O presidente
do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, recebeu ontem (20) advogados
de réus condenados na Ação Penal 470, o processo do mensalão. O encontro
foi possível porque o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, aceitou
convite de Barbosa para participar da audiência. O ministro é refratário à
ideia de receber advogados se a parte contrária não estiver presente, pois
acredita que isso é um benefício indevido.
Barbosa
recebeu os advogados do ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado e do
ex-assessor do PP João Cláudio Genu. Representante de Salgado, o ex-ministro da
Justiça Márcio Thomaz Bastos disse que solicitou a audiência para entregar um
memorial reforçando os argumentos já apresentados nos recursos conhecidos como
embargos declaratórios, que deverão ser julgados em breve.
“Trouxe um
memorial para entregar ao ministro-presidente, assim como vou entregar para
todos os ministros a respeito dos embargos de declaração, é só isso”, disse
Bastos. Ele não detalhou o teor do documento de 140 páginas, mas informou que
entre os pontos questionados encontram-se os critérios para fixação de penas.
Para o
advogado, os embargos declaratórios podem mudar uma decisão. No STF, isso
raramente ocorre, pois os ministros entendem que o recurso só deve esclarecer
pequenas omissões ou contradições. No recurso apresentado no começo do mês ao
STF, Thomaz Bastos disse que a pena aplicada a seu cliente é “elevadíssima” e “injusta”.
Tanto Thomaz
Bastos quanto Gurgel disseram que Barbosa se limitou a pegar o memorial e não
fez qualquer comentário. Eles também informaram que o presidente do STF não
mencionou prazo para levar os 26 embargos declaratórios ao plenário.
Ao deixar o
encontro, Gurgel voltou a afirmar que os embargos declaratórios não podem ser
usados para modificar decisões e lamentou o entendimento do STF de só haverá
prisões após o encerramento do processo. “A posição da PGR é no sentido de que
não se pode obter pelos embargos de declaração qualquer alteração na decisão
inclusive quanto à dosimetria da pena”.
Gurgel disse
que se limitou a acompanhar a entrega dos memoriais e que não se opõe à ideia
dos ministros receberem os advogados individualmente. “Os outros ministros não
estão obrigados a proceder desta forma. Isso depende de cada um dos ministros e
não há nada de inadequado que advogados sejam recebidos sem procurador”.
No final do dia, o advogado Marcelo Leal, que representa o ex-deputado Pedro Corrêa, entrou com recurso no STF pedindo que todos os réus com pelo menos um voto favorável tenham direito a entrar com embargos infringentes. Segundo o Regimento Interno do STF, o recurso que pede a revisão do julgamento só é admissível quando há pelo menos quatro votos pela absolvição.
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