O
desembargador federal João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da
4ª Região (TRF4), negou pedido da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva para realização de diligências para produção de novas provas no processo
que acusa o petista pelos crimes lavagem de dinheiro e ocultação de bens, nos
quais ele teria recebido valores indevidos de empreiteiras. Gebran Neto também
negou o pedido de suspensão da ação penal relacionada ao caso do triplex no
Guarujá.
Ele
ressaltou que a decisão de avaliar a necessidade de novas diligências cabe ao
juiz de primeira instância, neste caso, Sérgio Moro. “Cabe ao julgador aferir
quais são as provas desnecessárias para a formação de seu convencimento, de
modo que não há ilegalidade no indeferimento fundamentado das cópias que a
defesa pretendia, notadamente se impertinentes à apuração da verdade”.
Além
de negar o pedido, o desembargador teceu críticas ao expediente utilizado pela
defesa do ex-presidente, que impetrou um habeas corpus, comumente
utilizado para pedir a liberdade de acusados. “A impetração de habeas
corpus destina-se a corrigir eventual ilegalidade praticada no curso do
processo, sobretudo quando houver risco ao direito de ir e vir do investigado
ou réu”. O desembargador recomendou ainda que o recurso do habeas corpus não
seja banalizado.
“Embora
pareça excesso de rigor, impera a necessidade de melhor otimizar o uso do habeas
corpus, sobretudo por se tratar de processo afeto à Operação Lava-Jato, com
mais de 400 impetrações, boa parte delas discutindo matérias absolutamente
estranhas ao incidente. A par disso, a jurisprudência do tribunal tem sido
flexível em alguns casos - porque não dizer tolerante - de impetrações sem
afeição com o direito à liberdade”.
Em
nota, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, afirma que a produção de
novas provas são importantes “para deixar claro que o ex-presidente não foi
beneficiado, direta ou indiretamente, por qualquer valor proveniente da
Petrobras e tampouco recebeu a propriedade do tríplex”. Zanin também justificou
o grande número de pedidos de habeas corpus com o que ele chamou de
“sistemática violação de garantias e direitos de Lula” por parte de Sérgio
Moro.
“A
ideia de restrição do habeas corpus não é compatível com a
Constituição Federal e não pode ser aplicada pelos tribunais", completou.
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