sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Acusação diz 96% dos presos do Carandiru morreram após serem atingidos por tiros

 - O julgamento do Massacre do Carandiru, que ocorre no Fórum Criminal da Barra Funda, prossegue com a apresentação dos argumentos da acusação. Nesta sexta-feira (2), o promotor de justiça, Fernando Pereira Filho, mostrou estudo da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) apontando que morreram 96% dos presos que foram atingidos por disparos de armas de fogo durante a ação policial. Segundo a promotoria, isso comprova que os policiais militares acusados atiraram com a intenção de matar e não para se defender de um confronto.
Os promotores apresentaram também laudos do IML (Instituto Médico-Legal) que, para eles, apontam que houve “excesso criminoso” na ação dos acusados. O documento mostra que 90,4% das vítimas foram alvejadas na cabeça e pescoço. 
 
Durante a fase de interrogatórios, os réus disseram que o ambiente no interior do presídio tinha baixa visibilidade, em razão da fumaça preta das barricadas e da ausência de iluminação. “Se eles atiravam contra vultos, como acertaram cabeça e pescoço?”, questionou. Pereira ressaltou que os laudos mostravam que muitos dos tiros foram disparados a curta distância (menos de 30 cm). Os policiais acusados, por sua vez, disseram que agiram em legítima defesa. “De que modo essas vítimas receberam esses disparos enquanto atacavam os policiais?”, indagou Pereira.
 
Outro argumento do promotor para indicar que a responsabilidade das mortes no massacre decorre de ação coletiva foi a constatação trazida por laudo de que 71,6% dos tiros partiram de trajetórias distintas. Isso significa que um único preso recebeu tiros de vários policiais. “Foi ação coletiva, o grupo age em conjunto, um segura o escudo, outro lidera ação. E todos [os policias acusados] admitiram ter atirado”, disse. 
 
Para reforçar ainda mais sua tese, Fernando destacou o caso de uma vítima alvejada por nove disparos, sendo que oito foram transfixantes, ou seja, atravessaram o corpo (o projétil não ficou retido). O promotor questionou se seria justo que apenas o PM que efetuou o tiro que deixou o projétil retido fosse responsabilizado. O número de tiros em cada corpo foi calculado pela promotoria. Segundo Fernando, 86% dos mortos receberam três ou mais disparos, enquanto apenas 3,8% delas tiveram um disparo.
 
A ação que está sendo julgada ocorreu para reprimir rebelião em 1992 , que resultou em 111 detentos mortos e 87 feridos. Esse ficou conhecido como o maior massacre de presídios brasileiros. Nesta etapa, estão sendo julgados 25 policiais militares acusados.

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Dag Vulpi

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