Pânico chega à Band pedindo
liberdade que Rafinha Bastos não teve; ele saiu do CQC depois de piada sobre
Wanessa Camargo e o bebê; a trupe de Emílio, no entanto, acumula processos
judiciais; humor precisa se reinventar?
Foto: Divulgação |
Por que trabalhar com humor ficou
tão perigoso no Brasil? Dá processo, indenização, polêmica… O que está errado:
o ofício dos humoristas, cuja vocação é fazer rir, ou a cultura do
“politicamente correto”, que tenta higienizar deboche e ironia de todas as
partes, inclusive dos programas humorísticos? A alta cúpula da Band está se
deparando com essas questões e terá que bater martelo sobre um pedido de seus
mais novos funcionários. Recém-chegada da RedeTV!, a irreverente galere do
Pânico quer mais do que salários e bônus advindos de merchandising. A coluna
Outro Canal, da Folha, informa nesta terça, 21, que os humoristas pediram
“liberdade total” no programa.
A preocupação da gang do Pânico é
tomar um pito da Band, que tirou do CQC Rafinha Bastos, em outubro do ano
passado. O motivo foi a declaração de Rafinha no programa, considerada por
muitos infeliz, de que “comeria” Wanessa Camargo e o filho. Os fãs do humorista
acharam uma bobagem a dimensão que a brincadeira tomou… Virou caso de Justiça,
com direito a feto como autor de ação e uma sentença proferida de maneira
ligeiríssima, muito diferente de inúmeras ações que tramitam na Justiça
brasileira, condenando Rafinha.
A repercussão desse episódio fez o
Pânico se certificar de que não vai ser repreendido na nova casa. Para decidir
se atende ou não à trupe bem-humorada, a Band poderá levar em conta o histórico
judicial da trupe de Emílio, Carioca e Sabrina. O programa já perdeu ações na
Justiça da ordem de milhares de reais para globais como Carolina Dieckmann,
Luana Piovani e continua enfrentando outros processos, como da própria TV Globo
(por uma hilária invasão no Big Brother Brasil).
Além de Band e RedeTV!, a própria TV
Globo está na mira do que os humoristas consideram patrulhamento do
“politicamente correto”. A dupla mais badalada do programa Zorra Total, Valéria
e Janete, foi alvo de uma representação do Sindicato dos Metroviários de São
Paulo. A entidade defende que as cenas incentivam assédio sexual porque um
homem sempre encosta e abusa de Janete no final do quadro “Metrô Zorra Brasil”.
Segundo a Folha, a Globo rebate a carta do sindicato e frisa que nunca incitou
abuso sexual e, ao contrário, sempre defendeu os direitos da mulher.
Um entretenimento de sábado à noite,
para aqueles que ficaram em casa e não saíram para festa e farra é tão
prejudicial assim? O espectador pode mesmo achar que é engraçado atacar Janetes
no metrô e sair por aí abusando?
Não
dá para culpar o humor por um crime… O que se pode discutir é o quanto o humor
pode deseducar. Ou, até por causa disso, o quanto pode ser pedagógico. Um bom
exemplo é o quadro de Valéria e Janete mesmo.
Ali,
reforçam-se estereótipos. Por um lado, a travesti escandalosa está doida atrás
de um homem. Por outro lado, a jovem “socialmente feia” não sabe falar direito
e é desprezada pela espertalhona Valéria.
Ora,
toda travesti faz escândalo e quer homem? Não seria possível fazer uma
personagem diferente e tão engraçada quanto? Que tal uma travesti nerd e
virgem? Muito inverossímil? Que tal uma jovem “socialmente feia”, Ugly Betty da
vida, muito esperta e pegadora? Pegadora, tipo o mulherengo, e não tipo a
piranha!
Se
você considera que o humor é de mau gosto, vale questionar se você não foi
contagiado pela febre do “politicamente
correto”. Ao mesmo tempo, se realmente os excessos (de ofensas e
preconceitos) é que estão dominando a telinha e as redes, talvez seja o momento
de o humor se reinventar. Mas esse é um trabalho duplo: do humorista e do
público.
Afinal,
o que é que te faz rir?
By: Brasil247
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi