19 de junho - Manifestantes protestaram e ocuparam as duas pistas da Anchieta no quilômetro 18, em São Bernardo do Campo Foto: Rocha Lobo / Futura Press
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A ausência de
líderes entre os manifestantes que têm promovido uma onda de protestos no
Brasil e a insatisfação que muitos expressam com os partidos políticos
tradicionais tornam imprevisíveis os efeitos do movimento nas eleições
presidenciais de 2014, segundo analistas ouvidos pela BBC Brasil.
Nesse cenário,
dizem, todos os políticos no poder - na Presidência ou nos Estados e municípios
onde ocorrem manifestações - tendem a sofrer desgastes. Eles avaliam que é
cedo, porém, para saber se eventuais lideranças que venham a emergir dos
protestos ou políticos fora do poder, como a presidenciável Marina Silva,
conseguirão canalizar as frustrações em seu favor na próxima votação.
Segundo o
Datafolha, 84% das pessoas que foram ao protesto em São Paulo na segunda-feira
não têm preferência partidária. A postura parece se aplicar também aos
manifestantes nas outras cidades, onde tanto a petista Dilma Rousseff quanto
congressistas, governadores e prefeitos de outros partidos (da base aliada ou
oposição) têm sido hostilizados.
Mais ainda: o
movimento, segundo analistas, tem no apartidarismo e na crítica ao sistema
político vigente um de seus principais pilares. Alguns militantes de partidos
esquerdistas foram forçados a recolher suas bandeiras nos atos, e muitos
participantes têm rejeitado acenos de políticos e veículos jornalísticos
simpáticos à oposição que, segundo eles, estariam tentando agregar ao movimento
bandeiras contra o PT, como a punição aos réus do mensalão.
Neutralidade
e elogios
À medida que os protestos ganhavam corpo pelo país, os prováveis candidatos à próxima eleição presidencial passaram a tratá-lo de forma neutra ou até elogiosa.
Dilma disse
que "a grandeza das manifestações de ontem (segunda-feira) comprova a
energia da nossa democracia, a força da voz da rua, o civismo da nossa
população".
Para o senador
Aécio Neves (PSDB-MG), o movimento "é um alerta para todos os governantes
de todos os níveis".
O governador
de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que após os primeiros protestos em São
Paulo defendeu que autoridades garantissem o direito de ir e vir dos moradores
afetados, anunciou na terça-feira a redução do preço do ônibus na região
metropolitana do Recife. O gesto ocorreu a dois dias de um protesto agendado na
cidade.
Na
quarta-feira, o governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de
São Paulo, Fernando Haddad (PT), também baixaram a tarifa do transporte público
na capital do Estado, que voltou a R$ 3. O aumento também foi revogado no Rio.
"Os
políticos são seres que se dedicam à sua sobrevivência permanente e não vão se
confrontar com um movimento que leva cem mil pessoas às ruas", diz Marco
Aurélio
Terra
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