maior do mundo, perdendo apenas para um projeto em Portugal. No
entanto, os novos planos da empresa apontam para uma produção inicial de apenas
1 MW, para em seguida ser ampliada, até alcançar os 5 MW já autorizados pela
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os equipamentos foram fornecidos
pela empresa chinesa Yingli.
Segundo
o presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Antônio
Balhmann, essa ampliação dependerá da capacidade de financiamento do FIES.
Aprovado em 2009 e pioneiro no Brasil, o fundo pagaria ao investidor a
diferença entre a tarifa de referência normal e a da solar, ainda mais cara.
"A energia solar hoje é inviável financeiramente, e só se torna possível
agora por meio desse instrumento", esclarece. Ao todo, estima-se que o
Ceará tem potencial de geração fotovoltaica de até 60.000 MW.
Também
aproveitando o potencial do estado para a energia solar, uma empresa espanhola
realiza estudos para definir a instalação de duas térmicas movidas a esse tipo
de energia. Caso se confirme o interesse espanhol, as terras cearenses
abrigariam as primeiras termossolares do Brasil. A dimensão e a capacidade de
geração do investimento ainda não estão definidas, mas se acredita que as
unidades poderão começar com capacidade entre 2 MW a 5 MW.
Bola da vez
Bola da vez
De fato, em todas as partes do mundo, há esforços cada vez maiores e mais rápidos para transformar as energias limpas na bola da vez. E, nesse sentido, números positivos não faltam para alimentar tal expectativa. Organismos internacionais apontam que o mundo precisará de 37 milhões de profissionais para atuar no setor de energia renovável até 2030, e boa parte deles deverá estar presente no Brasil. Isso se o país souber aproveitar seu gigantesco potencial, especialmente para gerar energias eólica e solar. Segundo o Estudo Prospectivo para Energia Fotovoltaica, desenvolvido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o dever de casa no país passa, em termos de energia solar, por exemplo, pela modernização de laboratórios, integração de centros de referência e investimento em desenvolvimento de tecnologia para obter energia fotovoltaica a baixo custo. Também precisará estabelecer um programa de distribuição de energia com sistemas que conectem casas, empresas, indústria e prédios públicos.
"Um
dos objetivos do estudo, em fase de conclusão, é identificar as oportunidades e
desafios para a participação brasileira no mercado doméstico e internacional de
energia solar fotovoltaica", diz o assessor técnico do CGEE, Elyas
Ferreira de Medeiros. Por intermédio desse trabalho, será possível construir e
recomendar ações estratégicas aos órgãos de governo, universidades e empresas,
sempre articuladas com a sociedade, para inserir o país nesse segmento. Ele
explica que as vantagens da energia solar são muitas e os números astronômicos.
Elyas cita um exemplo: em um ano, a Terra recebe pelos raios solares o
equivalente a 10.000 vezes o consumo mundial de energia no mesmo período.
O
CGEE destaca, em seu trabalho, a necessidade de que sejam instituídas políticas
de desenvolvimento tecnológico, com investimentos em pesquisa sobre o silício e
sistemas fotovoltaicos. Há a necessidade de fomentar o desenvolvimento de uma
indústria nacional de equipamentos de sistemas produtivos com alta integração,
além de incentivar a implantação de um programa de desenvolvimento industrial e
a necessidade de formação de profissionais para instalar, operar e manter os
sistemas fotovoltaicos.
Por GEVAN OLIVEIRA Fonte:
Revista Fiec
Reportagem esclarecedora, com custos e vantagens da energia solar
ResponderExcluirwww.youtube.com/watch?v=yhuxiin-Mcs
Agradeço a visita do amigo ao meu blog, e principalmente sua participação com esse importante comentário. Eu assisti o ilustrativo vídeo recomendado e o adicionei a uma outra postagem que eu já havia feito sobre o assunto.
ExcluirCaso queira conferir este é o link:http://dagmarvulpi.blogspot.com/2012/07/producao-residencial-de-energia-solar.html
Aguardo novas visitas e comentários.
Com um fraterno abraço,
Dag Vulpi