Por Bruno André Blume*
Já faz anos
que uma das principais demandas dos brasileiros é a melhoria dos serviços de saúde e educação. Esses
serviços possuem qualidade inferior àquela esperada pela maior parte da
população. Uma solução frequentemente apresentada para essa questão é
o aumento dos gastos do
governo com essas áreas. Em 2014, por exemplo, foi sancionada pela presidente
Dilma Rouseff uma lei que coloca como meta para o governo atingir
gastos equivalentes a 10% do PIB
em educação, em um prazo de 10 anos.
Mas afinal, o
problema é mesmo pouco dinheiro? Quanto de dinheiro público já é destinado para
essas áreas tão importantes? É isso que vamos discutir neste texto.
O governo
investe pouco em saúde e educação?
É verdade que
o Brasil coloca pouco dinheiro nas nossas escolas e hospitais? Vamos analisar:
Em Saúde:
A União deve gastar 13,2% das receitas com impostos. Já os Estados devem gastar 12% de seus impostos e recursos vindos de transferências e os Municípios devem gastar 15% dos impostos e transferências,
Quanto
dinheiro é isso?
Em 2013, foram
R$ 190 bi ou 3,6% do PIB investidos em saúde (fonte: IBGE)
Como isso se
compara ao resto do mundo?
Em Educação?
A União deve gastar 18% das receitas com impostos. Os Estados devem gastar 25%
de seus impostos e recursos vindos de transferências. E os Municípios devem gastar 25%
dos seus impostos e transferências.
Na prática,
isso equivale a 6,6% do PIB, R$ 6.203
por aluno da rede pública e 17,2% do gasto público total.
Comparando:
Mas os gastos
já aumentaram bastante.
Orçamento da
saúde (1995 - 2014).
Concluindo:
O problema não
está exatamente em falta de recursos,
e sim na forma como são gastos os
recursos.
Quanto é gasto
em saúde?
A legislação
brasileira obriga o poder público das esferas federal, estadual e municipal a
gastar valores mínimos com a saúde – ou seja, há um piso de gastos para
essa área. Em 2016, por conta da Emenda Constitucional 86/2015, o Governo
Federal deve destinar 13,2% da receita corrente líquida para
serviços de saúde pública. Esse percentual crescerá gradativamente, até
chegar a 15% da receita corrente líquida em 2020.
Até o ano de
2015, a despesa mínima com saúde deveria crescer de acordo com a
variação nominal do PIB (e se a variação fosse negativa, o piso
corresponderia ao mesmo valor do ano anterior). Já os governos estaduais e o
Distrito Federal são obrigados por lei a alocar 12% de sua
receita com impostos e transferências. Por fim, os municípios precisam colocar 15% da
receita nos serviços de saúde.
Como essas
determinações se traduzem, em números absolutos? Vamos ver:
conforme afirmou o Ministério do Planejamento em contato com o Politize,
em 2015, a União gastou R$ 110 bilhões nesse setor – mais do que era
obrigado por lei. Lembrando que esses 110 bilhões não incluem os gastos
dos estados e municípios: em 2013, por exemplo, o gasto total em todas as
esferas da federação chegou a R$ 190 bilhões.
Mas afinal, isso
é muito ou pouco dinheiro?
Veja mais
alguns dados:
Os gastos
públicos com saúde representam algo em torno de 3,6% do PIB (dados
de 2013). Se somado com os gastos das famílias e dos convênios privados em
saúde, chega-se a quase 9% do PIB.
O Ministério
da Saúde é o que mais recebe recursos, à frente do Ministério da Educação.
Agora, na
perspectiva dos cidadãos: o governo gasta pouco mais de R$ 3 por dia com
a saúde de cada brasileiro.
Para um país
de renda média como o Brasil, pode-se dizer que esse volume de gastos em
saúde é razoável. Por outro lado, se comparado com países mais
desenvolvidos, ainda deixa a desejar. Entenda por quê:
O Brasil
é o único país entre as dez maiores economias do mundo que em que os gastos
privados, feitos pelos planos de saúde e famílias, superam os gastos
públicos.
Além disso, os
gastos públicos com saúde por habitante são menores do que a média mundial.
Isso demonstra que sim, ainda se gasta relativamente pouco com saúde no país.
Quanto é gasto
em educação?
Assim como
acontece com a saúde, a Constituição também determina pisos de gastos com a
educação para o Executivo federal, estadual e municipal. A União precisa alocar 18%
de sua receita líquida para essa área, enquanto estados e municípios
devem destinar 25% da receita líquida e transferências
constitucionais.
A educação
também conta com os recursos da contribuição salário-educação, cobrada de
empresas em geral e entidades públicas e privadas vinculadas ao Regime Geral da
Previdência. Esses recursos são investidos em projetos e ações voltadas
para o financiamento da educação básica. Um terço dos valores fica com a União,
enquanto os dois terços restantes são distribuídos proporcionalmente entre
municípios e estados.
E isso é muito
ou pouco dinheiro?
O nível de
gastos com a educação pública no Brasil está entre os maiores do
mundo. Veja alguns dados que reforçam isso:
Em 2013 a
educação teve investimento igual a 6,6% do PIB, acima da média da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE, composta em geral por países
desenvolvidos), que é de 5,6% do PIB.
Durante o
primeiro mandato de Dilma houve um crescimento real de 9,2% ao ano nos
gastos dessa área.
Além disso, um
relatório de 2015 da OCDE revelou que o Brasil foi o terceiro país que mais
realizou investimentos na área de educação nos últimos anos, em um grupo
de 38 países. 17,2% dos investimentos públicos foram canalizados para a
educação.
O único
indicador em que ainda deixamos a desejar é o de gastos por aluno.
Países desenvolvidos ainda gastam proporcionalmente muito mais dinheiro em
cada estudante. Além disso, é preciso lembrar que o investimento ainda não
trouxe bons resultados: temos desempenhos insatisfatórios na
educação.
Conclusão:
Como podemos
perceber, não é completamente verdadeira a ideia de que gastamos pouco em
educação e saúde. Se era verdade no passado, o crescimento de gastos nos
últimos anos mudou bastante esse quadro.
É verdade que
o nível de gastos poderia ser até maior: países mais desenvolvidos
geralmente destinam mais recursos para essa área. O gasto por habitante ainda é
baixo. Por outro lado, já houve crescimento significativo na
última década.
Já nossos
gastos com educação superam os de países como Canadá, Alemanha e Reino Unido.
Ainda assim, nossos resultados educacionais são pífios.
Esses
dados sugerem que o nosso maior problema tanto na educação, quanto na
saúde não é exatamente a falta de recursos, mas a qualidade dos
gastos feitos nessas áreas.
*Bruno André Blume
Bacharel
em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC) e editor de conteúdo do portal Politize!.
onde estava pt,pc do b,psol a UNE,os Professores?
ResponderExcluirquando a dilma cortou 10 bilhoes da Educaçao?
nao vi a esquerda reclamar !!!!
penso que agora se rebelaram
ResponderExcluirmassa de manobra