Pesquisa mostra que 42
das casas apostam em estabilidade, enquanto 38 projetam corte
Denise
Abarca, Flávio Leonel e Maria Regina Silva, da Agência Estado
SÃO
PAULO - A percepção da maioria dos economistas consultados pelo AE Projeções de
que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteria a Selic inalterada em 7,50%
nesta semana foi abalada nos últimos dias, mais precisamente após o discurso do
diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira, na
noite da última quinta-feira.
Desde
então, vários profissionais mudaram sua estimativa para a decisão do BC, de
manutenção para queda de 0,25 ponto porcentual, o que levou o serviço
especializado da Agência Estado a atualizar o seu levantamento sobre as
expectativas para a Selic em outubro e em 2012, originalmente publicado na
quinta-feira. Em dois casos, as instituições tornaram-se mais conservadoras a
respeito do resultado do Copom. Uma delas migrou de queda de 0,25 ponto para
estabilidade e outra, de redução de 0,50 ponto para 0,25 ponto.
A
pesquisa realizada ontem mostra um mercado mais dividido. De 80 casas
consultadas, 42 esperam Selic estável em 7,50% e 38 aguardam redução de 0,25
ponto. Na sondagem anterior, 56 de 81 instituições apostavam na manutenção da
taxa básica, enquanto 24 estimavam recuo do juro para 7,25% e uma para 7,00%.
Entre o levantamento original e o atual do AE Projeções, 16 casas alteraram de
alguma maneira a expectativa para o encontro do Copom. Procurada, a Ventor
Investimentos, que no levantamento anterior previa manutenção, informou que uma
eventual mudança está sendo discutida entre os economistas, mas ainda não havia
definido sua estimativa até o fechamento da pesquisa.
O
mercado ficou mais propenso a contar com outra nova rodada de afrouxamento
monetário com a fala do diretor do Banco Central em seminário na capital paulista.
Awazu disse que a economia mundial está passando por um "processo longo e
penoso de desalavancagem", relacionada aos desdobramentos da crise
internacional. Ainda segundo ele, a perspectiva é de um longo período de
"crescimento medíocre" nas principais economias.
Não
passou despercebido o fato de que, em agosto de 2011, dias antes de o Copom
surpreender o mercado invertendo o ciclo monetário de alta para queda da Selic,
Awazu ter feito comentários pessimistas sobre o cenário da economia global, em
discurso realizado num evento da BM&FBovespa.
Na
ocasião, mesmo ressaltando que a crise mundial não indicava que a economia
global estaria "à beira de colapso", o diretor destacou que havia
"riscos altos de recessão".
Na
sexta-feira, nas mesas de renda fixa, o mercado de juros futuros passou a
precificar 100% de chance de uma nova redução da Selic em outubro e também
alguma possibilidade de que o processo se estenda até novembro. Entre os
economistas, o processo foi mais moderado, mas vale destacar que muitos
profissionais, embora não tenham alterado oficialmente sua projeção, admitem
que o discurso do diretor aumentou a possibilidade de mais um recuo do juro.
Para
o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, as declarações de Awazu
acabaram sinalizando um novo corte de juros, desta vez com uma magnitude menor.
Por isso, Oliveira modificou sua expectativa anterior, de manutenção da Selic
em 7,50% para uma redução de 0,25 ponto porcentual. "De fato, o teor da
apresentação (de Awazu) traçou um cenário bastante desfavorável para a
atividade econômica global", avaliou. "Acredito que o viés
desinflacionário de médio prazo, dada a fraqueza da economia mundial, ganhou um
peso bastante relevante nas últimas semanas, na avaliação deste diretor especificamente",
disse.
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