Após
ser condenado no julgamento
do mensalão,
o deputado Valdemar
Costa Neto (SP)
foi reconduzido ao cargo de secretário-geral na executiva nacional
do Partido da República (PR, antigo PL). Condenado no Supremo
Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem
de dinheiro, Costa Neto foi mantido no cargo no último domingo em
reunião da executiva em Brasília. O senador Alfredo Nascimento (AM)
foi reconduzido ao cargo de presidente no mesmo encontro.
O
estatuto do partido permite que Costa Neto permaneça no cargo pelos
próximos quatro anos. De acordo com a assessoria da legenda, o fato
de ser réu na ação penal 470 não impede o deputado de prosseguir
como dirigente.
Considerado
um dos políticos mais influentes do PR, Costa Neto foi absolvido do
crime de formação de quadrilha depois que os ministros
decidiram que o placar de empate beneficia os réus.
Na denúncia, o Ministério Público (MP) afirma que o deputado
recebeu R$ 8,8 milhões do "valerioduto" para capitanear o
apoio do Partido Liberal (PL) à base de sustentação do governo do
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O
mensalão do PT
Em
2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento
no suposto esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal
Roberto Jefferson (PTB)
e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da
base aliada recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com
os interesses do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o
escândalo, o deputado federal José Dirceu deixou o cargo de chefe
da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo cassado pelos
colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até 2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou
como operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o
ex-deputado e ex- presidente do PT José
Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram
denunciados por formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio
respondem ainda por corrupção ativa.
Em
2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da
República para não ser mais processado no inquérito sobre o caso.
Com isso, ele teria que fazer 750 horas de serviço comunitário em
até três anos e deixou de ser um dos 40 réus. José Janene,
ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de figurar na
denúncia.
O
relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do
suposto esquema era composto pelo empresário Marcos Valério e seus
sócios (Ramon Cardoso, Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além
das funcionárias da agência SMP&B Simone Vasconcelos e Geiza
Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes: formação de
quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A
então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José
Roberto Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram
denunciados por formação de quadrilha, gestão fraudulenta e
lavagem de dinheiro. O publicitário Duda Mendonça e sua sócia,
Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de dinheiro
e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação
(Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de
Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por
peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a
processo por peculato,
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda
parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio
delator, Roberto Jefferson.
Em
julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações
finais do processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus
restantes. Ficaram de fora o ex-ministro da Comunicação Social Luiz
Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro do Partido Liberal (PL) Jacinto
Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de provas.
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