Alguns
dos nossos hábitos básicos são primordiais para refletir os princípios da nossa
eficiência. Eles representam a interiorização dos princípios corretos nos quais
se baseiam o sucesso e a felicidade.
Precisamos
entender nossos "paradigmas", e aprender a fazer uma "mudança
paradigmática".
Tanto
a Ética da Personalidade quanto a do Caráter são exemplo de paradigmas sociais.
A palavra paradigma (do grego parádeigma) literalmente modelo, é
a representação de um padrão a ser seguido.
Na
origem, era um termo científico, mas hoje é usada comumente para definir um
modelo, teoria, percepção, pressuposto ou modelo de referência. Em um sentido
mais geral, é a maneira como "vemos" o mundo - não no sentido visual,
mas sim em termos de percepção, compreensão e interpretação.
Dentro
de nossos objetivos, um modo simples de entender os paradigmas é vê-los como um
mapa. Todos sabem que "um mapa não é um território". Um mapa é
simplesmente a explicação de certos aspectos do território. Um paradigma é
exatamente isso. Uma teoria, uma explicação, um modelo de alguma outra coisa.
Suponha
que você queira ir até um local específico, no centro de Vitória. Uma
planta com as ruas da cidade seria de grande ajuda para se chegar ao destino. Mas
suponha que você tenha o mapa errado. Em função de um erro de impressão, o mapa
onde estava escrito "Vitória" fosse na verdade um mapa de Vila Velha.
Você pode imaginar a frustração e a ineficiência na tentativa de atingir o
objetivo desejado?
Uma
pessoa pode modificar seu comportamento. Tentar com mais empenho, ser mais
diligente, aumentar seu ritmo. Tais esforços, entretanto, só serviriam para
levá-la mais depressa ao lugar errado. Uma pessoa pode modificar sua atitude,
pensando de forma mais positiva. Mesmo assim não chegará ao lugar certo, o que
pode não fazer diferença. Se a atitude for mesmo otimista, a pessoa será feliz
onde estiver. De qualquer modo, ainda estará perdida. O problema fundamental
não tem nada a ver com o comportamento ou com a atitude. Ele se resume em
utilizar o mapa errado.
Se
a pessoa tem o mapa certo para Vitória, aí a diligência torna-se valiosa, e,
quando surgem os obstáculos frustrantes, ao longo do caminho, então a atitude
faz realmente diferença. Contudo, a exigência primordial e mais importante é a
exatidão do mapa.
Cada
um de nós tem, dentro da cabeça, muitos e muitos mapas, que podem ser divididos
em duas categorias principais: mapas do modo como as coisas são, ou da
realidade, e mapas do modo como as coisas deveriam ser, ou dos valores.
Interpretamos todas as nossas experiências a partir destes mapas mentais.
Raramente questionamos sua exatidão, com freqüência nem percebemos que os
utilizamos.
Apenas
assumimos que a maneira como vemos as coisas equivale ao modo como elas
realmente são ou deveriam ser. Assim,
nossas atitudes e comportamentos derivam destes pressupostos. A maneira como
vemos o mundo é a fonte de nossa forma de pensar e agir.
Antes
de prosseguir, gostaria de convidá-lo para uma experiência intelectual e
sensorial. Concentre-se durante alguns segundos no desenho abaixo e descreva
cuidadosamente o que está vendo.
Conseguiu
identificar uma mulher? Qual a idade dela, em sua opinião? O que diria de sua
aparência? O que está vestindo? Quais as atividades adequadas para ela?
Você
poderá dizer que a mulher tem 25 anos de idade, é bonita, veste-se bem e tem um
nariz pequeno encantador.
E
se eu dissesse que você está totalmente errado? E se eu dissesse que este
desenho mostra uma mulher de 60 anos ou mais, com ar cansado, um nariz imenso?
Alguém a quem se oferece ajuda na hora de atravessar a rua?
Quem
tem razão? Olhe novamente para o desenho. Consegue ver a velha agora?
Caso
não consiga, continue tentando. Viu o nariz grande, adunco? E o xale?
Se
você e eu estivéssemos conversando, face a face, poderíamos discutir o desenho.
Você
descreveria o que vê para mim, e eu poderia falar sobre o que estou vendo.
Poderíamos
continuar nos comunicando até que você me mostrasse claramente o que está vendo
no desenho, e eu fizesse o mesmo.
Tive
contato com este desenho pela primeira vez há muitos anos, na Faculdade. O
professor o utilizou para demonstrar de forma clara e eloqüente que duas
pessoas podem ver a mesma coisa, discordar, e ter razão, simultaneamente. Isso
não é lógico, é psicológico. Ele entrou na sala de aula com uma pilha de
cartões grandes e distribuiu-os entre os alunos da classe. Ele nos pediu que
olhássemos para os cartões, permanecendo concentrados neles por cerca de dez
segundos, devolvendo-os em seguida. Depois disso ele projetou em uma tela o
desenho. Aí pediu à classe que descrevesse o que via.
As
pessoas da sala que viram a moça no cartão a identificaram na imagem projetada.
E praticamente todos que viram a velha no cartão a identificaram na projeção.
O
professor então pediu a um estudante que explicasse o que estava vendo para um
estudante que divergira de sua opinião, e conforme eles conversaram, os
problemas de comunicação apareceram.
-
Como assim, "uma velha?" Ela deve ter uns 20 ou 22 anos!
-
Ei, espere aí! Você está brincando. Ela tem mais de 70, deve estar beirando os
80!
-
Puxa, você ficou cego? Tem algum problema? Esta rnulher é jovem, tem boa
aparência. Gostaria de sair com ela. É linda!
-
Linda? Ela é um canhão.
A
discussão prosseguiu, cada um dos estudantes certo e seguro de sua posição.
Tudo isso aconteceu apesar de haver uma vantagem muito importante para os
estudantes: sabiam que existia, realmente, outro ponto de vista. Isso é algo
que muita gente jamais admitiria. Mesmo assim, no início, poucos estudantes
tentaram ver o desenho a partir de outra perspectiva.
Depois
de alguns instantes de comunicação inútil, um estudante foi até a tela e
apontou para uma linha do desenho:
-
Eis aqui o colar da moça.
-
Não, isso é a boca da velha - retrucou o outro.
Gradualmente,
eles começaram a discutir com mais calma os pontos discrepantes, e finalmente
um estudante, depois outro, se esclareceu, ao conseguir focalizar as duas
imagens. Graças ao diálogo calmo, respeitoso e objetivo, cada um dos presentes
foi finalmente capaz de entender o ponto de vista do outro. Mas quando
olhávamos para o outro lado, e depois para o desenho projetado na tela, a
maioria via imediatamente a imagem que havia sido condicionado a ver nos dez
segundos iniciais de observação.
Utilizo
com freqüência esta demonstração de percepção quando estou trabalhando com
pessoas, porque ela fornece elementos profundos para a compreensão tanto da
eficiência pessoal como da interpessoal. Ela mostra, antes de tudo, o quanto
nossa percepção pode ser profundamente condicionada, ou nossos
paradigmas.
Se
dez segundos podem ter tal impacto em nossa maneira de ver as coisas, o que
dizer dos condicionamentos que duram a vida inteira?
As
influências marcantes em nossas vidas - família, escola, religião, ambiente de
trabalho, amigos, colegas e paradigmas sociais em vigor, como a Ética da
Personalidade – foram responsáveis por um impacto inconsciente e silencioso em
nossas mentes, ajudando a formar nossos quadros de referências, paradigmas e
mapas.
Podemos
concluir também que estes paradigmas são a nossa fonte de atitudes e
comportamentos. Afastados deles, não podemos agir com integridade. Simplesmente
não temos como manter a coerência se falamos e agimos em discordância com
aquilo que vemos. Se você faz parte dos que vêem a moça no desenho quando
condicionados a fazê-lo, indubitavelmente sentirá dificuldade em se imaginar
ajudando-a a atravessar uma rua. Tanto sua atitude quanto seu comportamento em
relação a ela precisam ser coerentes com seu modo de olhar para ela.
Isso
nos leva a um dos defeitos básicos da Ética da Personalidade.
Tentar
modificar as atitudes e comportamentos exteriores não adianta muito a longo
prazo, se deixamos de examinar os paradigmas básicos a partir dos quais estas
atitudes e comportamentos são gerados.
A
demonstração da percepção também revela a intensidade com que nossos paradigmas
interferem no modo como interagimos com outra pessoa. Pensamos que vemos as
coisas claras e objetivamente, e depois nos damos conta que os outros as vêem
de modo aparentemente tão claro e objetivo quanto o nosso. "O que vemos
depende de onde estamos”.
Cada
um de nós tem tendência para pensar que vê as coisas como elas são
objetivamente. Mas não é bem assim.
Vemos
o mundo, não como ele é, mas como nós somos - ou seja, como fomos condicionados
a vê-lo. Quando abrimos a boca para descrever o que vemos, na verdade
descrevemos a nós mesmos, nossas percepções e paradigmas. Quando as outras
pessoas discordam de nós, imediatamente achamos que há algo de errado com elas.
No entanto, como exemplificado pela demonstração, pessoas sinceras, com a
cabeça no lugar, podem ver as coisas de modo diferente, cada uma delas olhando
o mundo através das lentes específicas de sua própria experiência.
A
interpretação que cada pessoa dá a aos fatos revela experiências anteriores, e
os fatos não possuem significados algum quando separados da interpretação dada
a eles.
Quanto
mais nos conscientizamos de nossos paradigmas, mapas ou pressupostos básicos, e
do quanto somos influenciados por nossas experiências, mais responsabilidade
podemos assumir por estes paradigmas, mais podemos examiná-los, testá-los em
confronto com a realidade, ouvir a opinião dos outros e nos abrirmos para os
conceitos alheios, obtendo deste modo um quadro mais amplo e uma visão mais
objetiva.
Pois é Dagmar, por isso a educação, o conhecimento e a liberdade de expressão são bens de direito de cada ser humano e que todo governo deveria zelar ! Só com esses três alicerces podemos buscar paradigmas consistentes e crescer como ser humano!
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