Foi
determinada a indenização de R$ 100 mil por prisões ilegais.
Procuradoria Geral do estado disse que não foi informada da decisão.
Procuradoria Geral do estado disse que não foi informada da decisão.
Mariana Perim no G1 ES
O governo do
estado do Espírito Santo foi condenado pela Justiça Federal por danos morais
coletivos à população quilombola da comunidade de São Domingos, em Conceição
da Barra, região Norte do estado, segundo o Ministério
Público Federal no Espírito Santo (MPF-ES).
De acordo com
o órgão, mais de 30 quilombolas foram presos de forma ilegal em 2007, sem mandado
ou flagrante. A Justiça determinou a indenização em R$ 100 mil. O valor deverá
ser destinado a um dos projetos voltados ao desenvolvimento de ações de
inclusão e sustentabilidade das comunidades quilombolas. A Procuradoria Geral
do Estado do Espírito Santo (PGE-ES) informou não ter sido notificada
oficialmente da decisão.
Segundo o MPF,
a atividade militar foi preparada depois da notícia de que alguns quilombolas
teriam furtado madeira de uma empresa de celulose da região. Devido à suspeita,
equipes do Batalhão de Missões Especiais (BME), da 3ª Companhia do Batalhão
Militar do Meio Ambiente (BPMA) e três grupos da 5ª Companhia Independente
foram até a comunidade.
Entre as
irregularidades, o MPF listou o fato dos quilombolas terem sido encaminhados
para a Delegacia de São Mateus e não para a de Conceição da Barra,
local de domicílio e onde supostamente teriam ocorrido os fatos. O órgão
federal ainda informou que além de serem encaminhados para a delegacia de São
Mateus, os quilombolas foram mantidos por quase um dia inteiro incomunicáveis e
foram liberados somente à noite, sem o registro de auto de prisão em flagrante
e sem assistência para retorno ao município de origem.
Danos morais
Consta na decisão da Justiça que “tal fato implicou em grave desrespeito a direitos humanos fundamentais de dezenas de indivíduos de uma mesma comunidade, que presenciou todos os acontecimentos e vivenciou, como grupo, um desrespeito que gerou claro dano moral à população quilombola da comunidade de São Domingos, configurando situação de humilhação, perseguição, tratamento como uma subcategoria de cidadãos, impondo-se a reparação por meio de indenização”.
O valor da
indenização, R$ 100 mil, deve ser destinado a um dos projetos voltados ao
desenvolvimento de ações de inclusão e sustentabilidade das comunidades
quilombolas, promovidos pela Fundação Cultural Palmares. A fiscalização da
correta destinação dos recursos ficará sob a responsabilidade do MPF.
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