Moody’s não eleva rating do Brasil e explica os 4 motivos
País ainda tem indicadores inferiores aos
governos com nota de crédito similar
A volatilidade do crescimento econômico também pesou na decisão |
São
Paulo – A Moody’s não elevou a nota de classificação de risco
do Brasil, como parte do mercado esperava. Aproximadamente 17 meses após o aumento do rating de
Baa3 para Baa2, a agência de classificação de rating reafirmou nesta
quarta-feira a nota do país e a sua perspectiva positiva.
A
expectativa era grande porque há uma regra de se revisar a nota em no máximo 18
meses após a atribuição de uma perspectiva. E como a tendência era de alta,
isso justificava a aposta de que a nota pudesse subir um degrau na escala, para
Baa1. Mas não foi isso que aconteceu. A agência, apesar de notar melhoras no
ambiente econômico, ressaltou a permanência de alguns problemas.
“Uma
redução significativa na taxa Selic em direção a níveis de apenas um dígito
acoplada a indicações de que as condições macroeconômicas podem favorecer um
ambiente de taxas de juros mais baixas no futuro representa recentes fatores
positivos para o crédito que, na opinião da Moody’s, poderiam ter implicações
favoráveis no rating soberano do Brasil”, mostra a nota assinada por Mauro Leos
e Bart Oosterveld.
Os
analistas, contudo, ressaltaram quatro principais indicadores que ainda seguram
o país no nível atual:
1 –
Investimento
De
acordo com a agência, o índice de investimento do Brasil está muito abaixo da
média dos países na escala Baa. Enquanto o país tem um nível abaixo de 20% do
PIB (Produto Interno Bruto), os demais estão em 25%.
O
México, por exemplo, que tem a nota Baa1, almejada pelo Brasil, tem um índice
de 25%. O Peru, em Baa3, também está acima (24%). As porcentagens são uma média
entre 2007 e 2011.
2 –
Carga de juros
Apesar
da queda expressiva da Selic, que desde junho (data da última revisão do
rating) caiu de 12,5% para 7,25% ao ano, o país ainda gasta 15% das receitas do
governo. “É o dobro da mediana correspondente a emissores Baa”, explicam. O
México guarda 9,5% para tal finalidade e o Peru apenas 5,5%.
3 –
Necessidades Financeiras
A
Moody’s ressalta que o país tem uma necessidade financeira bruta da ordem de
15% do PIB, que supera a maioria dos governos classificados no extremo superior
do grupo Baa.
4 –
Volatilidade do crescimento
A
economia brasileira esfriou nos últimos anos e agora estacionou em um patamar
baixo, que está inferior ao potencial, ressaltam. “Apesar das autoridades terem
adotado algumas medidas para sustentar o crescimento, ainda resta um receio quanto
à velocidade em que o crescimento será retomado, com alguns indicadores ainda
denotando a presença de um enfraquecimento econômico relativo durante o segundo
semestre de 2012”, destacam.
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