Agência Brasil
O
ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal
Federal (STF), deu encaminhamento a uma ordem para que a Polícia Federal (PF)
interrogue os senadores Romero Jucá (PMDB-RO) e Renan Calheiros (PMDB-AL), bem
como o ex-presidente José Sarney e o ex-presidente da Transpetro (subsidiária
da Petrobras) Sérgio Machado.
Os
quatro são alvos de inquérito no STF, aberto em fevereiro, no qual são
acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) do crime de embaraço à Lava
Jato, por tentarem barrar ou atrapalhar as investigações da operação.
Os
interrogatórios já haviam sido autorizados por Fachin em fevereiro, mas, em
despacho datado da última segunda-feira (20), o ministro enviou os autos à PF
para que dê prosseguimento à determinação.
Fachin
ordenou ainda que seja colhido, nas companhias aéreas, o registro de todas as
passagens aéreas emitidas e utilizadas por Sérgio Machado no período entre 1º
de dezembro de 2015 e 20 de maio de 2016.
Advogado
O
ministro deixou indefinido, entretanto, o cumprimento de uma terceira medida
que havia autorizado em fevereiro, a pedido da PGR: que fosse apurado no STF
todos os registros de acesso do advogado Eduardo Antônio Lucho Ferrão às
dependências da Corte, em Brasília.
Segundo
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Ferrão foi o interlocutor
incumbido por Sarney e Renan de tentar influenciar o ministro Teori Zavascki,
então relator da Lava Jato no STF, a limitar o alcance da operação.
A
indefinição ocorre devido a um pedido feito pela Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) para que Fachin reconsidere a providência. A entidade argumentou que a
diligência solicitada pela PGR viola as prerrogativas constitucionais da
advocacia.
Para
a OAB, é irrelevante para a investigação quantas visitas ou audiências foram
feitas pelo advogado no STF. “Se o fez, e
quantas vezes o fez, estava no desempenho de seu exercício profissional, cuja
lei de regência assegura seu livre ingresso e permanência em qualquer órgão
publico”, diz o texto da entidade. Sobre esse ponto, Fachin escreveu em seu
despacho que ainda irá se manifestar.
Entenda o caso
Aberto
em fevereiro, o inquérito contra os políticos e o ex-presidente da Transpetro
teve como base o acordo de delação premiada de Sérgio Machado e conversas
gravadas entre ele e os outros envolvidos.
As
gravações foram divulgadas no ano passado, após a retirada do sigilo do
conteúdo das delações de Machado. Em uma das conversas, Romero Jucá cita um
suposto "acordo nacional"
para "estancar a sangria".
O
advogado de José Sarney e Romero Jucá, Antônio Carlos de Almeida Castro, o
Kakay, classificou de “absurda” a
decisão do STF de abrir o inquérito com base em uma “gravação espúria”, mas
disse que uma vez instaurada a investigação “é absolutamente normal a oitiva dos envolvidos”.
Por
meio de nota, Renan disse que “todos os
depoimentos necessários serão prestados". Segundo o senador, informações e
dados solicitados pela Justiça serão "disponibilizados espontaneamente".
Para ele, esta etapa do processo "será importante para dirimir quaisquer
dúvidas sobre sua conduta”.
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