Mais
que conquistar o poder é saber lidar com ele
Quanto
mais tempo o PT fica no poder, mais passa a impressão de perda de identidade,
afastando-se das raízes ideológicas. Torna-se um partido comum, mostrando
vícios que o nivelam, e em certos pontos o deixam abaixo da linha do eixo de
outros partidos.
Perdeu
a capacidade de pensar estrategicamente, e se sobrepor às disputas internas,
fazendo das suas “antigas” ideologias as lutas maiores e mais importantes para
o partido.
Os
verdadeiros petistas perderam espaço dentro do PT, por excesso de desunião e
projetos pessoais, e principalmente, com a ausência de projetos nacionais.
Foi
a perspectiva de tomada de poder que provocou uma aliança tática, que acabou
por juntar desiguais, permitindo-lhes tomar o controle da máquina.
Agora
este poder conquistado por uma legenda, serve apenas a um seleto e fechado
grupo.
Essa
centralização de poder restrita a um pequeno grupo causou a derrubada das
bandeiras ideológicas sempre tão defendidas, e que sempre despertaram e
alimentaram a esperança de que finalmente a esquerda brasileira havia
encontrado mais que um discurso moderno.
A
proposta inicial do partido que era defendida por uma liderança preocupada com as
questões sociais e não meramente como instrumento de tomada de poder aos poucos
foi sendo abandonada.
Enquanto
dentro do partido uns poucos e autênticos parlamentares exercitavam o discurso
da cidadania ocupando suas agendas com temas que criariam uma alternativa
moderna ao neoliberalismo, a máquina partidária ia gradativamente sendo tomada
por grupos radicais de pouca ou nenhuma expressão eleitoral compromissado
apenas com a tomada do poder pessoal.
A
aridez no campo do conhecimento político foi suplantada pela solércia dos
radicais que dominaram o partido, e temas simplistas como o cancelamento das
privatizações e outras maluquices, tornaram-se matérias de fé naquele momento,
e aquela foi a maneira mais fácil e esperta de dominar uma militância formada quase
que exclusivamente por membros dotados de um grande fervor ideológico, mas infelizmente,
com uma ignorância política equivalente
às suas ideologias.
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Abração
Dag Vulpi