Mostrando postagens com marcador #Anos80NuncaMais. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #Anos80NuncaMais. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Amilton e as 5 Toneladas de Chocolate Perdido: Quando a ‘Família Garoto’ Escolheu Justiça sobre Nepotismo

Dag Vulpi - 17/07/25

Nos anos 80, a Chocolates Garoto vivia seu auge — e Amilton, irmão do influente Osni, virou supervisor de produção sem dominar o processo. Até que 5 toneladas de chocolate foram para o lixo por um erro evitável. O presidente Helmut Meyrfrund o rebaixou a faxineiro, mas manteve seu salário de chefe. Entre os funcionários, o caso virou debate: ‘Foi injustiça?’ ou ‘Ele sabia no que estava se metendo?’ Esta história, mais que um caso de nepotismo, revela como a ‘Família Garoto’ equilibrava afeto e responsabilidade.

1. A Refinaria: O Coração da Garoto – e o Supervisor que Não Sabia o Processo

refinaria de chocolates era o setor mais crítico da Garoto nos anos 80. Controlar temperaturas, texturas e padrões exigia técnica e experiência. Amilton, porém, chegou à chefia por um atalho: um pedido ao irmão, Osni, então diretor estratégico e homem de confiança de Helmut.

Os operários mais antigos (alguns com mais de15 anos de fábrica) estranharam. Afinal, Amilton dependia da experiência dos operadores mais antigos. "Ele era um chefe de ‘sim, senhor’, não de ‘vamos resolver’", lembravam alguns.

2. O Erro que Ferrou o Chocolate (e a Paciência de Helmut)

O desastre aconteceu em uma tarde de sexta-feira. Amilton ignorou um alerta do sensor de temperatura em uma das refinadeiras — achou que era "alarme falso". Horas depois, 5 toneladas de chocolate estavam irremediavelmente contaminadas.

Um cheiro incomum tomou a refinaria. Um operador, desesperado com o ocorrido, disse a Amilton:
"Você acabou de estragar o equivalente a 50 mil barras. Até o Helmut vai sentir essa."

3. A Sentença: Rebaixado, mas Não Expulso da ‘Família’

Helmut Meyrfrund, um líder que adorava chamar a Garoto de "família", agiu com paradoxal rigor:

  • Manteve Amilton empregado ("Família não abandona família");

  • Rebaixou-o a serviços gerais ("Mas família também cobra responsabilidade");

  • Expôs o caso abertamente ("Para ninguém achar que sobrenome é passe-livre").

O detalhe cruel? Amilton continuou ganhando como chefe. Alguns viram piedade; outros, um lembrete eterno de sua falha.

4. A Divisão dos Colegas: "Culpado ou Vítima?"

O caso virou debate entre funcionários de todos os turnos e setores:

  • Os Solidários"Foi injusto! O Osni empurrou ele para a chefia!"

  • Os Críticos"Ele aceitou o cargo sabendo não estar capacitado, só pensou no salário e status."

  • Os Filosóficos"Isso é Garoto: aqui, até os erros são resolvidos com chocolate… ou vassoura."

5. O Orgulho que Sobrou: "Família, mas com Regras"

Apesar do episódio, os funcionários orgulhavam-se de um fato: Helmut jamais permitiu que hierarquias quebrassem o respeito mútuo.

  • O faxineiro comia no mesmo refeitório que o diretor;

  • O erro de Amilton foi punido, mas ele não foi humilhado publicamente além da medida;

  • A lição ficou: "Na Garoto, você pode ser família, mas precisa fazer por merecer."

6. Curiosidades da Produção de Chocolate nos Anos 80: Como Era a Garoto nos Tempos de Amilton

Para entender o peso (literal) do erro de Amilton, é preciso voltar a uma época em que a produção de chocolate era quase artesanal comparada aos padrões atuais:

  • Controle de temperatura manual: Os sensores existiam, mas muitos operários confiavam no "olhômetro" — e no tato para sentir o ponto exato do chocolate.

  • Sabores em teste: A refinaria da Garoto nos anos 80 era um laboratório. Foi ali que nasceram misturas ousadas (como o Talento com amêndoas), algumas descartadas por erros como o de Amilton.

  • Hierarquia do cacau: Funcionários mais antigos tinham "suas" máquinas preferidas — e relutavam em ensinar os segredos aos novatos. Um dos motivos da resistência a Amilton.

  • O cheiro que não mudou: Quem trabalhou na época jura que o aroma do chocolate branco derretendo na refinaria era "igual ao de hoje" — doce, mas com um toque de baunilha mais forte.

  • Segredos industriais: Dizem que Helmut Meyrfrund guardava a fórmula do Baton em um cofre, e só 3 pessoas na fábrica tinham acesso completo.

"Nos anos 80, a gente sabia quando o chocolate estava pronto pelo barulho da máquina. Tinha um ‘clique’ que só os ouvidos treinados captavam."
(Ronaldo, ex-operador, 1985–2015)

Você Sabia?
Em 1987, a Garoto produzia 1,2 milhão de barras de chocolate por dia — e uma falha como a de Amilton representava 4 horas de produção perdidas.

Depoimento:

"Trabalhei na refinaria quando Amilton já não era mais supervisor. Mas o que ouvia do pessoal da época é que o Amilton até tentava, mas era como botar um motorista de Fusca para pilotar um Fórmula 1."
(Ronaldo, ex-operador, 1985–2015)

E Você, Lembra Dessa História?

Você viveu essa época na Garoto? Qual sua opinião: Amilton foi vítima ou culpado? Comente abaixo outras histórias dessa "família do chocolate" que marcou Vila Velha!

Dedicado a Helmut Meyrfrund, Osni e Amilton — que, com seus acertos e erros, fizeram parte da história que ainda adoça nossa memória.


Sobre o Blog

Este é um blog de ideias e notícias. Mas também de literatura, música, humor, boas histórias, bons personagens, boa comida e alguma memória. Este e um canal democrático e apartidário. Não se fundamenta em viés políticos, sejam direcionados para a Esquerda, Centro ou Direita.

Os conteúdos dos textos aqui publicados são de responsabilidade de seus autores, e nem sempre traduzem com fidelidade a forma como o autor do blog interpreta aquele tema.

Dag Vulpi

Seguir No Facebook