O governador
do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, negou hoje (18) que tenha ocorrido
falta de mobilização dos governadores e de que apenas oito deles estejam a
favor da recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira
(CPMF), proposta pelo governo federal. Ele disse que o assunto foi discutido na
segunda-feira durante o jantar com a presidenta Dilma Rousseff, em Brasília,
quando estavam presentes 20 governadores. De lá, segundo Pezão, saíram oito
coordenadores para ir ao Congresso discutir a medida com os parlamentares.
Pezão explicou
que os governadores tomaram esta decisão porque alguns eram de estados mais
distantes e precisavam voltar. "Todos eles são favoráveis. O único
governador que até agora eu vi se manifestar contra foi o [Raimundo]Colombo de
Santa Catarina. Todos os governadores precisam ter uma nova fonte de
financiamento para a previdência pública e para a saúde. Isso nos une a todos",
disse.
Segundo Pezão,
foi do governador do Maranhão, Flávio Dino, a ideia de elevar a alíquota para
0,38% para que a diferença entre o percentual e a proposta de 0,2% do governo
possa ser transferida para os estados:
Os recursos seriam utilizados na seguridade social. "Para quem precisar, usa na saúde, e quem não precisar usa na previdência pública. Isso foi muito conversado entre a gente, mas estamos vivendo em uma grande democracia e quem vai deliberar é o Congresso Nacional". Se os recursos não saírem da CMPF que se crie algum outro imposto, disse ele.
O governador
do Rio revelou que, antes de mandar ao Congresso o projeto de recriação da
CPMF, ele enviaria uma proposta de reforma da previdência pública. "Não
tem como, hoje, os estados arcarem com o custo que está a previdência pública,
com as pessoas se aposentando cedo. As pessoas estão vivendo mais e continuam
levando tudo o que têm na ativa. Essa conta não fecha. Só no Brasil tem
isso", apontou.
Pezão disse
que há muito tempo defende esta reforma e adiantou que o presidente da Câmara,
Eduardo Cunha, recebeu bem a proposta apresentada pelos governadores. Outra
mudança defendida por ele, é o comprometimento de pagamento dos estados da
receita corrente líquida.
"Hoje, os
estados pagam quase 13% da receita corrente liquida. Se nós reduzíssemos, nesta
dificuldade que estamos, por dois ou três anos, para 9%, isso dá uma folga para
todos os estados e prefeituras das capitais. Tem estado, como Alagoas, que paga
14%". Segundo o governador, no caso do Rio, seria um alívio no caixa de
quase R$ 4 bilhões ao ano, afirmou o governador.
Pezão disse
que tem se dedicado a sugerir alternativas para recuperar as finanças dos
estados: "Cada dia eu estou estudando uma coisa que me permita fazer a
travessia neste momento de crise dentro do país. Acho que a gente tem que
debater, mas acho que a reforma da previdência é fundamental, como é a
tributária, reforma política. Acho que o país tinha que aproveitar o momento de
crise e discutir isso", analisou.
O governador
deu as declarações após participar, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro
(TJRJ), da cerimônia de implantação das audiências de custódia. O sistema
determinará um processo mais rápido para os presos em flagrante, que após a
presença do juiz poderá receber a liberdade provisória, conforme avaliação do
magistrado, diante das condições de análise da ficha criminal. O Rio é o
vigésimo estado a adotar a regra. A expectativa é que sejam atendidos 20 presos
por semana na cidade.
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