Ao discursar na cerimônia de transmissão de cargo, o ministro da 
Justiça, Eugênio Aragão, disse que ninguém no país tem o monopólio da 
moralidade ou o monopólio da salvação da pátria. Nesse sentido, destacou
 o novo ministro, será papel do governo garantir que as instituições de 
Estado implementem a igualdade de todos perante a lei.
A 
declaração de Aragão foi feita um dia após o juiz Sérgio Moro ter 
tornado públicas escutas telefônicas feitas entre o ex-presidente Lula e
 diversas autoridades de Estado - entre elas, a presidenta Dilma 
Rousseff.
“Aqui [no Ministério da Justiça] vamos tentar 
reconstruir pontes. O mais importante é recompor esse tecido esgarçado 
da alteridade [conhecer a diferença, compreender a diferença e aprender 
com a diferença, respeitando o indivíduo como ser humano psicossocial], 
porque alteridade é pressuposto do nosso convívio”, disse em seu 
pronunciamento.
Moralidade
 
“Agora, o 
pressuposto para qualquer dialogo é a horizontalidade; conversar de 
igual para igual. Todos queremos o melhor para o país. Mas não existe 
ninguém neste pais com o monopólio da moralidade ou com o monopólio da 
salvação da pátria”, acrescentou.
Segundo Aragão, entre as 
funções da ministério no governo está a de garantir que as instituições 
de Estado implementem a igualdade de todos perante a lei. “A lei é igual
 para todos. Não existe quem é mais ou menos qualificado para o pleno 
gozo das garantias fundamentais. Se essa legitimação [igualdade de todos
 perante a lei] é recusada, estamos a um passo do caos. Se é ignorada, 
passamos para a desclassificação e a exclusão do outro e a sua 
eliminação, o que dá margem a massacres, genocídios e condutas violentas
 para a sociedade. Esses são os caminhos para o totalitarismo”, 
acrescentou ao lembrar das dificuldades passadas pelo país após anos de 
regime militar. “Nossa liberdade é uma flor que devemos cuidar todo dia 
com muito carinho”, completou.
O ministro da Justiça dedicou 
parte do discurso para dirigir "uma palavra especial” às corporações 
que, a seu ver, têm atuado de forma a "manter o seu naco" no Estado. 
“Infelizmente, nosso Estado tem ao longo dos últimos anos visto uma 
verdadeira apropriação das instituições por corporações. Corporações não
 cultivam a alteridade. Corporações cultivam o seu próprio umbigo. 
Corporações sempre buscam ser melhores do que as outras, mais valiosas 
do que as outras, e, em última análise, o que está nessa arrogância é 
nada mais do que o ganho econômico, o ganho de prestígio e o ganho de 
poder”, disse ele.
Governabilidade
 
E 
prosseguiu: “para sobreviverem e poder manter o seu naco de Estado nas 
mãos, fazem de tudo. Representam um risco permanente à governabilidade. 
Não que não possam legitimamente representar os interesses setoriais dos
 agentes do Estado. Mas elas têm de aprender a viver na alteridade e 
olhar para as outras instituições do Estado como igualmente legitimadas e
 igualmente importantes. Sem isso, essas corporações passam a ser um 
cancro dentro de nós. Desde que atuem com alteridade, nós a honraremos. 
As que queiram na base da cotovelada descredenciar órgãos do Estado, 
estas não terão o nosso diálogo”, disse Aragão.
Perguntado sobre a
 gravação, divulgada ontem, de uma conversa em que a presidenta Dilma e o
 ex-presidente Lula acertavam detalhes sobre o termo de posse, Aragão 
disse não ter “nenhuma dúvida” do ocorrido. “O diálogo foi muito claro: o
 ex-presidente Lula estava com sua esposa doente [motivo pelo qual ele 
talvez não comparecesse à cerimônia de posse]. Vocês viram que o 
ministro Jaques Wagner [agora no Gabinete Pessoal da Presidência da 
República] tomou posse sem estar presente. Ele assinou o termo de posse,
 que nem o ex-presidente Lula assinou. Com isso, o cargo [chefe da Casa 
Civil] ficou vago, e nós não podemos, neste momento de crise, ter o 
cargo de chefe da Casa Civil vago”, argumentou Aragão.
Para o 
ministro da Justiça, o governo acerta ao trazer Lula para a equipe, uma 
vez que sua presença será “fundamental para construirmos pontes e 
chegarmos a algum tipo de consenso nacional”.
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