Parlamentares
da base governista ingressaram hoje (3) com mandado de segurança no Supremo
Tribunal Federal (STF) pedindo anulação do ato do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), que aceitou o pedido de abertura de processo de impeachment da
presidenta Dilma Rousseff, anunciado ontem (2). Segundo a base governista, a
atitude de Cunha foi motivada após deputados petistas decidirem votar a favor
da continuidade de um processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara
contra Cunha.
De acordo com
o deputado Wadih Damous (PT-RJ), autor do mandado de segurança no STF, o
mandado já foi protocolado no STF, que ainda vai indicar um relator. Damous
explicou que, ao dar início ao pedido de impeachment, Cunha cometeu abuso
de poder e desvio de finalidade, por se valer do cargo para praticar atos de
motivação pessoal. “Esse mandado é para barrar o ato, anulá-lo e sustar seus
efeitos. Não é para pedir seu afastamento da presidência da Câmara dos
Deputados. Isso está sendo protocolado na PGR [Procuradoria-Geral da República]
por meio de outras representações”, disse Damous.
“No mandado
que apresentei alego abuso de poder e desvio de finalidade [por parte de
Cunha]. Ou seja, o ato foi praticado não para o atingimento de uma finalidade
pública, mas para o atingimento de uma atividade privada e de interesse
pessoal. Ele está usando o cargo primeiro para promover sua defesa no Conselho
de Ética, inclusive obstaculizando ou tentando obstaculizar a tramitação no
Conselho de Ética. E ele usa o impeachment para desviar o foco da
opinião pública, de sua condição de investigado e indiciado no STF, e de réu
numa representação no conselho da Câmara dos Deputados”, acrescentou.
Para o
deputado Paulo Teixeira (PT-SP), Cunha não tem "legitimidade" para
tirar o mandato de uma presidente eleita. "Ele quer ganhar no tapetão, mas
vamos recorrer no STF de forma a evitar que essa violação à Constituição seja
praticada. Quem está no centro do furacão é o Cunha". O deputado Zé
Geraldo (PT-PA) argumenta que o pedido apresentado por Cunha "já nasce
anêmico", porque sua origem está no Conselho de Ética. "É um ato de
vingança, mas o Congresso Nacional terá sabedoria e a democracia irá
vencer".
Segundo
Damous, as medidas judiciais não estão sendo apresentadas apenas pelo PT,
enquanto partido, mas individualmente por parlamentares da legenda e também do
PCdoB. “Ingressaremos com algumas medidas judiciais no STF para questionar o
ato do presidente da Câmara, que anunciou pedido de impeachment.
Entendemos que esse ato fere a Constituição, é abusivo e é praticado em
retaliação à uma decisão da bancada do PT, que orientou seus representantes no
Conselho de Ética para votarem a favor do prosseguimento da representação
contra Cunha. E ele, em atitude retaliatória e em claro abuso de poder e desvio
de finalidade, resolveu dar prosseguimento a um pedido de impeachment”, disse.
“Cunha
entendia que tinha de ter o apoio do PT no Conselho de Ética. Mas é óbvio que
os representantes do PT vão votar de acordo com o que há nos autos, que é mais
do que suficiente para que essa representação prossiga e seja admitida. Há
elementos contundentes de que Eduardo Cunha praticou os atos de que acusado, de
que tinha contas secretas – hoje não mais secretas – na Suíça; e dinheiro de
origem obscura e mal explicada. Além disso, ele mentiu a respeito dessas contas
na CPI da Petrobras”, acrescentou.
Para o
deputado, esses elementos são suficientes para que se dê segmento às
representações. “O PT jamais entraria em um jogo de barganha. Isso é
inadmissível. Entendo que ele não pode ficar à frente do cargo na Câmara dos
Deputados porque reiteradas vezes tem se valido do cargo para promover sua
defesa e prejudicar as investigações que há contra ele”, argumentou.
A expectativa
dos deputados petistas é que o pedido apresentado no STF seja analisado com
rapidez, uma vez que há pedido de liminar. “Como há pedido de urgência, presumo
que entre hoje e amanhã tenhamos posicionamento do ministro para o qual for
distribuída a peça”.
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