Neilson
Castelo de Oliveira disse que está arrependido pelo que fez.
Equipe de reportagem foi agredida por militantes no comitê do PR.
Equipe de reportagem foi agredida por militantes no comitê do PR.
O
professor de educação física, Neilson Castelo de Oliveira, que
foi exonerado
na manhã desta terça-feira (30), pela prefeitura de Vila Velha,
na Grande Vitória, confessou que tentou agredir o cinegrafista duas
vezes, mas que não chegou a machucá-lo. Após ser dispensado de um
cargo na Secretaria de Saúde do município, o professor conversou
com o G1 por
telefone e se mostrou arrependido pela atitude. O funcionário foi
identificado pela polícia, vestindo camisa vermelha, através de
imagens gravadas por emissoras de TV que estavam no momento da
agressão e por câmeras da prefeitura. A Polícia Civil informou que
outras duas pessoas também foram identificadas e serão ouvidas nos
próximos dias.
"As
imagens são claras. Da minha parte, mostra duas tentativas de
agressão. Foi um impulso, a adrenalina do momento me levou a isso.
Perdi meu controle emocional naquele momento. Quero deixar claro que
as agressões não começaram por mim e também não sei o motivo de
tanto ódio daquelas pessoas com a imprensa", defendeu-se
Neilson Castelo.
A
violência aconteceu neste domingo (28), no comitê do Partido da
República (PR), em Vila Velha,
após a derrota de Neucimar Fraga (PR). O cinegrafista e o repórter
André Falcão foram agredidos por simpatizantes do atual prefeito
com chutes e socos. Martins caiu desmaiado e foi ferido em uma perna.
Ele foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(Samu) e hospitalizado.
Após
o ocorrido, o professor contou que pretende procurar o cinegrafista
Wagner Martins para se desculpar pelo ocorrido. "Sou um homem de
bem, trabalhador, inclusive apóio o trabalho da imprensa. Minha
equipe de trabalho sabe como eu sou. Sobre tudo isso, peço desculpas
aos meus familiares, alunos, amigos, e ainda quero procurar o
cinegrafista para me redimir", disse.
Neilson
também confessou estar envergonhado com a exposição das imagens na
imprensa capixaba. "Estou saindo de um cargo que o contrato
terminaria em dezembro, mas lamento essa exoneração. Entrei nesse
cargo através de processo seletivo, não era comissionado, mas acho
que a prefeitura tomou essa atitude para optar por um lado nessa
história", alegou o professor.
Cinegrafista passou por exames de corpo de delito nesta segunda-feira (29) (Foto: Reprodução/TV Gazeta) |
Investigações
O
delegado Alexandre Passos, da Delegacia Patrimonial, responsável
pelo caso, informou que os agressores podem responder por crime de
lesão corporal ou por lesão corporal de natureza grave. A pena para
esses crimes pode variar de dois a oito anos de prisão. Os suspeitos
serão intimados ao longo da semana para prestar esclarecimentos. Já
as vítimas devem comparecer à delegacia para prestar depoimentos
nesta quarta-feira (31).
“As
investigações já se iniciaram. No
momento, nós estamos aguardando o encaminhamento, pelo Departamento
Médico Legal (DML) da Polícia Civil, dos laudos para comprovar a
materialidade da lesão corporal sofrida. Ao mesmo passo, também
aguardamos os laudos policiais referentes ao dano aos equipamentos do
cinegrafista. Temos a identificação dos suspeitos, mas falta,
ainda, a qualificação”, disse o delegado.
Segundo
o atual prefeito Neucimar Fraga, um outro agressor, que está de
camisa preta e tem cabelos longos, é um militante do Partido
Socialista Brasileiro (PSB) e não tem ligação direta com sua
gestão. Ele identificou também o jovem que empurrou o cinegrafista
pelas costas. O rapaz, segundo o prefeito, é filho de uma ambulante
que trabalhava vendendo pipoca na frente do comitê ao longo da
campanha eleitoral.
Isenção
jornalística
Os
profissionais da Rede Gazeta seguem um guia, entregue pela empresa
antes do início da cobertura eleitoral, em que estão os princípios
básicos para um trabalho de qualidade: isenção e imparcialidade.
Neste guia, a Rede Gazeta deixa claro que não possui candidatos e a
cobertura eleitoral feita pela empresa foi regida por estes
princípios.
Os
veículos da Rede Gazeta, sendo o portal G1, o telejornal ESTV, a
rádio CBN e o jornal A Gazeta, entrevistaram os candidados do
segundo turno Rodney Miranda e Neucimar Fraga com espaços iguais na
cobertura de campanha, inclusive durante o primeiro turno.
Dentre
as pesquisas de intenção de votos divulgadas pelo jornal, uma era
liderada por Rodney Miranda, e diversas outras por Neucimar Fraga. O
portal G1 e o telejornal ESTV também divulgaram as agendas dos
candidatos, enviadas pelas assessorias de imprensa.
Cabos eleitorais de Neucimar Fraga agridem cinegrafista da TV Gazeta (Foto: Carlos Alberto Silva/ Jornal A Gazeta) |
Notas
de repúdio
O
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Espírito Santo
(Sindijornalistas/ES) se manifestou sobre o caso através de uma nota
de repúdio, afirmando que "por se tratar de uma atitude
antidemocrática e violenta por parte dos correligionários do
partido do atual prefeito, durante o trabalho da imprensa que apenas
visava levar informações de interesse público para a população".
O Sindicato ainda disse que "trata-se de um caso de polícia e
que todas as providências serão tomadas para que os responsáveis
sejam punidos".
O
Sindicado dos Radialistas do Espírito Santo divulgou nota dizendo
que "o estado democrático de direito não comporta esse tipo de
atitude". A nota diz: "Já vai longe o tempo em que os
coronéis de plantão comandavam suas tropas contra os profissionais
da imprensa". O sindicato prometeu processar criminalmente os
envolvidos nas agressões.
A
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert)
também se manifestou por meio de nota e "condenou com veemência
a agressão ao cinegrafista e considera gravíssimo o episódio, por
se tratar de um atentado contra um princípio fundamental do Estado
democrático de direito, que é garantia a liberdade de imprensa. A
Abert espera apuração rigorosa pelas autoridades do Estado".
A
Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES) classificou
a agressão como "lastimável e vergonhosa". "É
importante que esse fato não caia no esquecimento. Você começa
agredindo um jornalista e depois passa a impedir a livre circulação
de ideias. Isso é um atentado à democracia", destacou o
presidente da OAB-ES, Homero Mafra.
A
ONG Transparência Capixaba também se manifestou. Em nota,
classificou a agressão como "um ato irracional, injusto,
absurdo e que agride a democracia. A transparência capixaba pede
punição e cobra o acompanhamento da polícia, do Ministério
Público e da Justiça". (Do G1 ES)
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