sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

PM paulista defende ação através de e-mail ‘para amigos’

Por Clara Roman 
A Polícia Militar de São Paulo se especializou em protagonizar episódios marcados por críticas à estratégia a qual se utiliza para resolver problemas. Nos últimos meses, foram ao menos três casos em que a instituição foi acionada para resolver impasses com o uso da força. Em novembro, 200 soldados executaram a reintegração de posse na reitoria da USP, ocupada por 70 estudantes. No início de janeiro, a operação da cracolândia estampou a capa dos jornais. No domingo 22, a execução do despejo no assentamento Pinheirinho instalou mais uma onda de protestos contra a corporação.
Criticada por setores da sociedade civil pelo uso abusivo da violência, a PM se justifica em todos eles com o argumento de que apenas obedece a ordens. Mesmo com a consciência limpa, no entanto, a instituição anda preocupada com a própria imagem e tem recorrido às redes sociais para lavar as mãos.
Na manhã da quinta-feira 26, por exemplo, a corporação disparou um e-mail aos “amigos da Polícia Militar” e lotou a caixa de entrada de jornalistas com explicações sobre a ação no Pinheirinho. Por meio de um infográfico, a corporação dá seu ponto de vista sobre os últimos acontecimentos: a massa falida devia aos seus trabalhadores, acionou a Justiça para reaver a terra, os oficiais de justiça dão cumprimento à ordem, a PM é acionada para apoiar a Justiça Estadual. Simples assim.
Os resultados são 32 pessoas detidas, entre eles três foragidos, seis criminosos em flagrante delito, um veículo roubado recuperado, além de armas e bombas apreendidas. Na contabilidade, não entram os feridos – há registro de pelo menos uma pessoa, atingida por bala de borracha, mas há vídeos que mostram um senhor apanhando do cacetete de policiais –  nem as quase seis mil pessoas que ficaram sem ter onde morar. O último quadro é um terreno com um cifrão: um levantamento recente mostra que o local é avaliado em 180 milhões de reais. Por fim, um grupo de pessoas com os dizeres ao lado: Justiça – repartição dos haveres apurados pela massa.
Um pequeno texto explicativo sobre a ação acompanha as ilustrações. Nele, a PM justifica eventuais erros de conduta. “Caso algum fato tenha se desviado do respeito incondicional aos direitos humanos e às pessoas, será devidamente apurado”, diz a nota. Depois, ao explicar o planejamento da ação, esclarece que dentre as pessoas de bem, havia na região traficantes e criminosos prejudiciais à própria comunidade do Pinheirinho.
 Via Carta Capital

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