Em nota à imprensa, divulgada na quarta-feira (04/01/12), o advogado Rogério Marcolini, que representa o ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo no caso conhecido como “Lista de Furnas”, desmonta, de forma cabal, a tentativa desesperada por parte do deputado Rogério Correia (PT/MG) de atribuir credibilidade à “Lista de Furnas”, através da divulgação de declaração do deputado Antônio Júlio (PMDB/MG) de que, a pedido dele, Furnas, sob a presidência de Dimas, teria feito a doação de 150 mil reais a hospital do município de Três Pontas, no Sul de Minas, o que comprovaria o conteúdo da “Lista”.
A declaração do advogado prova que não tem fundamento a tentativa de confundir o que é uma doação legal, transparente, registrada em ata feita diretamente pela empresa Furnas para um hospital, com as supostas doações de Caixa Dois para políticos relacionadas nos papéis fraudados da “Lista de Furnas”. Nos papéis falsificados está escrito que as doações tinham origem em recursos não contabilizados de empresas fornecedoras de Furnas e não da própria empresa.
São várias as mentiras que constam da entrevista do deputado Antônio Júlio, que deve ser compreendida como parte do esforço de salvar o deputado Rogério Correia das graves acuações que pesam contra ele. Entre elas o uso de servidores da Assembleia, durante o expediente, para localizar documentos oficiais assinados por deputados e pelo diretor Furnas, para repassá-los a um falsário; a disponibilização de assessor jurídico para acompanhar, defender e orientar Nilton Monteiro, em depoimento; e uso de estrutura da Assembleia, como gabinete e linhas telefônicas para finalidades ilegais.
Não é verdade, por exemplo, que Dimas Toledo era o presidente da estatal na época em que foi aprovada a doação para o hospital.
Nota no Estado de Minas aborda contradição
A nota informa que realmente houve a doação por parte da empresa Furnas à Santa Casa de Misericórdia daquele município, mas que a iniciativa foi proposta por outro diretor da estatal e aprovada pelo presidente da companhia que antecedeu a Dimas no cargo, isso ainda em abril daquele ano, portanto fora do período eleitoral. Todo o processo de aprovação da doação, conforme a nota, foi comprovadamente oficial e, inclusive, registrado em ata de reunião da diretoria do dia 02 de abril de 2002.
Furnas, segundo informa a nota, tem dotação orçamentária própria para a doação de recursos financeiros para vários projetos sociais nas áreas onde atua, sendo que para o período de 2011/2012, estão reservados cinco milhões em investimentos sociais.
O advogado ressalta, ainda, que na verdade, o que se vê (na declaração do deputado) é o aproveitamento de valores coincidentes, já que tanto o valor doado pela estatal para o hospital quanto o valor que consta como repasse pra Antônio Júlio na “Lista de Furnas” são, por coincidência, os mesmos, “com o propósito de, mais uma vez, tentar emprestar artificiosamente credibilidade a documento material e ideologicamente falso a fim de atender objetivos puramente políticos. Como é natural, também convém à farsa a invocação de médico do hospital já falecido a título de suposta testemunha”.
A “Lista de Furnas”, como já demonstrado aqui, relaciona políticos brasileiros de vários partidos e de vários Estados que teriam recebido recursos em espécie para custearem as suas campanhas eleitorais, em 2002, e não se trata de repasse de recursos oficiais de apoio por parte da empresa para projetos sociais da estatal.
A “Lista” tem a sua origem no notório falsário Nilton Monteiro, atualmente preso e que responde a diversos processos por falsificação de documentos e de notas promissórias, que somam mais de trezentos milhões de reais.
Como o deputado Antônio Júlio declarou que conhece apenas um repasse financeiro, tendo como origem a empresa de Furnas e esse repasse foi feito de forma transparente, regular e registrada inclusive em ata, isso significa dizer que o outro repasse alegado na “Lista de Furnas”, que teria sido feito em espécie e teria tido como origem empresas fornecedoras de serviços para a estatal, não existiu. Essa é, portanto, mais uma prova da falsidade dos papéis.
Essa entrevista do deputado Antônio Júlio poderia, inclusive, servir como mais uma prova da falsificação dos papéis. Como dissemos em post anterior, quanto mais se mexe nesse assunto, mais mentiras vão surgindo e mais clara fica a fraude.
Vamos esperar os próximos amigos do deputado Rogério Correia. O que será que eles vão inventar pra tentar ajudar o deputado?
Vamos mexer, vamos mexer, gente…
PS: Hoje faz 23 dias da publicação da reportagem da revista Veja com os diálogos comprometedores entre o deputado Rogério Correia, seu assessor Simeão de Oliveira e o falsário Nilton Monteiro, e ele continua no mais absoluto silêncio. Explica, Rogério!
Veja aqui os principais pontos da nota divulgada pelo advogado de Dimas Fabiano
“A declaração do deputado estadual contribui para comprovar a falsidade dos papéis conhecidos como a Lista de Furnas. Ora, nos papéis apresentados pelo falsário Nilton Monteiro são relacionadas diversas empresas que manteriam relação comercial com Furnas como supostas doadoras dos recursos que teriam sido entregues a políticos de diversos partidos e de vários estados brasileiros para custear as campanhas eleitorais no ano de 2002, de modo a sugerir que os recursos não teriam origem no caixa de Furnas. Seriam, portanto, “recursos não contabilizados”.”
“A doação ao Hospital de Três Pontas foi feita diretamente por FURNAS à Santa Casa de Misericórdia, a partir de verba da própria prevista no orçamento da companhia destinada a entidades filantrópicas. O processo de análise da referida doação teve tramitação absolutamente transparente, com a aprovação pela diretoria da estatal, registrada formalmente em ata de 02.abr.02. Mais: a proposta de doação partiu de outro diretor que não Dimas Fabiano Toledo e foi aprovada na gestão de seu antecessor na Presidência de Furnas.”
“A atuação de Furnas em projetos sociais é largamente conhecida, tanto é que agora, no período de 2011/2012, o Programa Eletrobrás Furnas Social destinará cinco milhões de reais para “as Instituições selecionadas e que estejam alinhadas com a Política de Responsabilidade Social de FURNAS”, conforme edital disponibilizado no site da empresa”.
“A doação foi feita fora do período eleitoral, sem qualquer relação com a campanha ou intermediação de Dimas Fabiano Toledo.”
“Outra incongruência evidente é que, nos papéis tidos como “Lista de Furnas”, os valores destinados à Minas Gerais teriam sido entregues ao que seria espécie de “tesoureiro” da campanha para repasse aos candidatos. Nesse contexto, ainda que por absurdo se desse crédito à malfadada lista, é absolutamente incoerente a afirmação do Deputado Antônio Júlio de que tivesse tratado do assunto diretamente com Dimas Fabiano Toledo.”
“Na verdade, o que se vê é o aproveitamento de valores coincidentes com o propósito de, mais uma vez, tentar emprestar artificiosamente credibilidade a documento material e ideologicamente falso a fim de atender objetivos puramente políticos. Como é natural, também convém à farsa a invocação de médico do hospital já falecido a título de suposta testemunha.”
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Dag Vulpi