sábado, 10 de março de 2012

O POBRE, O NEGRO, O GORDO E O MONGOLÓIDE.

 

Aqui no Brasil, sempre houve o mito de que não há preconceito. Afinal, todos convivem harmonicamente e não existem conflitos raciais em nosso país, não é? E eu concordo. Em nosso país,o que existe é o preconceito de aparência e classe social. Duvida? Eu te provo:

Durante a noite numa rua escura, um homem branco e bem vestido se aproxima sorrateiramente de você. Certamente você estranhará, mas pensará que é uma cantada, uma pessoa que trabalhou num escritório durante todo o dia e está cansada indo para casa ou milhares de outras coisas. Em última análise, você achará que é um ladrão.

Agora, se o mesmo homem branco apresentar-se vestindo um bermudão meio largo, uma toquinha, andando com um gingado estranho ou mal vestido. A primeira coisa que você pensará é: “Dancei”.
Se um negro aparece na televisão, dirige um carrão e mostra que é bem de vida é recebido alegremente em qualquer rodinha. Pois, com certeza, é “aquele” sambista ou pagodeiro de sucesso. Mas, se o mesmo negro aparecer na naquela rua escura a pé e mal vestido, seja você branco, negro, mulato ou oriental, você também (mesmo que lá no íntimo) vai se preocupar.

Se você vê um gordo na televisão, com dinheiro, falando vários idiomas e estourando de sucesso em várias mídias; você pensa: “Ele é fofo, charmoso e inteligente”. Agora se esse mesmo gordo, passa por você na rua e é mais um anônimo. Mesmo que ele seja gordo por uma doença ou distúrbio qualquer, você pensa: “Que feio! Ta assim porque é preguiçoso ou esganado”. Faça o teste, vá até uma lanchonete e observe. Se um magrelo comer seis “sandubas” seguidos, você se pegará pensando: “Tadinho, deve estar faminto”. Mas se um obeso pedir um segundo sanduíche… lá vem aquela vozinha: “É por isso que é uma baleia. Come pra caramba!”

Se a filha do Romário ou a atriz mirim da antiga novela da oito aparece, todos dizemos: “Nossa! Que lindinha!” Na realidade, quantos de nós gostaríamos de ter um filho com síndrome de Down? Tenho certeza de que ninguém. Mas se esse mesmo portador dessa Síndrome nascesse numa favela de pais pobres, seria ”aquele mongolóide“.

Inúmeros exemplos vivos estão a nossa frente todos os dias. Ou você acha que se o Ronaldo “O Fenômeno” morasse em Bento Ribeiro e trabalhasse de boy num escritório, mulheres lindíssimas cairiam aos seus pés. Ou o Ronaldinho Gaúcho, seria aclamado por milhares de mulheres nos estádios: “Lindo! Lindo! Lindo!” Jô Soares, se fosse pobre e mal falasse o português, seria endeusado por várias mulheres?
Há em nosso país uma grande hipocrisia. Importaram dos E.U.A. o termo “Afro-Americano” e lançaram o “Afro-Brasileiro” como uma condição de afirmação racial. Penso que esse termo é muito mais uma afirmação de segregação. Ninguém é “Afro-Isso”, “Ítalo-Aquilo”, “Luso-Aquilo Outro”, ou “Nipo-Sei Lá Das Contas”. Todos somos BRASILEIROS. Negros, brancos, amarelos, vermelhos, altos, baixos, gordos, magros, carecas, cabeludos ou de qualquer outra etnia ou aparência física.

A ciência, recentemente, jogou por terra todas essas definições estúpidas de raça. O D.N.A. não mente, somos todos iguais. Oriundos do mesmo “caldo” evolutivo e iremos para o mesmo buraco, onde apodreceremos e seremos digeridos e defecados por vermes e insetos.

O preconceito, qualquer que seja, é antes de tudo uma estupidez. Há negros de bom caráter, há negros de mau caráter, há brancos honestos, há brancos corruptos e ladrões, bem como ricos e pobres que são boas e más pessoas. O que deve prevalecer são os atos e os exemplos pelos quais se vive; e não sua aparência, classe social, cor da pele, religião, etc…

Preconceito = Pré–Conceito = Antes de ter um conceito = Antes de conhecer = Pura Burrice.

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Dag Vulpi

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