quinta-feira, 21 de abril de 2011

Brasileiros temem surgimento de problema nuclear, segundo pesquisa

Postagem Dag Vulpi 21/04/2011 16:55
Flavia Bernardes

O Ibope constatou que mais da metade dos brasileiros mudou a sua opinião sobre o uso da energia nuclear no País e no mundo, após o terremoto e do tsunami que assolaram o Japão. Segundo o instituto de pesquisa, o vazamento nuclear em Fukushima, gerado pelas catástrofes naturais, criaram um sentimento global de insegurança.

Para chegar a esta conclusão, o Ibope fez pesquisas em 47 países com a ajuda da  Worldwide Independent Network of Market Research (WIN). Perguntados se temiam a ocorrência de um incidente nuclear no Brasil,  57% dos brasileiros afirmaram estar muito preocupados ou preocupados.

Com o resultado, o Brasil figura como o 13º país mais preocupado, em um ranking liderado por Marrocos (82%), China (81%), Geórgia (77%), Territórios Palestinos (73%) e Quênia (72%). A média global dos preocupados é de 49%.

A informação é que 27% dos brasileiros afirmaram estar muito preocupados, 30% preocupados; 13% mais ou menos preocupados; 15% nada preocupados e 2% não responderam que não sabiam dizer como se sentiam.

Ainda segundo o estudo, 54% dos brasileiros são contra o uso de energia nuclear, como uma das formas de gerar eletricidade para o mundo. Antes do terremoto do Japão, 49% eram contra.

Mundialmente, 43% dos entrevistados são hoje contrários ao uso da energia nuclear.

Espírito Santo
Após o acidente nuclear no Japão, outro ponto também foi discutido no País. O vazamento radioativo em Fukushima, no Japão,  trouxe à tona o debate sobre a instalação de uma usina no Espírito Santo.

Discutida desde 1979, a construção de uma usina no Estado foi reforçada em meados de 2010, com a retirada do Estado de São Paulo da disputa pelo empreendimento, mas aqui, dizem os ambientalistas, a usina não é bem- vinda.

O primeiro obstáculo a ser enfrentado pelo empreendimento, segundo a Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente, é a indisponibilidade hídrica, considerado fator fundamental para manter os reatores constantemente resfriados.

Enquanto São Paulo saiu do páreo devido ao risco de contaminação do Aquífero Guarani, o Estado se mantém na disputa mesmo diante da indisponibilidade hídrica, já atestada pelo governo do Estado. Segundo os estudos da Eletro nuclear, especificamente os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais estão entre as possibilidades para a construção de uma das usinas previstas pelo Projeto Nuclear Brasileiro para serem construídas até 2030 no Brasil.

No Espírito Santo, o sul do Estado está entre as áreas analisadas, mas, conforme já foi anunciado pelo governo do Estado, não há água suficiente na região para abastecer grandes empreendimentos. E, de acordo com informe do governo federal, em 2007, quando a construção das usinas nucleares voltou a ser debatida, para resfriar os reatores de uma das usinas de Angra dos Reis, é preciso “água, água e água”. E isso o Estado não tem, alertaram os ambientalistas.

Segundo o Greenpeace, o risco de a população aceitar uma usina nuclear implica impactos de liberação de radiação ao meio ambiente que não afeta apenas a população diretamente atingida na área. “A radioatividade perdura por várias gerações, tanto em organismos humanos quanto em terras que deixam de produzir alimentos ou servir de moradia a populações, como foi o caso em Chernobyl", disse o responsável pela campanha de energia do Greenpeace Brasil, Ricardo Baitelo, no site da ONG.

No Brasil, há atualmente duas usinas nucleares, um número irrisório se comparado ao Japão, que possui 55 plantas. Mas a informação é que o governo brasileiro planeja construir oito novas usinas nos próximos 20 anos. E, segundo o Greenpeace, um estudo com 40 locais que poderiam receber plantas nucleares  também vem sendo realizado pelo governo federal.

A informação é que, diante do grande potencial eólico do País, independentemente de qualquer ponto de vista – elétrico, econômico ou ambiental –, o Brasil não precisa de energia nuclear. Além de consumir muito dinheiro público e caminhar totalmente na contramão dos debates realizados em todo o mundo sobre as mudanças climáticas, tem o agravamento do problema do lixo radioativo, cuja produção é o principal impacto ambiental da energia nuclear, e que continua sem solução, em todo o mundo.

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