Envelhecimento, exposição a sons
intensos, questões genéticas, doenças e a ingestão de medicamentos tóxicos ao
nervo auditivo são algumas das causas da surdez. A deficiência auditiva pode
ser leve, moderada, severa e profunda. A otorrinolaringologista Rita de Cássia
Cassou Guimarães explica que a perda leve não dificulta a compreensão da fala,
no nível moderado é indicado o uso de aparelho auditivo, no nível severo não é
possível ouvir sons abaixo de 80 decibéis – altura de um aspirador de pó e no
profundo os sons abaixo de 95 decibéis não são ouvidos.
As pessoas caracterizadas como
surdas possuem problemas de audição severos ou profundos. A dificuldade de
comunicação pode causar transtornos psicológicos e emocionais, prejudicar as
relações sociais e afetar o aprendizado. “A intervenção de um especialista é
fundamental para o tratamento da deficiência auditiva e reabilitação do
paciente. Além dos tradicionais aparelhos auditivos, o implante coclear, também
conhecido como ouvido biônico, é considerado uma alternativa eficaz para
melhorar a audição”, ressalta Rita, otoneurologista mestre em clínica cirúrgica
pela UFPR.
O implante coclear é um equipamento
eletrônico computadorizado que estimula o nervo auditivo por meio de impulsos
elétricos. Com a transmissão do sinal elétrico para o nervo, os estímulos podem
ser enviados até o cérebro, onde são decodificados e o indivíduo volta a ouvir.
“O implante é composto por uma unidade interna, implantada cirurgicamente por
baixo da pele, e outra externa. A parte interna possui eletrodos, um receptor,
uma antena e um imã. A antena capta os sinais elétricos e os eletrodos se
conectam ao receptor, que tem como função a decodificação dos sinais”,
esclarece.
O imã fixa a unidade externa na
cabeça, composta por uma antena trasmissora, um microfone e um processador de
fala. Estes componentes são a parte visível do implante no paciente. O
microfone capta e transmite os sons do ambiente para o processador de fala, que
transforma os ruídos em impulsos elétricos e os envia para a antena
transmissora. “A antena transporta o sinal até a unidade interna, onde os sons são
decodificados e há a estimulação do nervo auditivo. O restante do processo fica
por conta do cérebro, que interpreta os sons”, explica.
A cirurgia para colocação do
implante é delicada, pois exige a abertura de uma área próxima ao nervo facial.
Rita destaca que a experiência dos médicos e a tecnologia tem assegurado o
sucesso da intervenção. “O implante coclear é uma das estratégias mais
avançadas para o tratamento da surdez. Graças a uma complexa tecnologia, o
ouvido biônico é capaz de restaurar a audição”, aponta a médica, integrante da
Equipe de Implante Coclear dos hospitais Pequeno Príncipe e Iguaçu. Rita avalia
os candidatos ao implante de ouvido, especialmente os que se queixam de zumbido
e tontura.
Antes da indicação, o paciente
realiza diversos exames e testa outros tipos de tratamento para a deficiência
auditiva. Em caso de insucesso, o paciente é avaliado por uma equipe de
profissionais que analisa a viabilidade do procedimento. “São analisados
diversos critérios e a avaliação é rigorosa. Em geral, os pacientes com mais
chances de serem indicados para o implante coclear tem surdez severa bilateral
que não foram beneficiados com o uso do aparelho auditivo. Quanto maior for o
tempo de surdez, mais difícil será a reabilitação”, observa.
Segundo Rita, os pacientes com menos
de 10 anos de surdez apresentam bons resultados com o implante coclear.
Crianças que nasceram surdas e receberam tratamento precoce também exibem
resultados positivos. “O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o tratamento
gratuitamente. Para que o tratamento seja eficaz, é fundamental que o paciente
seja atendido por uma equipe interdisciplinar durante o período de
reabilitação, pois o cérebro vai aprender a ouvir de outra forma”, acrescenta a
especialista, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de
Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.
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