(Alfonsín discursa em sua posse. Foto: Victor Hugo Bugge/Presidência argentina) |
Por Redação do site Carta Capital
Blog Dag Vulpi - Há 30 anos, em
1983, os ventos da democracia voltavam a soprar para nossoshermanos argentinos,
após sete anos de sangrenta ditadura militar. No dia 10 de dezembro daquele
ano, Raúl Alfonsín (1927-2009) tomava posse como presidente eleito. Infelizmente,
o sofrimento dos vizinhos não terminaria com a saída dos generais do poder. O
governo de Alfonsín fracassou em seu plano econômico, o Austral, que deteriorou
em hiperinflação e caos social, e o presidente acabaria renunciando ao cargo
cinco meses antes de terminar o mandato, passando a faixa ao sucessor eleito,
Carlos Menem. Foi como pular do fogo para a frigideira.
Alfonsín e seu sucessor, Menem. Foto: Victor Hugo Bugge/Presidência argentina) |
O governo
neoliberal de Menem (1989-1999) dilapidou todo o patrimônio público da
Argentina. Imagine as privatizações que fizeram no Brasil elevadas à máxima
potência e você tem um quadro parecido –aqui, nos anos 1990, o governo do PSDB
queria privatizar até a Petrobras, mas, graças à oposição liderada pelo PT, não
conseguiu. A roubalheira das privatizações na Argentina foi imensa, e, também
como no Brasil, o desemprego chegou à estratosfera. Sob a presidência de Menem,
taxa foi aos 19% e terminou em quase 15%, igualzinha à brasileira ao final do
segundo mandato de FHC. Com a venda da petroleira YPF, a maior empresa do país,
e de todas as de serviços públicos, 317 mil trabalhadores passaram do setor
estatal ao privado, mas apenas um quinto delas permaneceria no emprego.
Mortalidade
infantil, desnutrição, abandono social total: este é o resultado do
neoliberalismo na Argentina durante o governo Menem e de seus sucessores
Fernando de la Rúa e Eduardo Duhalde. O país só sairia do buraco em que a
direita o meteu com a posse de Néstor Kirchner (1950-2010), em 2003. Durante
seu governo, Kirchner impulsionou a intervenção do Estado na economia, em
contraposição à ditadura da iniciativa privada que havia se estabelecido no
país desde o menemismo. Recuperou salários e aposentadorias, congelados por 10
anos. Reativou a indústria nacional e levou adiante o processo de
desendividamento da Argentina, continuado por sua mulher, Cristina, ao chegar
ao poder em 2007.
Durante os
governos de Cristina, o salário mínimo mais que triplicou e o desemprego baixou
para os atuais 6,8%. Além disso, a presidenta argentina reestatizou a empresa
de petróleo do país, a YPF, e até as transmissões de partidas de futebol, que
hoje são veiculadas pela TV pública, despertando a ira dos donos da mídia,
principalmente o grupo Clarín. Não é à toa que no Brasil só se fala de Cristina
para criticar a Ley de Medios que ela conseguiu aprovar, desconcentrando os
meios de comunicação –como se isso fosse “perseguição” e não algo a ser
celebrado e copiado.
Se você quer
saber como a direita gostaria de governar a América Latina, veja o que
aconteceu na Argentina. Aos olhos deles, esse é o modelo ideal de país: tudo
nas mãos da iniciativa privada, sem nenhuma intervenção do Estado; o paraíso do
capitalismo selvagem. Em 2003, o cineasta Fernando “Pino” Solanas fez o
documentário Memórias do Saque, premiado com o Urso de Ouro no festival de
Berlim, onde mostra a triste história das privatizações que levaram a Argentina
à bancarrota. Assistam, vale a pena.
Precisamos saber mais e mais sobre a história da Argentina & Uruguai
ResponderExcluire & Brasil. A classe média lá é outra coisa, bandidos também. Peronismo
e suas centenas de vertentes, me ensinem . Saques e polícia são amigos do peito,
tanto lá como aqui . São parte de uma nova modalidade de guerra civil urbana.
No Chile, bastou um terremoto, na queridinha economia sem muitos
pobres da América. Ufa!
marcia mendes ·
Kirchner apoiou a privatizacao de YPF juntamente com Menem! Vale a pena pesquisar mais e fazer uma análise crítica antes de dizer que Kirchner salvou a pátria Argentina.
ResponderExcluirAna Melo
Cristina tá fazendo na Argentina como o PT no Brasil: Criando um porrada de empregos públicos como forma de diminuir o desemprego e aumentando assim o gasto público mas não tornando o Estado mais eficiente na execução dos seus serviços. Isso, com o tempo é o colapso do Estado. É um socialismo disfarçado que não passa de um Capitalismo. Isso, sem contar na liberdade de expressão que é confiscada com a coação do Estado. O Governo do PT pegou o Estado estabilizado após o desastre do Collor. Daí é fácil executar as políticas que o PT precisa para ser o "dominante" e alienar a sociedade com a falsa ilusão que a ajuda do Estado faz-se necessária pela ação pública. Mas nunca ensina, pela educação ou demais ações públicas e privadas, o povo a trabalhar. Populismo mentiroso e viciante!
ResponderExcluirThiago Zampiva