Nicolás Maduro, candidato presidencial do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), concorre à frente de uma coalização formada por diversos partidos. Por este motivo, ele aparece 14 vezes na cédula eleitoral. Enquanto isso, seu opositor mais forte, Henrique Capriles, aparece apenas uma vez, no canto inferior esquerdo da cédula.
"Basicamente, esta é uma estratégia muito bem utilizada por Hugo Chávez. Ao se apresentar como a opção de outros partidos de esquerda mais moderados, cortava as oportunidades do candidato opositor", disse em entrevista ao Terra o professor de Ciências Políticas da Universidade Internacional da Flórida, Eduardo Gamarra.
O analista foi mais além e disse que é muito provável que Maduro e sua maquinaria estejam por trás disso, e não seria surpreendente que ele "esteja financiando parte da campanha para estes partidos". "Ainda que não seja uma prática legal, tampouco é explicitamente uma prática ilegal porque é muito difícil de provar que aconteceu", afirmou o professor.
Segundo Gamarra, financiar campanhas de outros partidos não é um caso isolado e ele diz já ter visto o mesmo ocorrer em outros países, inclusive nos Estados Unidos. Contudo, ele ressalta que a prática é um delito neste país.
Queda na diferença
Nós últimos, a diferença entre Maduro e Capriles diminuiu, segundo o instituto de pesquisa Datanálisis. A última enquete aponta que o candidato opositor cresceu 1,6 ponto percentual, reduzindo a vantagem do presidente interino para 7,2 pontos.
Para Gamarra, a queda se deve ao fato de "Maduro ter cometido erros, incluindo o do 'pajarito' (passarinho), mas isso não vamos ver até depois das eleições". No dia 2 de abril, durante comício na cidade natal de Chávez, Sabaneta, Maduro disse que o ex-presidente apareceu para ele em forma de passarinho e lhe deu sua bênção. O comentário foi alvo de piadas nas redes sociais .
Sem se importar com as críticas, Maduro começou a assobiar como um passarinho em seus comícios. Na última quinta-feira, no entanto, ele disse que deixaria de fazer a imitação alegando que isso não agradava alguns de seus simpatizantes.
Contudo, apesar das críticas a Maduro e do avanço nas pesquisas, Gamarra diz que Capriles não tem chances de ganhar, porque o "candidato segue sendo Chávez". "O que poderia prejudicar um candidato em um contexto normal não acontece na Venezuela, porque é um país extraordinariamente polarizado", afirmou.
Apesar de não acreditar em Capriles, Gamarra diz que o opositor teria a seu favor o fato de vir de uma campanha presidencial, e Maduro não. "O erro de Capriles fui desbaratar sua máquina de campanha após as eleições de outubro, ainda que tenha sido mais fácil recompô-la por terem passado apenas cinco meses", disse. "Maduro, por sua vez, não foi candidato, não é carismático, mas as pessoas reconhecem que foi o personagem mais leal a Chávez".
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