Desde
o final de 2014, o Brasil vem sendo submetido à retórica que propõe a
austeridade como único caminho para recuperar a economia. Com o objetivo de
melhorar as contas públicas e restaurar a competitividade da economia por meio
de redução de salários e de gastos públicos, a austeridade se sustenta em
argumentos controversos e até mesmo falaciosos.
Entre
os principais experimentos internacionais, vem predominando resultados
contraproducentes, não resultando em crescimento, tampouco equilíbrio fiscal. O
que sim é menos controverso é que tais experimentos têm como objetivo
redesenhar o papel do Estado para atender interesses velados. No Brasil, o
ajuste econômico ortodoxo, iniciado na gestão Levy, fracassou em retomar o
crescimento e estabilizar a dívida pública, contribuindo para lançar o país no
maior retrocesso econômico das últimas décadas. Não obstante, o ajuste ajudou a
criar as condições necessárias para mudança da correlação de forças políticas e
para impor ao país, passando ao largo do crivo das urnas, outro projeto de
sociedade. Nesse contexto, esse documento procede uma análise das finanças
públicas e política fiscal no Brasil, procurando esclarecer as principais
causas da atual crise fiscal, assim como desconstruir
simplificações e mitos, muitos dos quais baseados em argumentos econômicos
supostamente técnicos que sustentam a austeridade.
Da agenda Fiesp ao austericídio
• Enquanto no
quadriênio 2007-2010 o espaço fiscal foi canalizado prioritariamente para
investimentos públicos, no quadriênio 2011-2014 a taxa de investimento parou de
crescer e, em compensação, o governo elevou significativamente os subsídios e
desonerações ao setor privado. O governo fez uma aposta no setor privado e
acreditou que promoveria o crescimento econômico via realinhamento de preços
macroeconômicos e incentivos aos investimentos privados – a chamada agenda
FIESP. Ironicamente, a FIESP passou de beneficiada das políticas de um governo
para algoz do mesmo.
• Como
resposta ao cenário de piora nos indicadores fiscais provocada pela queda no
crescimento econômico e pelas desonerações, o segundo governo Dilma tem início
adotando a estratégia econômica dos candidatos derrotados no pleito de 2014, ou
seja, realizou um choque de preços administrados e um duro ajuste fiscal e
monetário, na esperança de que o setor privado retomasse a confiança e voltasse
a investir. Joaquim Levy foi o símbolo da implementação da austeridade
econômica no Brasil que consiste em uma política deliberada de ajuste da
economia por meio de redução de salários e gastos públicos para supostamente
aumentar lucros das empresas e sua competitividade, assim como tentar
estabilizar a trajetória da dívida, com resultados contraproducentes.
• O forte
ajuste fiscal, em uma economia já fragilizada, agravou os problemas existentes
e contribuiu para transformar uma desaceleração em uma depressão econômica. O
ajuste fiscal promovido se mostrou contraproducente, pois gerou aumento da
dívida pública e do déficit público.
• Em 2015, por exemplo, os investimentos
públicos sofreram queda real de mais de 40% no nível federal, o gasto de
custeio caiu 5,3%, e o governo não logrou a melhoria das expectativas dos
agentes econômicos que justificaria esse ajuste com vistas a retomar o
crescimento. Pelo contrário, a economia real só piorou e as expectativas se
deterioraram, apesar de toda a austeridade fiscal manifestada e praticada.
Naquele ano, apesar de todo o esforço do governo para reduzir as despesas, que
caíram 2,9% em termos reais, as receitas despencaram e o déficit ficou ainda
maior, evidenciando o caráter contraproducente do ajuste:
o austericídio.
• A virada
para a austeridade foi um remédio equivocado para os problemas pelos quais a
economia brasileira passava. O tratamento de choque fundado em uma contração
fiscal, um rápido ajuste na taxa de câmbio, um choque de preços administrados e
um aumento de juros contribuiu para criar a maior crise econômica dos últimos
tempos. Contudo, para determinados interesses políticos, o ajuste se mostrou
funcional ao gerar desemprego, queda de salários reais e assim mudar a
correlação de forças para favorecer a imposição de outro projeto de país, sem
passar pelo crivo das urnas.
Via http://brasildebate.com.br/
rsrs crivo das urnas,quem votou na dilma votou no Temer ! ou nao...
ResponderExcluireu nao votei...
PMDB sempre foi bom de voto.
Boa tarde, Meu caro Ivan Balbino.
ExcluirAgradeço a honra de sua visita e participação no meu blog.
Ao contrario de você eu votei sim no projeto de governo que elegeu a candidata do PT. Veja bem, eu votei no projeto de governo do PT e não nesse projeto que ai está, a pinguela para o fim do mundo. A desculpa de que quem votou na Dilma também votou no Temer não serve como justificativa, afinal, o Temer, deu um golpe em quem a ele confiou o voto, não pelo fato de ter havido alguma irregularidade com o processo de impeachment da presidente Dilma, ela foi cassada porque é fraca politicamente e permitiu se deixar ser cassada. Fosse outro, qualquer outro politico que estivesse no lugar dela, teria sabido o que devia fazer para evitar ser cassada. Os políticos brasileiros acostumaram-se a serem corrompidos, assim como funcionava em épocas anteriores. Foi assim quando o FHC comprou os votos dos parlamentares para que eles aprovassem à reeleição por ele proposta e, assim também foi no primeiro e até meados do segundo mandato de Lula, onde, no caso do mensalão, políticos, estes mesmos que agora votaram pelo impeachment de Dilma, vendiam seus votos, fosse para aprovar matérias que beneficiasse o povo, fossem projetos para se auto-beneficiarem. Portanto, faltou à Dilma um pouco de descaramento para ser mais uma e agir como todos agem, inclusive como está agindo o Temer para aprovar a toque de caixa todas as matérias que a ele, aos empresários e banqueiros interessam.
Abração