O ex-ministro
da Casa Civil, José Dirceu, pediu ao juiz federal Sérgio Moro para responder em
liberdade às acusações de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. O
apelo foi feito durante depoimento prestado à Justiça Federal no Paraná, na
última sexta-feira (29). Dirceu disse que vai colaborar com a Justiça sempre
que necessário e que não vai fugir do país. As declarações do ex-ministro foram
divulgadas hoje (1º) pela Justiça Federal.
“Eu
não consigo aceitar a minha prisão. Sei que tenho que obedecer a lei, obedeci,
estou preso, tenho bom comportamento, estou remindo. […] Estou sempre à
disposição da Justiça. Eu vou assumir o que eu tiver que assumir. Me considero
inocente, não saí do país. Não vou fugir do Brasil”, disse Dirceu.
O ex-ministro
também contestou o conteúdo das delações premiadas que o envolviam e se mostrou
preocupado com a “degradação do instituto da delação premiada”. A acusação
contra Dirceu e os demais denunciados se baseou nas afirmações de Milton
Pascowitch, em depoimento de delação premiada. O delator afirmou que fez
pagamentos em favor de Dirceu e Fernando Moura, empresário ligado ao
ex-ministro.
“Começa
a vazar parte das delações e eu fico exposto. O que eu quero é rejeitar as
delações premiadas, pra mim elas são imprestáveis, elas se contradizem”, disse Dirceu ao juiz.
Dirceu também disse ter errado quando não declarou no Imposto de Renda ter
recebido empréstimos de Pascowitch para reforma de uma casa e de um apartamento.
“Eu
posso ter errado, doutor Moro, mas não escondi isso [empréstimos de
Pascowitch]. Não é dinheiro da Petrobras. […] Ele reformou [os imóveis], eu
errei e estou pagando por isso agora, mas isso não quer dizer que eu sou chefe
de uma organização criminosa e que eu enriqueci”. Durante seu depoimento,
Dirceu também lembrou da sua condenação na Ação Penal 470, o processo do
mensalão.
“Eu
era e sou inocente dessa questão da Ação Penal 470. Eu nunca me conformei com
isso, vou recorrer. Recorri à Corte Internacional em San José, na Costa Rica”. Hoje, inclusive, Dirceu pediu
ao Supremo Tribunal Federal o perdão da pena definida no julgamento da
Ação Penal 470.
No depoimento
a Moro, Dirceu também negou
ter indicado o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, para o
cargo ou
ter recebido comissionamentos ou propinas oriundos de contratos da
Petrobras.
A acusação
contra Dirceu e os demais denunciados se baseou nas afirmações de Milton
Pascowitch em depoimento de delação premiada. O delator afirmou que fez
pagamentos em favor de Dirceu e Fernando Moura, empresário ligado ao
ex-ministro.
José Dirceu
está preso preventivamente desde agosto do ano passado em um presídio em
Curitiba. A defesa do ex-ministro disse que a denúncia é inepta, por falta de
provas. Conforme os advogados, a acusação foi formada apenas com declarações de
investigados que firmaram acordos de delação premiada.
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