Com todas atenções voltadas para o Conselho de Ética, a semana começa
com a expectativa de que, depois de seis meses em tramitação, seja
concluído o processo contra o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os 21
integrantes do colegiado começam a discutir e votar o parecer favorável a
seu afastamento na manhã desta terça-feira (7). Mas, o desfecho pode
ocorrer apenas na quarta ou quinta-feira, caso os debates se estendam
por horas e seja iniciada a Ordem do Dia no plenário da Casa, o que
impede que qualquer votação ocorra nas comissões.
Cunha é acusado
de ter mentido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras,
quando negou a existência de contas no exterior em seu nome, o que
poderia caracterizar quebra de decoro parlamentar. Havia a expectativa
de que o relator do caso, Marcos Rogério (DEM-RO), também incluísse em
seu parecer as acusações de recebimento de propina para viabilizar
contratos com estatais brasileiras. Mas, por orientação da Mesa
Diretora, Rogério não considerou essas denúncias no voto.
Sobre as contas, Cunha, que foi o responsável pela sua defesa no colegiado em 19 de maio, negou ser o titular
e afirmou que é apenas beneficiário dos recursos advindos de trustes. O
presidente afastado da Câmara, por decisão liminar do Supremo Tribunal
Federal (STF), afirmou que esta situação ficou “comprovada na instrução
do processo no conselho”.
Votação
O parlamentar aposta na rejeição do
relatório. Pelas contas de assessores do Conselho, Cunha tem 10 votos a
seu favor e ficaria nas mãos da deputada Tia Eron (BA), que substituiu
Fausto Pinato (PRB-SP) no colegiado, provocando a reação dos
parlamentares contrários a Cunha que consideraram a troca como uma
estratégia para reforçar o apoio ao acusado.
Se a deputada votar a
favor da cassação, o placar empatado por 10 a 10 pode ser definido pelo
presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA). Tia Eron, no
entanto, pode também pesar a balança a favor de Cunha, totalizando 11
votos a seu favor.
Caso seja aprovado, o parecer segue para a
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que não avalia o teor do texto,
mas deverá se pronunciar apenas sobre recursos que questionam a
tramitação do processo no Conselho de Ética.
Advogados do peemedebista apontam ilegalidades na tramitação
como supressão do amplo direito de defesa à análise de temas que não
fizeram parte do relatório preliminar e pedem que todo o trabalho seja
anulado, retomando da estaca zero. Pelas regras da Casa, recurso à CCJ
só pode ser estudado após a decisão final do Conselho.
Seguindo
para o plenário, a perda do mandato dependeria do voto de pelo menos 257
dos seus 513 deputados que vão decidir o futuro de Cunha por voto
aberto.
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