Blog Dag Vulpi - Prioridade é
evitar o avanço da proposta, sob o argumento de que o texto abre brechas para
mudanças como legalização do aborto e a criminalização da homofobia
Depois de
conterem a articulação do projeto que criminaliza a homofobia, as bancadas
evangélicas na Câmara e no Senado planejam centrar esforços para barrar
mudanças no Código Penal, que estão em tramitação no Senado e que, se aprovadas
no primeiro semestre de 2014, seguirão para a Câmara dos Deputados. De acordo
com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica, que reúne deputados e
senadores, todos os temas que são caros aos religiosos estão sendo discutidos
no contexto do Projeto de Lei do Senado 236/2012.
O texto já foi
aprovado em comissão especial em dezembro e, antes de ser votado no plenário do
Senado, terá que passar pela apreciação da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) da Casa. O relator da proposta, Pedro Taques (PDT-MT), acatou os
argumentos dos religiosos e retirou do texto a possibilidade de aborto nas 12
primeiras semanas em razão da incapacidade psicológica da gestante de arcar com
a gravidez.
“Em relação ao
aborto, o relatório aprovado, do senador Pedro Taques, já atendeu à bancada
evangélica. No entanto, enquanto o texto não for aprovado em plenário, alguém
pode destacar e mudar tudo. É por isso que estamos vigilantes”, comentou o
deputado Marcos Rogério (PDT-RO), integrante da bancada evangélica.
A estratégia a
ser montada neste ano pelos evangélicos, tão logo retornem do recesso
parlamentar, terá o objetivo de não deixar avançar a proposta, cujo texto
inicial foi elaborado por uma comissão de juristas.
A legislação
penal data de 1940 e sua reforma, na opinião dos evangélicos, poderá abrir
caminho, entre outros pontos, para a “legitimação da pedofilia”. Além disso,
eles querem evitar o que chamam de “privilégios” para homossexuais, a
flexibilização da legislação sobre aborto, a legalização da eutanásia, além da
descriminalização do consumo de determinadas drogas.
“Estamos de
olho no projeto de reforma do Código Penal e nos atentados à família que estão
contidos na proposta. Está tudo lá e nós vamos trabalhar para que nada mude.
Queremos que tudo fique como está”, disse o senador Magno Malta (PR-ES), que
faz parte da bancada evangélica e que ainda lidera no Senado outra frente em
favor da “família brasileira”.
“Isso não
coisa só de evangélico não, como se fossem só os evangélicos contra o resto do
mundo. Tem católico, tem pessoas de várias religiões. Nossa atuação é em favor
da família”, defendeu o senador.
A parte
acusada de legalizar a pedofilia, de acordo com o deputado Marcos Rogério, é a
que diminui de 14 para 12 anos a idade máxima para tipificação de violência
sexual contra vulneráveis. “Isso significa legalizar a pedofilia no Brasil”,
disse o deputado.
Em dezembro
passado, a bancada evangélica conseguiu impedir que a proposta que criminaliza
a homofobia, já aprovada pela Câmara, continuasse em tramitação no Senado. Os
senadores aprovaram um requerimento anexando a proposta ao projeto de reforma
do Código Penal, justamente a proposta em que planejam barrar essas mudanças.
A bancada
evangélica é formada por 73 parlamentares, 70 deputados e três senadores. O
grupo é liderado pela Assembleia de Deus que tem 22 representantes e a
coordenação da bancada nas mãos do deputado João Campos (PSDB-GO). O grupo
conta ainda com 11 representantes da Igreja Batista, 8 da Igreja Presbiteriana,
um da Igreja Universal, 3 da Igreja Quadrangular e 3 da Igreja Internacional da
Graça de Deus. Outros 14 deputados pertencem a outras instituições religiosas
menores.
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