O
ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, disse hoje (7) que a busca do impeachment por
parte da oposição é um ato “perigoso” para o país e para a própria democracia.
Segundo o petista, que assumiu o cargo nesta quarta-feira, o impeachment não
pode ser usado como meio de luta política. Ele substitui Aloizio Mercadante,
que passa a ser o ministro da Educação.
“Considero
que o impeachment é um instrumento poderosíssimo para casos muito bem
determinados no texto constitucional. Por isso, acho um perigo as pessoas
trabalharem o impeachment como se fosse um instrumento de luta
política. Ele não trata de luta política. A luta política se trata no debate no
Parlamento, na eleição”, afirmou, em sua primeira entrevista coletiva na nova
função.
O
ministro criticou a postura daqueles que, segundo ele, têm agido com o objetivo
de “chegar ao impeachment”. “Isso, por si só, já está errado. Tomamos um
ano falando o tempo todo que se precisa construir oimpeachment, mas ninguém
constróiimpeachment, ninguém busca. Essa é a grande subversão na minha
opinião.”
Wagner
acrescentou que a redução da popularidade do governante não pode ser usada como
justificativa para tirá-lo do poder. “Significa dizer, se for tocada nessa
toada, que toda vez que se tiver um governo que está com a taxa de popularidade
baixa, com dificuldade na sua maioria congressual, é a oportunidade para o impeachment?
Acho [isso] um risco muito grande, principalmente, no ano em que a gente
comemora 30 anos de democracia ininterrupta. Respeito quem está pregando mas,
evidentemente, discordo porque acho que é um péssimo uso de uma ferramenta de
exceção.”
Jaques
Wagner disse que, neste momento, o principal desafio do governo é concluir a
reforma administrativa e criar um ambiente positivo para retomada do
crescimento. “O anúncio dos novos ministros e os cortes de ministérios são só o
começo. Qualquer economia não tem um processo de sustentabilidade definitivo. A
economia sempre recebe impacto até das economias de fora.”
TCU
Perguntado
sobre o pedido do governo de suspeição do ministro do Tribunal de Contas da
União (TCU) Augusto Nardes, relator das contas de 2014 do governo, Wagner disse
esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) acate a argumentação apresentada
pela Advocacia-Geral da União. "Esperamos que seja concedida essa liminar
na medida em que apontamos razões concretas do ponto de vista processual. Se a
liminar não vier, o ministro [Luís Inácio] Adams fará sua sustentação [no TCU]
e vamos aguardar o resultado. Seja qual for o resultado, o próximo passo será
na Comissão Mista do Orçamento, que é quem, definitivamente, fará o julgamento
ou preparará o voto para análise do plenário."
Wagner
ressaltou que, dentro do governo, não há o temor de que uma eventual rejeição
das contas do governo implique a abertura de um processo de impeachment.
"Qualquer governante espera a aprovação das suas contas, até porque não
existe nenhuma caracterização de dolo nas contas", disse. "Mesmo que
haja a rejeição das contas, que espero que não aconteça, isso não é sustentação
para nenhum pedido de processo", acrescentou.
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