Cristina Indio
do Brasil - da Agência Brasil
O cientista
político, professor e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências
Sociais da PUC-Rio, Ricardo Ismael, disse que a renúncia do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência
da Câmara pode favorecer o governo do presidente interino, Michel Temer, com o
destravamento de votações que estavam paralisadas sob o comando do presidente
interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA).
Segundo
Ismael, com a eleição para a presidência da Câmara marcada para o dia 14 e a
possibilidade de que alguém da base aliada ao governo seja o escolhido, como o
deputado Rogério Rosso (PSD-DF), as pautas de interesse de Temer poderão
avançar e chegar à aprovação do plenário.
“Sai de cena
Eduardo Cunha, sai de cena Waldir Maranhão e aí começa a haver uma articulação
maior entre o Palácio do Planalto e a Câmara dos Deputados”, analisou.
Entretanto, o
cientista político não acredita na aprovação de medidas controversas até que o
julgamento do impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff seja concluído
pelo Senado Federal.
“O fato do
Rogério Rosso ser eleito como presidente da Câmara ajudaria no pós impeachment.
Até lá não vai ter nenhuma votação polêmica, porque dá margem ao discurso da
Dilma e do Lula [Luiz Inácio Lula da Silva] de criticar o governo Temer”,
disse. “Pode ser que fique até para depois das eleições [municipais], porque
depois que terminar o processo do impeachment vêm as eleições”, acrescentou
Ismael.
O cientista
político do Ibmec-RJ José Niemeyer também acredita que com Eduardo Cunha fora
da presidência da Câmara as votações na Casa terão mais celeridade, mas espera
que o eleito para o cargo seja um parlamentar que conheça bem o regimento
interno. “O [Waldir] Maranhão não conhece o regimento, não tem liderança em
relação aos deputados, não consegue encaminhar votação nenhuma. Estava muito
difícil na perspectiva política regimental”, criticou.
Prisão
Segundo
Niemeyer, com a Câmara sob o comando de Maranhão, havia um vácuo de poder no
Legislativo, com um presidente interino que não sabia comandar os trabalhos e
um afastado que poderia ser preso a qualquer momento.
Na avaliação
do cientista político, além da mudança institucional que a renúncia de Cunha
traz ao cenário político, a atitude pode abrir caminho para que o Supremo
Tribunal Federal decida sobre o pedido de prisão do parlamentar.
“Tenho a
impressão de que, como instituição, o Supremo ficou receoso de pedir a prisão
de alguém que ainda era presidente de outro Poder, mesmo que estivesse
afastado. Senti que o Supremo estava preparando um contexto institucional para
um pedido de prisão. Talvez agora fique mais fácil porque ele não é mais
presidente”, analisou.
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