Por Dag Vulpi
Quem esperava
por uma reforma política moderna que acabaria com velhos e viciados costumes
pode começar a abandonar a esperança. Se o Congresso tivesse mesmo intenção de
reformar o processo político, teria constituído uma Comissão Mista de deputados
e senadores para examinar o assunto em poucos dias, e apresentar um relatório
sugestivo para discutir e promover mudanças até 30 de setembro deste ano, (obs.
Postagem feita em 30/03/2011) a tempo de as mudanças valerem nas eleições de
2012. Isto porque mudança na legislação eleitoral só vale depois de um ano de
aprovada.
É bom lembrar
que foi por isto que a Lei da Ficha Limpa não valeu nas eleições de 2010. Essa
lei foi aprovada depois de iniciado o processo eleitoral. Os ilustres
parlamentares criaram duas Comissões para estudar a reforma: uma no Senado, com
prazo de 45 dias para apresentar parecer sobre o assunto, e outra na Câmara,
com prazo de seis meses para opinar. Os deputados decidiram promover shows pelo
Brasil afora em audiências públicas promocionais intermináveis para ouvir a
população despolitizada sobre um assunto complexo como a reforma eleitoral.
Resultado: o Senado vai apresentar um parecer diferente do da Câmara e esta
formulará uma proposição recheada de indicações populares quiméricas,
irrealistas e inconstitucionais que só servirão para reforçar o impasse no
Congresso e transformar a tão sonhada reforma política em quimera irreal, sem
pé nem cabeça.
Impasse
Dois dos temas
que estão na pauta das discussões da Câmara e do Senado são: o fim das
coligações para disputas eleitorais proporcionais e da contagem proporcional de
votos em vigor desde a Constituição de 1945. Sem esses institutos os pequenos
partidos desaparecerão. Portanto, na hora da morte, todos os nanicos se unirão
contra essas propostas.
Sem
nada mudar
Essa conversa
de reforma política tem apenas uma finalidade: criar financiamento público de
campanhas eleitorais para que os partidos que já recebem dinheiro do Fundo
Partidário tenham mais grana pública para financiar eleição de deputados e
vereadores sem perder o direito de receber dinheiro de Caixa2 e de doadores
voluntários.
Coronelismo
Reforma
eleitoral é hoje um engodo que não passa de discurso político para ensacar
fumaça. Leva nada a lugar nenhum e não promoverá mudanças verdadeiras no
processo eleitoral. O coronel Limoeiro, de Pernambuco, diria, se fosse vivo:
”Meu filho, se essa cerca for esticada a gente passa por baixo; se for bamba ou
frouxa, a gente passa por cima”.
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Dag Vulpi