Marieta
Cazarré - Agência Brasil
O patrimônio
de apenas oito homens é igual ao da metade mais pobre do mundo. Os dados foram
divulgados hoje (16) pela Oxfam, organização humanitária que luta contra a
pobreza, e mostram ainda que a fatia dos 1% mais ricos detém mais que todo o
resto do planeta.
O relatório
intitulado "Uma economia para os 99%” denuncia o abismo existente entre os
mais ricos e o resto da população mundial e apresenta propostas de ações para
uma sociedade mais justa e igualitária.
Entre os dados
apresentados no documento há referência positiva ao caso do Brasil, onde os
salários reais dos 10% mais pobres da população aumentaram mais que os pagos
aos 10% mais ricos entre 2001 e 2012, “graças à adoção de políticas
progressistas de reajustes do salário mínimo”.
No entanto, as
notícias de maneira geral não são boas. No mundo, a renda dos 10% mais pobres
aumentou cerca de US$ 65 entre 1988 e 2011, enquanto a renda dos 1% mais ricos
aumentou – 182 vezes mais no mesmo período (ceca de US$ 11.800). Além disso,
sete em cada dez pessoas vivem em um país que registrou aumento da desigualdade
nos últimos 30 anos.
Ao longo dos
próximos 20 anos, 500 pessoas passarão mais de US$ 2,1 trilhões para seus
herdeiros – uma soma mais alta que o Produto Interno Bruto (PIB) da Índia, país
que tem 1,2 bilhão de habitantes.
Nos Estados
Unidos, nos últimos 30 anos, a renda dos 50% mais pobres permaneceu inalterada,
enquanto a do 1% mais rico aumentou 300%.
Outro exemplo
que o documento cita e que revela o tamanho da desigualdade na distribuição de
renda é o Vietnã: o homem mais rico do país ganha mais em um único dia de
trabalho do que a pessoa mais pobre vai ganhar em um período de dez anos.
De acordo com
a Oxfam, os mais ricos acumulam riqueza de forma tão acelerada que o mundo pode
ter seu primeiro trilionário nos próximos 25 anos. A ideia de que uma única
pessoa possua mais de um trilhão é tão incrível que a palavra “trilionário”
ainda não aparece na maioria dos dicionários. O relatório destaca que seria
preciso gastar US$ 1 milhão todos os dias durante 2.738 anos para gastar US$ 1
trilhão.
Outra triste
conclusão apresentada é sobre as desigualdades de gênero. De acordo com as
tendências atuais, o impacto é maior entre as mulheres, que levarão 170 anos
para serem remuneradas como os homens.
A Oxfam afirma
que as relações econômicas atuais recompensam excessivamente os mais ricos e
propõe, como estratégia para diminuir o abismo entre milionários e pobres,
tornar essas relações econômicas mais humanas.
“Governos
responsáveis e visionários, empresas que trabalham no interesse de
trabalhadores e produtores, valorizando o meio ambiente e os direitos das
mulheres, além de um sistema robusto de justiça fiscal são elementos
fundamentais para essa economia mais humana”, diz o texto.
O relatório
fala ainda em cobrança justa de impostos por empresas e pessoas ricas, a
igualdade salarial entre homens e mulheres e a proteção do meio ambiente.
“Combustíveis
fósseis têm impulsionado o crescimento econômico desde a era da
industrialização, mas eles são incompatíveis com uma economia que efetivamente
prioriza as necessidades da maioria. A poluição do ar provocada pela queima de
carvão causa milhões de mortes prematuras em todo o mundo, enquanto a
devastação causada pelas mudanças climáticas afeta mais intensamente os mais
pobres e mais vulneráveis. Energias renováveis sustentáveis podem garantir o
acesso universal à energia e promover o crescimento do setor energético
respeitando os limites do nosso planeta”.
O relatório da
Oxfam foi divulgado um dia antes do início do Fórum Econômico Mundial, que vai
debater alguns desses assuntos ao longo desta semana, em Davos, na Suíça. No
evento, estarão reunidos os principais atores políticos e econômicos do mundo
para discutir, entre outros temas, a questão das alterações climáticas.
Quem
são os oito mais ricos do mundo
O estudo da
Oxfam cita a lista divulgada pela revista americana Forbes, em março de
2016, com os nomes dos homens mais ricos do mundo à época. Bill Gates, fundador
da Microsoft, lidera o ranking, com uma fortuna de US$ 75 bilhões; seguido
pelo espanhol Amancio Ortega, fundador da Inditex, empresa-mãe da Zara (US$ 67
bilhões); pelo americano Warren Buffett, acionista da Berkshire Hathaway (US$
60,8 bilhões); pelo mexicano Carlos Slim Helu, dono da Grupo Carso (US$ 50
bilhões); e pelos americanos Jeff Bezos, fundador e principal executivo da
Amazon (US$ 45,2 bilhões); Mark Zuckerberg, cofundador e principal executivo do
Facebook (US$ 44,6 bilhões); Larry Ellison, cofundador e principal executivo da
Oracle (US$ 43,6 bilhões) e Michael Bloomberg, cofundador da Bloomberg LP (US$
40 bilhões).
De acordo com
o relatório, os 1.810 bilionários (em dólares) incluídos na lista da Forbes de
2016 possuem um patrimônio de US$ 6,5 trilhões – a mesma riqueza detida pelos
70% mais pobres da humanidade.
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