Representantes da Aliança de Controle do
Tabagismo (ACT) e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica distribuíram
pizzas hoje (14) a funcionários do Ministério da Saúde em protesto contra a
falta de regulamentação da chamada Lei Antifumo, que vai completar um ano
amanhã (15).
Sancionada em 15 de dezembro de 2011 pela
presidenta Dilma Rousseff, a lei proíbe o fumo em locais coletivos fechados
privados ou públicos e os fumódromos (áreas reservadas a fumantes). A
regulamentação serve para definir, por exemplo, penalidades em caso de
desrespeito à lei.
Atualmente, legislações estaduais impedem o
fumo em locais fechados em Rondônia, São Paulo, no Rio de Janeiro, Amazonas, em
Roraima, na Paraíba e no Paraná. Os fumódromos ainda são permitidos em Alagoas,
na Bahia, no Ceará, Espírito Santo, em Goiás, no Maranhão, em Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, no Pará, Rio Grande do Sul, em Santa
Catarina, Sergipe, no Tocantins e no Distrito Federal. Acre, Piauí e Rio Grande
do Norte têm projetos de lei para a criação de ambientes livres de tabaco que
tramitam desde 2009.
“A ideia dessa manifestação, além de marcar
um ano sem a regulamentação da Lei Federal Antifumo, é mostrar para o governo
que ele não pode ceder a pressões do setor ligado à indústria do tabaco, que
vem buscando impedir a adoção de conceitos mais fortes, que são compromissos
assumidos internacionalmente pelo governo”, explicou o coordenador da Aliança
de Controle do Tabagismo, Guilherme de Almeida.
Para ele, experiências registradas em São
Paulo, no Rio de Janeiro e no Paraná demonstram o sucesso da lei. Dados da ACT
mostram que o índice de cumprimento das normas nesses estados é superior a 99%,
enquanto o apoio entre os próprios fumantes é acima de 80%.
“O governo federal está atrasado, está
demorando em levar adiante uma regulamentação que é simples e que já está
consolidada em alguns estados. Ele precisa trazer para nível federal para
evitar que as leis estaduais que vêm sendo questionadas corram risco de se
perderem.”
Já o presidente da Sociedade Brasileira de
Oncologia Clínica, Anderson Arantes Silvestrini, destacou que 30% das mortes
causadas por câncer estão diretamente ligadas ao tabagismo, além de uma série
de doenças como enfizema, infarto e embolia.
“A gente vê como urgentíssimo que essa lei
seja regulamentada ainda este ano. Não podemos completar mais um ano [sem a
regulamentação]”, disse. “Já que as pessoas não querem regulamentar, nada como
uma pizza para mostrar como as coisas acontecem e evoluem”, completou.
Silvestrini lembrou que o número de
tabagistas no Brasil caiu de 32% para 16% nos últimos 15 anos, mas que cerca de
20% de ex-tabagistas ainda vão ter alguma doença relacionada ao fumo. “E a
fumaça do tabaco é mais danosa até do que a que é tragada. Ela tem até 50 vezes
mais produtos cancerígenos. O fumante passivo vai ter uma série de doenças
decorrentes dessa exposição.” (Agência Brasil)
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