sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A "Traidição" do poder


Por: Rui Rodrigues

“Traidição” é um neologismo. O poder trai por tradição. Criei-o hoje, mesmo contra a opinião dos amantes do vernáculo, porque entendo que a língua portuguesa deve evoluir, porque isso independe de nossa vontade. Se olharmos os textos originais de Camões ao escrever os Lusíadas, vemos que de lá para cá, a cada século, uma versão diferente da língua. Os puristas que me perdoem, mas a língua e a humanidade evoluem independentemente de nossas particulares vontades.

Alguns anos atrás, li sobre Ramsés II, o chefe supremo Egípcio, que se dizia, e os sacerdotes atestavam, como descendente de Amon-Rá, o deus supremo dos egípcios, assim diziam também os sacerdotes. Os hititas, figadais inimigos do Egito, provenientes da península da Anatólia, onde hoje se situa a Turquia, vieram com a novidade de carros de combate puxados a cavalos e a maravilha do ferro como arma de combate. Os egípcios dominavam bem a arte da fundição do cobre, maleável, dúctil, macio, mas não do duro e terrível aço que perfurava as armaduras tradicionais. Após uma batalha contra esses mesmos hititas, ganha por Ramsés, este mandou gravar uma inscrição nas pedras de seu templo, onde consta que ele, apenas ele, porque todos os de seu exército o tinham abandonado, e com a presença de Amon-Rá, tinham derrotado os temíveis hititas. Sabemos hoje que Amon–Rá era fictício, inventado por sacerdotes, que Ramsés não podia ser descendente de deus fictício, e que a batalha foi ganha por uma coluna que se perdera do exército principal de Ramsés, e que por felicidade encontrou as forças inimigas desprevenidas porque estavam ocupadas em assaltar o que pensavam serem os despojos de um exército derrotado. Essa coluna perdida, da qual Ramsés II fazia parte, derrotou os Hititas. O povo egípcio, porém, conviveu com os temores do deus Amon-Rá, com os poderes de Ramsés, e economizou uma boa parte de suas economias, levando uma vida pouco melhor do que miserável, para poder gastar no embalsamamento, pensando que assim ganharia a vida eterna do paraíso do panteão dos seus deuses. Ramsés II era mentiroso inveterado.

Ao olharmos a história universal, assistimos a fatos como este, ou parecidos com este, em que se explora a crendice popular para se exercer o poder. Nenhum poder terreno poderia ter sobrevivido até a revolução francesa iniciada com a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, se não tivesse o apoio moral e temido das instituições religiosas. Daí para cá, com a instituição da República, o mundo começou a separar-se, de fato, em duas partes: a laica e a religiosa. Em novembro de 1789 a Bastilha foi totalmente demolida, para que se esquecesse o fato e dele não restasse pedra sobre pedra. A iniciativa popular deveria ser esquecida, e novo tipo de governo se impunha aos fatos. Napoleão estava chegando para capitalizar toda a ufania popular e, dando vazão à sua vaidade, conquistar o mundo europeu para a França.

Como sabemos, depois de brilhante carreira como oficial das forças armadas francesas, Napoleão se perdeu na península Ibérica onde foi derrotado por três vezes em três invasões, e na Rússia, de onde debandou porque os botões da farda eram feitos de estanho, que a baixas temperaturas se esfarelava, não permitindo que os soldados se agasalhassem convenientemente no rigoroso inverno russo. Sem a sua elite, Napoleão foi derrotado em Waterloo, deportado, morreu envenenado pelos papéis de parede colados em sua casa prisão na Ilha de Santa Helena: os papéis da parede continham pinturas á base de chumbo ou arsênico. Não se descarta a hipótese de uma dose adicional de chumbo e arsênico, em beberagens e chás colocados á sua disposição pelas forças inglesas que o guardavam nessa ilha cedida por Portugal, cujas frotas por ali passavam demandando a África para se abastecerem de água potável. Os cabelos exumados de Napoleão atestam os altos índices desses elementos. O povo francês viveu os horrores da guerra, viu Napoleão se fazer a si mesmo coroar como Rei da Itália, imperador, e viu a derrocada de sua investida. Assim mesmo, continuam atribuindo a esse homem nanico, vaidoso e inconsequente, o título de herói nacional. Na verdade, mais um grande perdedor na história. 

Em 1918 terminou a segunda grande guerra mundial. O Kaiser Guilherme II da Alemanha tinha sido derrotado num conflito que durou quatro anos. A paz foi assinada em Versailles, e as nações vencedoras impuseram-lhe enormes e impagáveis tributos como indenização de guerra. Com a quebra da Bolsa de N. York em outubro de 1929, o mundo entrou em crise, e a Alemanha, naturalmente, ainda mais. A situação proporcionou o clima para o aparecimento de Adolf Hitler que logo iniciaria a segunda guerra mundial, dando emprego a uma população de desempregados, que viva uma inflação em que os preços dobravam, triplicavam na duração de um dia. Em 1939, Hitler invadiu a Polônia numa operação relâmpago, a Blitzkrieg. O mundo respondeu de imediato, e em 1942, os EUA entravam na guerra para desequilibrar a balança que pendia para Hitler. Com o final da guerra, em 1945, depois do lançamento de duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasáki, no Japão, as forças do Eixo, constituídas pela Itália, a Alemanha e o Japão estavam dominadas. Os EUA progrediram, Hollywood ficou conhecida no mundo, a “Paz Americana” se espalhou pelo planeta. O mundo só começou a perceber até onde ia o “new deal” de Roosevelt, quando a corrupção do capital começou a desestabilizar governos, a corromper a moral, a institucionalizar regimes, a operar a tortura como modo de coação pró-capitalismo. O capital parecia bom para todos e para mim também. A oportunidade de ter dinheiro, progredir, ter carros luxuosos, entrar para as telas de filmes, fazer parte do mundo novo, da tecnologia.

Então, certo dia, vencido o regime comunista, porque não entenderam seus dirigentes os manifestos nem as doutrinas nem as filosofias de Friedrich Engels e Carl Marx, sobrou apenas o capital como dono absoluto de todas as filosofias, de toda a verdade da humanidade. Finalmente, o capital vencera. O mundo dos banqueiros iniciado na Flandres renascentista com as descobertas marítimas da América do Norte e do Sul, para financiar empreendimentos marítimos, agora estava dona do poder. Os Bancos mandavam por que financiavam, elegiam vereadores, deputados, vices e presidentes, prefeitos, sustentavam partidos políticos, recebiam em suas contas os lucros gordos do tráfico de drogas. A juventude, por falta de visão de futuro seguro onde pudesse sobreviver, entregava-se á falsa ilusão de que as drogas eram a alegria do momento, o relaxamento das duras dificuldades da vida, de sua existência. O tráfico começou também a eleger e a depositar seus lucros em Bancos. A moral relaxou e bandidos estão cada vez mais livres, mais públicos, constroem tudo destruindo o futuro da juventude.

Recentemente, os governos começaram a dar festas públicas pagas com dinheiros públicos, a dar bolsas família que não representam quase nada para o nada que as famílias ganham como trabalhadoras para industrias milionárias que não dividem seus lucros com eles. Os Bancos, inventando uma crise em 2008, baseados na péssima administração deficiente de cinco desses Bancos, exigiram o pagamento da dívida de ter gasto em eleições, dos membros eleitos, e os governos lhes deram os dinheiros públicos arrecadados em multas, impostos, suor e sangue da classe trabalhadora popular...

A informação, a desinformação, e a contra- informação, tal como durante a guerra fria entre comunistas devassos e capitalistas ambiciosos, corruptos e corruptores, espalha-se pela humanidade confundindo os deslumbrados e as deslumbradas a quem ainda não tocou a sombra amarga e penetrante das lâminas da fome que rasgam intestinos e causam a cizânia entre as famílias. Quando despertarem estes, juntar-se-ão aos milhões de outros que bradam aos céus a iniquidade e a ignorância.

Por esses tempos, já terei ido... partido, sumido e ninguém notará a minha falta. Deixo apenas o registro. Quem sabe alguém entende o que escrevi?

Rui Rodrigues postado originalmente neste blog em 18/08/2011

Vote, legitime-o e depois sofra as consequências!



O inesquecível Ruy Barbosa (1849/1923), entre muitas citações polêmicas, nos deixou um legado que se tornou famoso em todo o mundo, quando disse:

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto".

Como sempre, esse ilustre homem, que sempre demonstrou sua perspicácia, misturada com ironia e sarcasmo, estava coberto de razão, em todas as suas "tiradas". No meio de suas irreverências filosóficas sempre vamos encontrar uma dose profunda de bom senso, de visão ampla e de coragem no enfrentamento às inversões dos valores políticos, morais e sociais da época. Pelo que pudemos constatar, já em meados do início do século XX, a situação não estava lá muito equilibrada, no que concerne aos relacionamentos sociológicos, pois o Ruy viu-se obrigado a despejar, de forma contundente, sua opinião "apimentada" contra as injustiças, as atitudes negativas dos que mantinham o poder, o crescimento das mediocridades, a prosperidade dos corruptos, e por aí vai.

A política brasileira tem apresentado uma tendência diferenciada e aprimorada da corrupção no sentido axiológico, sobre os quais os detentores do poder vêm se aprimorando na tática de corrupção. Guiado pelo manto de legalidade, esses atores criam um ambiente propício ao que a eles fora atribuído por um sufrágio eleitoral, contaminado pelas ações anteriores que direcionaram todo um processo eletivo para um resultado anteriormente predeterminado e já conhecido.

A inércia dos cidadãos, antecipadamente organizada por ações que os levaram a este status quo, facilita de forma concreta a legitimação desse poder, impossibilitando qualquer questionamento e  fiscalização, por quem de direito deveria fiscalizar.

A política brasileira, nos últimos anos, foi preparada em todos os seus aspectos para a prática da corrupção, onde o Sistema, fazendo uso de seu poder de manipulação e convencimento através da mídia e outros meios, apresenta um paradoxo (fala política/realidade política/inércia do cidadão) que passa a exigir deste contexto, outro valor criativo, o qual urge a necessidade de inovar, produzindo um repensar do projeto político aplicado na atualidade brasileira a partir do modelo de democracia deliberativa de Habermas e dos pensamentos de George Orwell apresentados no livro 1984. Este modelo político foi perfeitamente adaptado para a nossa realidade no modo de agir desses detentores do poder.

A democracia aplicada neste modelo político, bem como o sucesso de sua ação e dos resultados políticos, não depende da vontade do povo, mas, antes, da força da propaganda midiática. Na compreensão desse modelo de democracia o que importa não é o povo, mas, o equilíbrio entre o dinheiro e o poder.

Então, se analisarmos o mundo do terceiro milênio, veremos que muita coisa mudou nesses cem anos de progresso, ou seja, muita coisa mudou pra pior, com a tendência de piorar ainda mais, dando mostras incontestes de que aquilo que esteja muito ruim não deve ser lamentado, porque existe sempre a possibilidade de ficar ainda mais lamentável, caso nada seja feito para alterar sua trajetória descendente, consistente e indecente. Hoje, as palavras do grande Ruy já estão obsoletas, pelo simples fato de haver perdido sua "acidez" suficiente para retratar a situação atual. Façamos então um trabalho de "melhora" na famosa frase, tornando-a mais compatível com a realidade contemporânea: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus”, o homem chega a combater a virtude, a cultivar a desonra, a ter aversão pela honestidade.

Churrasco de picanha maturada especial



Veja a seguir a receita da carne maturada na grelha


Por: Academia da Carne

Churrasco de Picanha maturada especial

Serve: 6 porções
Nível: Intermediário
Corte: picanha
Corte alternativo: alcatra

Ingredientes
1 peça de picanha maturada de aproximadamente 1,2 kg
Sal grosso.

Modo de preparo
Tendo em vista que a picanha tem o formato de triângulo, visualize a parte mais larga e centralize a faca no meio da peça. 

Inicie o corte até o final, na vertical, depois respeite a largura de 2 dedos e faça novamente mais um corte da vertical, resultando 2 porções de 600 g cada. 

Tempere a picanha com sal grosso 10 minutos antes de levar à grelha.

Certifique-se que o braseiro esteja bem formado, evitando labaredas. 

Coloque a peça na grelha em uma altura de 30 cm da brasa, por aproximadamente 5 minutos de cada lado. 

Em seguida, eleve a peça a 40 cm da brasa, por aproximadamente 10 minutos, para a carne ficar do ponto para malpassada. 

Sugestão de guarnição: Farofa de ovos 

Ingredientes
50 g de manteiga
6 ovos
200 g de linguiça tipo toscana desfiada
200 g de farinha de mandioca
10 g de cebolinha verde picada
Pimenta-do-reino
Sal

Modo de preparo
Derreta a manteiga em uma frigideira e frite as linguiças. 
Acrescente os ovos batidos com sal, mexa até que fiquem cozidos, tomando o cuidado para que não ressequem. 
Acrescente a farinha de mandioca e uma pitada de pimenta-do-reino.
Acerte o ponto do sal e, por último, adicione a cebolinha verde.

Receitas do chef Jeferson Finger, do restaurante Barbacoa, São Paulo (SP). 

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