Por Ludwig von Mises
Autores
socialistas e intervencionistas costumam dizer que a história do industrialismo
moderno, e especialmente a história da "Revolução Industrial" na
Inglaterra, constitui uma evidência empírica da procedência da doutrina
denominada "realista" ou "institucional", e refuta
inteiramente o dogmatismo "abstrato dos economistas".[1]
Os economistas
negam categoricamente que os sindicatos e a legislação trabalhista possam e
tenham beneficiado a classe dos assalariados e elevado o seu padrão de vida de
forma duradoura. Porém, dizem os antieconomistas, os fatos refutaram
essas ideias capciosas.
Segundo eles,
os governantes e legisladores que regulamentaram as relações trabalhistas
revelaram possuir uma melhor percepção da realidade do que os
economistas. Enquanto a filosofia do laissez-faire, sem piedade nem
compaixão, pregava que o sofrimento das massas era inevitável, o bom senso dos
leigos em economia conseguia terminar com os piores excessos dos empresários
ávidos de lucro. A melhoria da situação dos trabalhadores se deve, pensam
eles, inteiramente à intervenção dos governos e à pressão sindical.
São essas
ideias que impregnam a maior parte dos estudos históricos que tratam da
evolução do industrialismo moderno. Os autores começam esboçando uma
imagem idílica das condições prevalecentes no período que antecedeu a
"Revolução Industrial". Naquele tempo, dizem eles, as coisas eram, de
maneira geral, satisfatórias. Os camponeses eram felizes. Os
artesãos também o eram, com a sua produção doméstica; trabalhavam nos seus
chalés e gozavam de certa independência, uma vez que possuíam um pedaço de
jardim e suas próprias ferramentas. Mas, aí, "a Revolução Industrial
caiu como uma guerra ou uma praga" sobre essas pessoas.[2] O sistema fabril transformou o
trabalhador livre em virtual escravo; reduziu o seu padrão de vida ao mínimo de
sobrevivência; abarrotando as fábricas com mulheres e crianças, destruiu a vida
familiar e solapou as fundações da sociedade, da moralidade e da saúde
pública. Uma pequena minoria de exploradores impiedosos conseguiu
habilmente subjugar a imensa maioria.
A verdade é
que as condições no período que antecedeu à Revolução Industrial eram bastante
insatisfatórias. O sistema social tradicional não era suficientemente
elástico para atender às necessidades de uma população em contínuo
crescimento. Nem a agricultura nem as guildas conseguiam absorver a mão
de obra adicional. A vida mercantil estava impregnada de privilégios e
monopólios; seus instrumentos institucionais eram as licenças e as cartas
patentes; sua filosofia era a restrição e a proibição de competição, tanto
interna como externa.
O número de
pessoas à margem do rígido sistema paternalista de tutela governamental cresceu
rapidamente; eram virtualmente párias. A maior parte delas vivia, apática
e miseravelmente, das migalhas que caíam das mesas das castas privilegiadas.
Na época da colheita, ganhavam uma ninharia por um trabalho ocasional nas
fazendas; no mais, dependiam da caridade privada e da assistência pública
municipal. Milhares dos mais vigorosos jovens desse estrato social
alistavam-se no exército ou na marinha de Sua Majestade; muitos deles morriam
ou voltavam mutilados dos combates; muitos mais morriam, sem glória, em virtude
da dureza de uma bárbara disciplina, de doenças tropicais e de sífilis.[3]
Milhares de
outros, os mais audaciosos e mais brutais, infestavam o país vivendo como vagabundos,
mendigos, andarilhos, ladrões e prostitutos. As autoridades não sabiam o
que fazer com esses indivíduos, a não ser interná-los em asilos ou casas de
correção. O apoio que o governo dava ao preconceito popular contra a
introdução de novas invenções e de dispositivos que economizassem trabalho
dificultava as coisas ainda mais.
O sistema
fabril desenvolveu-se, tendo de lutar incessantemente contra inúmeros
obstáculos. Teve de combater o preconceito popular, os velhos costumes
tradicionais, as normas e regulamentos vigentes, a má vontade das autoridades,
os interesses estabelecidos dos grupos privilegiados, a inveja das guildas.
O capital fixo das firmas individuais era insuficiente, a obtenção de
crédito extremamente difícil e cara. Faltava experiência tecnológica e
comercial. A maior parte dos proprietários de fábricas foi à bancarrota;
comparativamente, foram poucos os bem-sucedidos. Os lucros, às vezes,
eram consideráveis, mas as perdas também o eram. Foram necessárias muitas
décadas para que se estabelecesse o costume de reinvestir a maior parte dos
lucros e a consequente acumulação de capital possibilitasse a produção em maior
escala.
A prosperidade
das fábricas, apesar de todos esses entraves, pode ser atribuída a duas razões.
Em primeiro lugar, aos ensinamentos da nova filosofia social que os
economistas começavam a explicar e que demolia o prestígio do mercantilismo, do
paternalismo e do restricionismo. A crença supersticiosa de que os
equipamentos e processos economizadores de mão de obra causavam desemprego e
condenavam as pessoas ao empobrecimento foi amplamente refutada. Os
economistas do laissez-faire foram os pioneiros do progresso
tecnológico sem precedentes dos últimos duzentos anos.
Um segundo
fator contribuiu para enfraquecer a oposição às inovações. As fábricas
aliviaram as autoridades e a aristocracia rural de um embaraçoso problema que
estas já não tinham como resolver. As novas instalações fabris
proporcionavam trabalho às massas pobres que, dessa maneira, podiam ganhar seu
sustento; esvaziaram os asilos, as casas de correção e as prisões.
Converteram mendigos famintos em pessoas capazes de ganhar o seu próprio
pão.[4]
Os
proprietários das fábricas não tinham poderes para obrigar ninguém a aceitar um
emprego nas suas empresas. Podiam apenas contratar pessoas que quisessem
trabalhar pelos salários que lhes eram oferecidos. Mesmo que esses
salários fossem baixos, eram ainda assim muito mais do que aqueles indigentes
poderiam ganhar em qualquer outro lugar. É uma distorção dos fatos dizer
que as fábricas arrancaram as donas de casa de seus lares ou as crianças de
seus brinquedos. Essas mulheres não tinham como alimentar os seus filhos.
Essas crianças estavam carentes e famintas. Seu único refúgio era a
fábrica; salvou-as, no estrito senso do termo, de morrer de fome.
É deplorável
que tal situação existisse. Mas, se quisermos culpar os responsáveis, não
devemos acusar os proprietários das fábricas, que — certamente movidos pelo
egoísmo e não pelo altruísmo — fizeram todo o possível para erradicá-la.
O que causava esses males era a ordem econômica do período
pré-capitalista, a ordem daquilo que, pelo que se infere da leitura das obras
destes historiadores, eram os "bons velhos tempos".
Nas primeiras
décadas da Revolução Industrial, o padrão de vida dos operários das fábricas
era escandalosamente baixo em comparação com as condições de seus
contemporâneos das classes superiores ou com as condições atuais do operariado
industrial. A jornada de trabalho era longa, as condições sanitárias dos
locais de trabalho eram deploráveis.
A capacidade
de trabalho do indivíduo se esgotava rapidamente. Mas prevalece o fato de
que, para o excedente populacional — reduzido à mais triste miséria pela
apropriação das terras rurais, e para o qual, literalmente, não havia espaço no
contexto do sistema de produção vigente —, o trabalho nas fábricas representava
uma salvação. Representava uma possibilidade de melhorar o seu padrão de vida,
razão pela qual as pessoas afluíram em massa, a fim de aproveitar a
oportunidade que lhes era oferecida pelas novas instalações industriais.
A ideologia
do laissez-faire e sua consequência, a "Revolução Industrial",
destruíram as barreiras ideológicas e institucionais que impediam o progresso e
o bem-estar. Demoliram a ordem social na qual um número cada vez maior de
pessoas estava condenado a uma pobreza e a uma penúria humilhantes. A
produção artesanal das épocas anteriores abastecia quase que exclusivamente os
mais ricos. Sua expansão estava limitada pelo volume de produtos de luxo
que o estrato mais rico da população pudesse comprar. Quem não estivesse
engajado na produção de bens primários só poderia ganhar a vida se as classes
superiores estivessem dispostas a utilizar os seus serviços ou o seu talento.
Mas eis que surge um novo princípio: com o sistema fabril, tinha início
um novo modo de comercialização e de produção.
Sua
característica principal consistia no fato de que os artigos produzidos não se
destinavam apenas ao consumo dos mais abastados, mas ao consumo daqueles cujo
papel como consumidores era, até então, insignificante. Coisas baratas, ao
alcance do maior número possível de pessoas, era o objetivo do sistema fabril.
A indústria típica dos primeiros tempos da Revolução Industrial era a
tecelagem de algodão. Ora, os artigos de algodão não se destinavam aos
mais abastados. Os ricos preferiam a seda, o linho, a cambraia. Sempre
que a fábrica, com os seus métodos de produção mecanizada, invadia um novo
setor de produção, começava fabricando artigos baratos para consumo das massas.
As fábricas só se voltaram para a produção de artigos mais refinados, e
portanto mais caros, em um estágio posterior, quando a melhoria sem precedentes
no padrão de vida das massas tornou viável a aplicação dos métodos de produção
em massa também aos artigos melhores.
Assim, por
exemplo, os sapatos fabricados em série eram comprados apenas pelos
"proletários", enquanto os consumidores mais ricos continuavam a
encomendar sapatos sob medida. As tão malfaladas fábricas que exploravam
os trabalhadores, exigindo-lhes trabalho excessivo e pagando-lhes salário de
fome, não produziam roupas para os ricos, mas para pessoas cujos recursos eram
modestos. Os homens e mulheres elegantes preferiam, e ainda preferem,
ternos e vestidos feitos pelo alfaiate e pela costureira.
O fato
marcante da Revolução Industrial foi o de ela ter iniciado uma era de produção
em massa para atender às necessidades das massas. Os assalariados já não
são mais pessoas trabalhando exaustivamente para proporcionar o bem-estar de
outras pessoas; são eles mesmos os maiores consumidores dos produtos que as
fábricas produzem. A grande empresa depende do consumo de massa. Em
um livre mercado, não há uma só grande empresa que não atenda aos desejos das
massas. A própria essência da atividade empresarial capitalista é a de
prover para o homem comum. Na qualidade de consumidor, o homem comum é o
soberano que, ao comprar ou ao se abster de comprar, decide os rumos da
atividade empresarial. Na economia de mercado não há outro meio de
adquirir e preservar a riqueza, a não ser fornecendo às massas o que elas
querem, da maneira melhor e mais barata possível.
Ofuscados por
seus preconceitos, muitos historiadores e escritores não chegam a perceber esse
fato fundamental. Segundo eles, os assalariados labutam arduamente em
benefício de outras pessoas. Nunca questionaram quem são essas
"outras" pessoas.
O Sr. e a Sra.
Hammond [citados na nota de referência número 2] nos dizem que os trabalhadores
eram mais felizes em 1760 do que em 1830.[5] Trata-se de um julgamento de valor
arbitrário. Não há meio de comparar e medir a felicidade de pessoas
diferentes, nem da mesma pessoa em momentos diferentes.
Podemos
admitir, só para argumentar, que um indivíduo nascido em 1740 estivesse mais
feliz em 1760 do que em 1830. Mas não nos esqueçamos de que em 1770
(segundo estimativa de Arthur Young) a Inglaterra tinha 8,5 milhões de
habitantes, ao passo que em 1830 (segundo o recenseamento) a população era de
16 milhões.[6] Esse aumento notável se deve
principalmente à Revolução Industrial. Em relação a esses milhões de
ingleses adicionais, as afirmativas dos eminentes historiadores só podem ser
aprovadas por aqueles que endossam os melancólicos versos de Sófocles: "Não
ter nascido é, sem dúvida, o melhor; mas para o homem que chega a ver a luz do
dia, o melhor mesmo é voltar rapidamente ao lugar de onde veio".
Os primeiros
industriais foram, em sua maioria, homens oriundos da mesma classe social que
os seus operários. Viviam muito modestamente, gastavam no consumo familiar
apenas uma parte dos seus ganhos e reinvestiam o resto no seu negócio.
Mas, à medida que os empresários enriqueciam, seus filhos começaram a
frequentar os círculos da classe dominante. Os cavalheiros de alta
linhagem invejavam a riqueza dos novos-ricos e se
indignavam com a simpatia que estes devotavam às reformas que estavam
ocorrendo. Revidaram investigando as condições morais e materiais de
trabalho nas fábricas e editando a legislação trabalhista.
A história do
capitalismo na Inglaterra, assim como em todos os outros países capitalistas, é
o registro de uma tendência incessante de melhoria do padrão de vida dos
assalariados. Essa evolução coincidiu, por um lado, com o desenvolvimento
da legislação trabalhista e com a difusão do sindicalismo, e, por outro, com o
aumento da produtividade marginal. Os economistas afirmam que a melhoria
nas condições materiais dos trabalhadores se deve ao aumento da quota de
capital investido per capita e ao progresso tecnológico decorrente
desse capital adicional. A legislação trabalhista e a pressão sindical,
na medida em que não impunham a concessão de vantagens superiores àquelas que
os trabalhadores teriam de qualquer maneira, em virtude de a acumulação de capital
se processar em ritmo maior do que o aumento populacional, eram supérfluas.
Na medida em que ultrapassaram esses limites, foram danosas aos
interesses das massas. Atrasaram a acumulação de capital, diminuindo
assim o ritmo de crescimento da produtividade marginal e dos salários.
Privilegiaram alguns grupos de assalariados às custas de outros grupos.
Criaram o desemprego em grande escala e diminuíram a quantidade de
produtos que os trabalhadores, como consumidores, teriam à sua disposição.
Os defensores
da intervenção do governo na economia e do sindicalismo atribuem toda melhoria
da situação dos trabalhadores às ações dos governos e dos sindicatos. Se
não fosse por isso, dizem eles, o padrão de vida atual dos trabalhadores não
seria maior do que nos primeiros anos da Revolução Industrial.
Certamente
essa controvérsia não pode ser resolvida pela simples recorrência à experiência
histórica. Os dois grupos não têm divergências quanto a quais tenham sido
os fatos ocorridos. Seu antagonismo diz respeito à interpretação desses
fatos, e essa interpretação depende da teoria escolhida. As considerações
de natureza lógica ou epistemológica que determinam a correção ou a falsidade
de uma teoria são, lógica e temporalmente, antecedentes à elucidação do problema
histórico em questão. Os fatos históricos, por si só, não provam nem
refutam uma teoria. Precisam ser interpretados à luz da compreensão
teórica.
A maioria dos
autores que escreveu sobre a história das condições de trabalho no sistema
capitalista era ignorante em economia e disso se vangloriava. Entretanto,
tal desprezo por um raciocínio econômico bem fundado não significa que esses
autores tenham abordado o tema dos seus estudos sem preconceitos e sem
preferência por uma determinada teoria; na realidade, estavam sendo guiados
pelas falácias tão difundidas que atribuem onipotência ao governo e consideram
a atividade sindical como uma bênção. Ninguém pode negar que os Webbs,
assim como Lujo Brentano e uma legião de outros autores menores, estavam, desde
o início de seus estudos, imbuídos de uma aversão fanática pela economia de
mercado e de uma entusiástica admiração pelas doutrinas socialistas e
intervencionistas. Foram certamente honestos e sinceros nas suas
convicções e deram o melhor de si. Sua sinceridade e probidade podem
eximi-los como indivíduos; mas não os eximem como historiadores. As
intenções de um historiador, por mais puras que sejam, não justificam a adoção
de doutrinas falaciosas. O primeiro dever de um historiador é o de
examinar com o maior rigor todas as doutrinas a que recorrerá para elaborar
suas interpretações históricas. Caso ele se furte a fazê-lo e adote
ingenuamente as ideias deformadas e confusas que têm grande aceitação popular,
deixa de ser um historiador e passa a ser um apologista e um propagandista.
O antagonismo
entre esses dois pontos de vista contrários não é apenas um problema histórico:
está intimamente ligado aos problemas mais candentes da atualidade. É a
razão da controvérsia naquilo que se denomina hoje de relações industriais.
Salientemos
apenas um aspecto da questão: em vastas regiões — Ásia Oriental, Índias
Orientais, sul e sudeste da Europa, América Latina — a influência do
capitalismo moderno é apenas superficial. A situação nesses países, de
uma maneira geral, não difere muito da que prevalecia na Inglaterra no início
da "Revolução Industrial". Existem milhões de pessoas que não
encontram um lugar seguro no sistema econômico vigente. Só a
industrialização pode melhorar a sorte desses desafortunados; para isso, o que
mais necessitam é de empresários e de capitalistas.
Como políticas
insensatas privaram essas nações do benefício que a importação de capitais
estrangeiros até então lhes proporcionava, precisam proceder à acumulação de
capitais domésticos. Precisam percorrer todos os estágios pelos quais a
industrialização do Ocidente teve de passar. Precisam começar com
salários relativamente baixos e com longas jornadas de trabalho. Mas,
iludidos pelas doutrinas prevalecentes hoje em dia na Europa Ocidental e na América
do Norte, seus dirigentes pensam que poderão consegui-lo de outra maneira.
Encorajam a pressão sindical e promovem uma legislação pretensamente
favorável aos trabalhadores. Seu radicalismo intervencionista mata no
nascedouro a criação de uma indústria doméstica. Seu dogmatismo obstinado
tem como consequência a desgraça dos trabalhadores braçais indianos e chineses,
dos peões mexicanos e de milhões de outras pessoas que se debatem
desesperadamente para não morrer de fome.
[1] A atribuição da
expressão "Revolução Industrial" ao período dos reinados dos dois
últimos reis da casa de Hanover — George III e George IV (1760-1830) — resultou
do desejo de dramatizar a história econômica, de maneira a ajustá-la aos
esquemas marxistas procustianos.* A transição dos métodos medievais de produção
para o sistema de livre iniciativa foi um processo longo que começou séculos
antes de 1760 e que, mesmo na Inglaterra, em 1830, ainda não tinha terminado.
Entretanto, é verdade que o desenvolvimento industrial na Inglaterra
acelerou-se bastante na segunda metade do século XVIII. Consequentemente,
é admissível usar a expressão "Revolução Industrial" ao se examinarem
as conotações emocionais que lhe foram imputadas pelo fabianismo, pelo marxismo
e pela Escola Historicista.
* Relativo a
Procusto, gigante salteador da Ática que, segundo a mitologia grega, despojava
viajantes e torturava-os deitando-os num leito de ferro: se a vítima fosse
maior, cortava-lhe os pés; se menor, esticava-a por meio de cordas até que
atingisse as dimensões do leito. O termo serve para metaforizar o ato de se
tentar ajustar arbitrariamente a realidade a um sistema ou teoria previamente
concebidos. (N.T.)
[3]
Na guerra dos Sete Anos, 1.512 marinheiros ingleses morreram em combate,
enquanto 133.708 morreram de doenças ou desapareceram. Ver W.L.Dorn,
Competition for Empire 1740-1763, Nova York, 1940, p.114.
[4]
No sistema feudal inglês, a maior parte da área rural constituía-se de campos e
florestas. Grande parte dessas áreas era utilizada para o cultivo de grãos e
criação de gado para consumo próprio. Com o advento da produção agrícola para o
mercado e não para o senhor feudal, essas terras começaram a ser cercadas e
apropriadas. Diversos atos do Parlamento, no século XVIII e parte do
século XIX, endossaram esse movimento, que tinha oposição das classes
inferiores. Tal situação resultou num aumento da produção agrícola e na
criação de um proletariado rural, que veio a se tornar a força de trabalho
usada pelas fábricas inglesas na "Revolução Industrial".
Ludwig
von Mises foi o reconhecido líder da Escola Austríaca de
pensamento econômico, um prodigioso originador na teoria econômica e um autor
prolífico. Os escritos e palestras de Mises abarcavam teoria econômica,
história, epistemologia, governo e filosofia política. Suas contribuições
à teoria econômica incluem elucidações importantes sobre a teoria quantitativa
de moeda, a teoria dos ciclos econômicos, a integração da teoria monetária à
teoria econômica geral, e uma demonstração de que o socialismo necessariamente
é insustentável, pois é incapaz de resolver o problema do cálculo econômico.
Mises foi o primeiro estudioso a reconhecer que a economia faz parte de
uma ciência maior dentro da ação humana, uma ciência que Mises chamou de
"praxeologia".
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