Dag Vulpi - 16/07/25
Você defende um Estado mínimo? Então, no fundo, você já está meio comunista sem saber! Karl Marx previu que, no estágio final do comunismo, o Estado desapareceria por completo – e isso soa bem parecido com o sonho dos liberais mais radicais. A diferença? Enquanto os libertários querem reduzir o Estado para dar espaço ao mercado, os comunistas querem extinguí-lo para construir uma sociedade sem classes, sem exploração e sem propriedade privada. Será que, no fim das contas, quem pede menos governo está, mesmo que sem querer, flertando com os ideais revolucionários de Marx? Descubra como a utopia comunista de uma sociedade sem Estado pode ser o destino final até mesmo para quem hoje defende o liberalismo extremo.
De acordo com Karl Marx, o comunismo representa a fase final da evolução histórica da sociedade, onde as classes sociais, a propriedade privada e o próprio Estado como instrumento de dominação deixariam de existir. Marx descreve esse processo em obras como O Manifesto Comunista (1848) e Crítica ao Programa de Gotha (1875), explicando como seria uma sociedade verdadeiramente comunista.
1. O Fim do Estado como Instrumento de Opressão
Para Marx, o Estado é uma ferramenta da classe dominante (burguesia) para manter o controle sobre a classe trabalhadora (proletariado). No capitalismo, ele serve para proteger a propriedade privada e garantir a exploração do trabalho.
No socialismo (fase de transição), o proletariado toma o poder e estabelece a "ditadura do proletariado", usando o Estado para eliminar os resquícios do capitalismo. Porém, após a plena realização do comunismo, o Estado perde sua função e "definharia" (conceito conhecido como "extinção do Estado").
2. Uma Sociedade Sem Classes
No comunismo pleno, não haveria mais:
Classes sociais (burguesia x proletariado);
Propriedade privada dos meios de produção (tudo seria coletivo);
Exploração do trabalho (o lema seria "De cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo suas necessidades").
Sem antagonismos de classe, o Estado não teria razão para existir, pois não haveria um grupo oprimindo outro.
3. Autogestão e Administração Coletiva
Em vez de um governo centralizado, a sociedade funcionaria por meio de:
Conselhos populares e assembleias de trabalhadores, tomando decisões de forma democrática e direta;
Planejamento econômico coletivo, sem a necessidade de um aparato estatal burocrático;
Cooperação voluntária, onde as pessoas trabalhariam não por obrigação, mas por consciência social.
4. Fim do Dinheiro e do Mercado
Como a produção seria organizada para atender às necessidades de todos, não haveria:
Dinheiro (os bens seriam distribuídos conforme a necessidade);
Mercado capitalista (não existiria competição, mas colaboração);
Lucro (a economia funcionaria para o bem comum, não para acumulação).
5. Uma Sociedade de Liberdade Plena
Marx acreditava que, sem Estado e sem classes, os indivíduos teriam:
Liberdade real, não apenas formal (como no liberalismo burguês);
Tempo para desenvolver suas potencialidades (arte, ciência, lazer);
Relações humanas baseadas na solidariedade, não na exploração.
Conclusão: O Comunismo como Utopia Concreta?
Para Marx, o comunismo não é apenas um sistema econômico, mas uma transformação radical da sociedade, onde o Estado desaparece e os seres humanos vivem em harmonia, sem exploração.
No entanto, críticos argumentam que essa visão é utópica, pois pressupõe uma mudança profunda na natureza humana e na organização social. Ainda assim, o debate sobre o fim do Estado continua influenciando movimentos sociais e teorias políticas até hoje.
Se alcançado, o comunismo seria uma sociedade sem governo coercitivo, sem propriedade privada e sem divisão de classes – um mundo onde, nas palavras de Marx, "o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos".