quinta-feira, 20 de junho de 2013

Efeito eleitoral dos protestos é imprevisível, dizem analistas

19 de junho - Manifestantes protestaram e ocuparam as duas pistas da Anchieta no quilômetro 18, em São Bernardo do Campo  Foto: Rocha Lobo / Futura Press
A ausência de líderes entre os manifestantes que têm promovido uma onda de protestos no Brasil e a insatisfação que muitos expressam com os partidos políticos tradicionais tornam imprevisíveis os efeitos do movimento nas eleições presidenciais de 2014, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.

Nesse cenário, dizem, todos os políticos no poder - na Presidência ou nos Estados e municípios onde ocorrem manifestações - tendem a sofrer desgastes. Eles avaliam que é cedo, porém, para saber se eventuais lideranças que venham a emergir dos protestos ou políticos fora do poder, como a presidenciável Marina Silva, conseguirão canalizar as frustrações em seu favor na próxima votação.


Segundo o Datafolha, 84% das pessoas que foram ao protesto em São Paulo na segunda-feira não têm preferência partidária. A postura parece se aplicar também aos manifestantes nas outras cidades, onde tanto a petista Dilma Rousseff quanto congressistas, governadores e prefeitos de outros partidos (da base aliada ou oposição) têm sido hostilizados.

Mais ainda: o movimento, segundo analistas, tem no apartidarismo e na crítica ao sistema político vigente um de seus principais pilares. Alguns militantes de partidos esquerdistas foram forçados a recolher suas bandeiras nos atos, e muitos participantes têm rejeitado acenos de políticos e veículos jornalísticos simpáticos à oposição que, segundo eles, estariam tentando agregar ao movimento bandeiras contra o PT, como a punição aos réus do mensalão.

Neutralidade e elogios

À medida que os protestos ganhavam corpo pelo país, os prováveis candidatos à próxima eleição presidencial passaram a tratá-lo de forma neutra ou até elogiosa.

Dilma disse que "a grandeza das manifestações de ontem (segunda-feira) comprova a energia da nossa democracia, a força da voz da rua, o civismo da nossa população".

Para o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o movimento "é um alerta para todos os governantes de todos os níveis".

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que após os primeiros protestos em São Paulo defendeu que autoridades garantissem o direito de ir e vir dos moradores afetados, anunciou na terça-feira a redução do preço do ônibus na região metropolitana do Recife. O gesto ocorreu a dois dias de um protesto agendado na cidade.

Na quarta-feira, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também baixaram a tarifa do transporte público na capital do Estado, que voltou a R$ 3. O aumento também foi revogado no Rio.

"Os políticos são seres que se dedicam à sua sobrevivência permanente e não vão se confrontar com um movimento que leva cem mil pessoas às ruas", diz Marco Aurélio 
Terra

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