sábado, 3 de novembro de 2012

Ouvido biônico é indicado para surdez severa



Envelhecimento, exposição a sons intensos, questões genéticas, doenças e a ingestão de medicamentos tóxicos ao nervo auditivo são algumas das causas da surdez. A deficiência auditiva pode ser leve, moderada, severa e profunda. A otorrinolaringologista Rita de Cássia Cassou Guimarães explica que a perda leve não dificulta a compreensão da fala, no nível moderado é indicado o uso de aparelho auditivo, no nível severo não é possível ouvir sons abaixo de 80 decibéis – altura de um aspirador de pó e no profundo os sons abaixo de 95 decibéis não são ouvidos.

As pessoas caracterizadas como surdas possuem problemas de audição severos ou profundos. A dificuldade de comunicação pode causar transtornos psicológicos e emocionais, prejudicar as relações sociais e afetar o aprendizado. “A intervenção de um especialista é fundamental para o tratamento da deficiência auditiva e reabilitação do paciente. Além dos tradicionais aparelhos auditivos, o implante coclear, também conhecido como ouvido biônico, é considerado uma alternativa eficaz para melhorar a audição”, ressalta Rita, otoneurologista mestre em clínica cirúrgica pela UFPR.

O implante coclear é um equipamento eletrônico computadorizado que estimula o nervo auditivo por meio de impulsos elétricos. Com a transmissão do sinal elétrico para o nervo, os estímulos podem ser enviados até o cérebro, onde são decodificados e o indivíduo volta a ouvir. “O implante é composto por uma unidade interna, implantada cirurgicamente por baixo da pele, e outra externa. A parte interna possui eletrodos, um receptor, uma antena e um imã. A antena capta os sinais elétricos e os eletrodos se conectam ao receptor, que tem como função a decodificação dos sinais”, esclarece.

O imã fixa a unidade externa na cabeça, composta por uma antena trasmissora, um microfone e um processador de fala. Estes componentes são a parte visível do implante no paciente. O microfone capta e transmite os sons do ambiente para o processador de fala, que transforma os ruídos em impulsos elétricos e os envia para a antena transmissora. “A antena transporta o sinal até a unidade interna, onde os sons são decodificados e há a estimulação do nervo auditivo. O restante do processo fica por conta do cérebro, que interpreta os sons”, explica.

A cirurgia para colocação do implante é delicada, pois exige a abertura de uma área próxima ao nervo facial. Rita destaca que a experiência dos médicos e a tecnologia tem assegurado o sucesso da intervenção. “O implante coclear é uma das estratégias mais avançadas para o tratamento da surdez. Graças a uma complexa tecnologia, o ouvido biônico é capaz de restaurar a audição”, aponta a médica, integrante da Equipe de Implante Coclear dos hospitais Pequeno Príncipe e Iguaçu. Rita avalia os candidatos ao implante de ouvido, especialmente os que se queixam de zumbido e tontura.

Antes da indicação, o paciente realiza diversos exames e testa outros tipos de tratamento para a deficiência auditiva. Em caso de insucesso, o paciente é avaliado por uma equipe de profissionais que analisa a viabilidade do procedimento. “São analisados diversos critérios e a avaliação é rigorosa. Em geral, os pacientes com mais chances de serem indicados para o implante coclear tem surdez severa bilateral que não foram beneficiados com o uso do aparelho auditivo. Quanto maior for o tempo de surdez, mais difícil será a reabilitação”, observa.

Segundo Rita, os pacientes com menos de 10 anos de surdez apresentam bons resultados com o implante coclear. Crianças que nasceram surdas e receberam tratamento precoce também exibem resultados positivos. “O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o tratamento gratuitamente. Para que o tratamento seja eficaz, é fundamental que o paciente seja atendido por uma equipe interdisciplinar durante o período de reabilitação, pois o cérebro vai aprender a ouvir de outra forma”, acrescenta a especialista, responsável pelo Setor de Otoneurologia da Unidade Funcional de Otorrinolaringologia do Hospital de Clínicas da UFPR.

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Dag Vulpi

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