O impasse sobre a distribuição dos royalties do petróleo poderá fazer com que, pela primeira vez em sete anos, o Congresso Nacional derrube um veto presidencial.
Apesar de os vetos e a possibilidade de eles serem rejeitados estarem previstos na Constituição, tradicionalmente os parlamentares deixam o prazo para apreciá-los vencer sem análise no plenário.
Agora, porém, a mobilização de governadores, deputados e senadores torna cada vez mais próxima a quebra do precedente. Na próxima semana, as duas Casas devem referendar o requerimento de urgência para a apreciação dos vetos e, na seguinte, votar a possível derrubada.
Após se reunirem em Brasília, na terça-feira, para organizar um manifesto contra os vetos e a medida provisória da presidente Dilma Rousseff referentes ao projeto de royalties aprovado no Congresso, governadores de 23 estados e do Distrito Federal reforçaram a pressão aos parlamentares ontem.
Deputados e senadores reuniram-se com o presidente do Senado e do Congresso, José Sarney (PMDB-AP), e saíram do encontro confiantes. Sarney assegurou que o assunto poderá entrar em pauta na próxima terça, na sessão conjunta com a Câmara.
De acordo com o Regimento Interno do parlamento, o Congresso tem 30 dias para apreciar vetos presidenciais e a urgência da análise pode ser dada se houver um requerimento assinado pela metade mais um de cada Casa — 42 senadores e 257 deputados.
Até a noite de ontem, o senador Wellington Dias (PT-PI) havia coletado cerca de 50 assinaturas no Senado e o deputado Marcelo Castro (PMDB-PI) tinha em mãos o aval de bancadas de oito estados.
Argumentação
O principal argumento do grupo de estados não produtores é de que, ao contrário do que afirma o governo federal, o texto aprovado no Congresso não quebra contratos.
“Essa afirmação não se sustenta diante da constatação de que contratos que tratam disso são assinados entre a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e as empresas exploradoras, sem participação dos estados”, justificam os governadores no manifesto divulgado na terça.
O governo federal já estuda um eventual cenário desfavorável. A última vez que o Congresso derrubou vetos de um presidente foi em 2005, quando o governo tentou impedir o aumento de 15% que os parlamentares davam a si próprios.
“Isso vai judicializar a questão. A mecânica da separação de Poderes é esta: o Executivo faz uma coisa, o Congresso outra e, se houver dúvida, o Judiciário decide”, comentou o vice-presidente Michel Temer, em visita à Câmara.
Para o deputado Marcelo Castro, a tese de judicialização não se sustenta. “Não há motivo para questionamentos se estamos modificando os percentuais, não mexemos uma vírgula na exploração e isso não vai contra a lei”, destaca.
Com informações do Correio Braziliense
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi