Pelo
menos cinco ministros do
Supremo Tribunal Federal (STF) sinalizaram que a configuração de
compra de apoio político no Congresso Nacional entre 2003 e 2004 não
será suficiente para anular as reformas legislativas ocorridas na
época. A discussão sobre o assunto ocorreu no final da sessão
desta terça-feira para julgamento do processo do
mensalão.
O
assunto já havia sido abordado anteriormente pelo ministro Ricardo
Lewandowski, revisor da ação, durante uma discussão sobre o
alcance do voto dos ministros sobre o crime de corrupção passiva.
Para ele, não ficou comprovado se há elo entre o oferecimento de
propina e a votação nas reformas previdenciária e tributária, mas
a maioria dos ministros pensa o contrário. "Se esse plenário,
no trânsito em julgado, entender que houve fraude na reforma
tributária e previdenciária, aí, surge a questão da nulidade",
disse Lewandowski.
Hoje,
o assunto foi retomado pelo ministro Gilmar Mendes, que entendeu que
a legalidade das reformas está mantida. Embora sem adiantar votos, o
posicionamento foi seguido pelos ministros Luiz Fux, Rosa Weber e
pelo relator do processo, ministro Joaquim Barbosa.
Lewandowski
concordou com os colegas, mas disse que a questão "se revela
muito problemática". O presidente da Corte, Carlos Ayres
Britto, disse que só vai falar sobre o assunto amanhã, quando votar
nos casos de corrupção ativa.
As
reformas previdenciária e tributária foram aprovadas no segundo
semestre de 2003, com apoio do PP, PTB, PL (atual PR) e do PMDB. O
STF já definiu que líderes desses partidos foram corrompidos pelo
esquema conhecido como mensalão.
O
mensalão do PT
Em
2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento
no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal
Roberto Jefferson (PTB) e que ficou conhecido como mensalão. Segundo
ele, parlamentares da base aliada recebiam pagamentos periódicos
para votar de acordo com os interesses do governo Luiz Inácio Lula
da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou
o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo
cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos
públicos até 2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou
como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o
ex-deputado e ex- presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do
partido Delúbio Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira.
Todos foram denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino
e Delúbio respondem ainda por corrupção ativa.
Em
2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da
República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso.
Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em
até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene,
ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na
denúncia.
O
relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do
suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus
sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além
das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza
Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de
quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A
então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José
Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram
denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e
lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia,
Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro
e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação
(Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de
Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por
peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a
processo por peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A
denúncia inclui ainda parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB.
Entre eles o próprio delator, Roberto Jefferson.
Em
julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações
finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus
restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz
Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto
Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
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